Espaço do leitor: GOVERNO DILMA E SEUS DILEMAS EM 2015

Por Ricardo Banana
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imagemAo assistir o pronunciamento da Presidente Dilma na noite deste domingo avalio que ela fez um ótimo pronunciamento, esclarecendo, sobretudo a dinâmica da economia, tanto sob o ponto de vista da conjuntura, influenciada predominantemente pelas secas no sudeste e nordeste que alteraram os preços relativos dos produtos, influenciando significativamente a inflação, quanto à dinâmica econômica estrutural, relacionada aos desdobramentos da economia global em que os grandes países a exemplo dos EUA, Japão, China e todo o bloco europeu estão mergulhados numa crise sem precedentes.

Um ponto bem abordado quando mergulhado na temática do mercado interno, foi bem exposto acerca da dificuldade na estabilização da composição dos preços relativos, onde um mercado com demanda efetiva (consumo) até bem pouco tempo aquecido, passou a ter dificuldades, inicialmente de oferta pressionando os preços e, posteriormente, impondo uma retração no consumo das famílias.

As ações postas em prática inicialmente pelo governo evidenciam a tendência de uma gradação na utilização dos instrumentos de política fiscal e monetária. O que foi posto é que a economia precisa de um ajuste fiscal em virtude de uma dinâmica cíclica onde as variáveis que proporcionam a retomada do crescimento carecem de uma redefinição dos seus usos e a dimensão de cada uma delas.

O uso de cada um dos instrumentos (remédios) econômicos utilizados tem produzidos “embates” internos no governo diante das ações e das concepções e caminhos utilizados pela equipe econômica, pelo fato de o Ministro da Fazenda Joaquim Levy ser um economista de viés ortodoxo e o governo possuir uma visão predominantemente intervencionista na economia.

Esse tema acabou sendo um elemento balizador do debate político-eleitoral em 2014 entre os candidatos Dilma e Aécio. Porque por trás de cada um existe uma visão de Estado, de sociedade e quais os instrumentos econômicos que devem ser usados em cada momento na dinâmica da atividade econômica. Infelizmente, o conjunto da sociedade não consegue absorver a profundidade desse debate, mas, ele foi fundamental para a atuação e delimitação do espectro político que predominou nas eleições presidenciais recentes.

A economia em termos dos seus instrumentos de gestão macroeconômica vive basicamente um embate entre duas principais escolas: keynesiana e ortodoxa. Lógico, cada uma delas com suas variantes. Recentemente, me perguntaram outro dia qual a diferença na atuação das equipes econômicas que estavam em disputa na eleição e eu dizia que no momento atual seria, predominantemente, a DOSE do remédio econômico e dos instrumentos de política fiscal e monetária a serem utilizados.

A dosagem “se for pequena não resolve e ser for excessiva pode levar o paciente a morte”, no caso baixo crescimento econômico, concentração de renda, desemprego etc. A receita clássica é monitorar as principais variáveis econômicas a exemplo de: poupança, taxa de juros, taxa de câmbio, consumo das famílias, inflação, balança comercial, conta de transações correntes (entrada de capital no país, sobretudo investimento externo direto e capital especulativo) etc. Enfim, o sucesso estará no monitoramento dessas principais variáveis, algo que o Banco Central e o Ministério da Fazenda já demonstraram nos anos recentes a capacidade de gestão e controle.

Assim, além disso, é apenas “jogar pra plateia” ou buscar impor ao país “um grande salto para o caos”. O tratamento de um tema tão espinhoso em momento tão acalorado exige a prudência e ao mesmo tempo saber que os argumentos e teses aqui expostas não serão jamais unanimidade.

Geraldo F. S. Junior

Economista

 

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