A escalada capitalista do futebol, hoje com todo aparato midiático e construção publicitária certamente dariam a Pelé e Garrincha cifras milionárias. Por tudo que escreveram. Garrincha, brilhando solitário no BOTAFOGO. Pelé, sendo único e incomparável, simplificando e amplificando o futebol extraordinário de sua passagem no SANTOS. Dessa dupla genial, as convicções unânimes de farto futebol e arte. A certeza da invencibilidade que durou exatos quase 15 anos juntos de 1958 a 1973. Nunca perderam pra ninguém com a então imperturbável camisa amarela. Por essa matemática de gols e conquistas memoráveis de copas de futebol do mundo. Imbatíveis dentro de campo sem reconhecer rivalidade a à parte de uruguaios e tampouco, argentinos.
Essa combinação do drible desconcertante ao repebtusmo do chute, como essa bola fluía e flutuava em estética jogada de Pelé ou Garrincha. Essa dignidade dada à bola. Que se fazia respeitada. Por onde passaram, em quaisquer gramados do planeta, a dupla fez a farra das torcidas. Alvinegros nos clubes domésticos e mestiços da etnia negra e indígena a ferver a miscigenação que forma a população brasileira. Oriundos do chão esturricado e periférico do Brasil governado e escravizado. Depois, deuses dos estádios e grandiosas torcidas em preto e branco. Santos e Botafogo. Entre essas economias, a da indústria de ferro e outra, da meca cultural da bossa nova. Rio de Janeiro e São Paulo. Essa novidade a cada Domingo de PACAEMBU ou MARACANÃ, da filologia tupi. Essa espetacular mobilidade literária juntando negros e índios pelo design vivo dos domingos de sol e chuva.
Aqui não houve coadjuvantes. Eram os artífices da página esportiva. Garrincha e Pelé formatavam o calendário do futebol. Escreviam ao seu modo a alegria de incessante e vitorioso futebol em dança de baleia e estrela, solitárias. Eram assunto certo do futebol vencedor e as bancas de jornais abarrotadas na segunda-feira. Lucro certo dos jornaleiros.
A felicidade expunha em vitrine e manchetes dominicais o título individual e composto por um casamento de bola e arte. Para que toda a tabela e resultados oferecessem alegria em troca das pernas cafuzas e mamelucas. De Pelé e Garrincha.
#marcelodamascenoemdia
Fotos. Pelé e Garrincha.
Texto: Marcelo Damasceno