Vai longe o tempo em que durante as festividades de Momo Juazeiro era uma festa só. Durante uma noite e quatro dias a cidades era pura efervescência; Mascarados colombinas, palhaços, piratas, marujos, havaianas e outras fantasias que enchia as nossas ruas de alegria e sonhos, embalados, também, por figuras carimbadas do nosso desfile momesco, era o Mato Grosso o homem do pinico, Hilton Bolão e Gilberto Bandeira enchendo de musicas as ruas com seus saxofones, Joãozinho da Jurema, bailarina travessa colorindo de afeto o nosso carnaval e os anônimos foliões que brindavam a festa com as mais diversas e originais fantasias, enquanto os jipes, sem capota, acionavam suas buzinas de grito agudo e estridente e das suas carrocerias foliões atiravam nos passante confetes, serpentinas e talco, de outros as seringas lançavam jatos d’água ou lança perfume Rodouro e a partir do domingo o rio emprestava a ilha do Cauntry para as memoráveis manhãs de sol e Juazeiro se esbaldava de alegria e amor. Eram as manhãs de carnaval juazeirense.
A tarde era o desfile das batucadas e Juazeiro se vestia do batuque mais Genoino e ribeirinho da alegria de Momo. As batucadas Voz do São Francisco, Piratas Rei do Samba, Cacumbú, Império do Castelo Branco, Imperatriz Juazeirense, Tem Nêgo Bêbo Aí, Pirados do Alto, avoz do Morro e outras agremiações que com seus carros alegóricos em cantavam e faziam pulsar o mais quieto coração, os carros alegóricos traduziam encanto e uma atmosfera mágica onde o brilho e a riqueza dos adereços faziam a diferença nos carnavais de ouro de Juazeiro, completando a alegoria lindas meninas carregavam, num misto de amor e samba, os estandartes das suas batucadas e do alto dos carros alegóricos se destacavam um monumental desfile de formidáveis foliões a exemplo do grande bailarino, ator e coreogáfo Geraldo Pontes, Hugo Hanarvato, figurinista e mestres dos adereços e fantasias e o inigualável ator e, diretor de teatro e também figurinista Hertz Felix sempre traduzindo temas e motivos de alegria e festa. Na frente da Cacumbú se destacava a figura do Nêgo DEDÊ, uma baiana pra ninguém botar defeito e o nosso povo vibrava, sambava e , as vezes chorava de alegria, não aguentando a emoção de ver gente como a gente fazendo a maior festa do interior do Briasil.
Depois era a vez dos blocos, Pacíficos da Vila, Tombantes, Se cair Fica, Inseparáveis, Turma do Bêco da Porrada, entre outros e o inigualável INOFENSIVOS, que desfilava com músicas da autoria de compositores do bloco onde se destacavam grandes nomes da cultura como Neto e Mundinho, João Sereno, Joseval(Bau), Toquinho, Glorinha, Zé Orlando, Dena, Hipólito, Marileide, Ozir, Damião, Magalães, Madalena, Mequinha, Marizete e tantos outros participantes que emprestavam um colorido todo especial ao carnaval de Juazeiro e, em seguida, surgia o trio de Edésio e Urbano arrastando multidões por vários bairros da cidade até começarem as festas nos grandes clubes; Artífices que também tinha suas manhãs de sol, A Deusa Apolo, 28 de Setembro, Caçadores,Clube dos Sargentos e clube do Alagadiço. Nesses clubes tocavam principalmente os artistas da terra e quando vinha alguma banda de fora era de um município vizinho, Amado e seus Cheques Mate, Bispão e seus Militantes e quando muito a orquestra Super Hoara.
O carnaval de Juazeiro era feito para o povo, o que hoje chamam de pipoca, e era esse povo que emprestava tanta alegria e emoção aos corações juazeirenses que fizeram, por muitos anos do carnaval de Juazeiro, o quinto melhor carnaval do Brasil.
O povo Criava a sua fantasia, toda hora durante os cinco dias de folia havia festa na rua, o comércio vendia muito mais, nessa ocasião e Juazeiro se transformava no reinado de Momo, tudo na mais perfeita paz.
Dizer desses carnavais, por vezes me trava a garganta e meus olhos teimam e derramar algumas gotas de água e sal mais, ainda sobra uma nesga de esperança quando alguns homens se vestem de coragem e tentam devolver ao povo a alegria que sempre foi sua; sem cordas, sem abadás caríssimos, sem comando e finalmente sem dono.
No primeiro momento eu sei que, principalmente o jovem, que não teve a oportunidade de viver os grandes carnavais de Juazeiro, poderá estranhar, mas, tão logo ele perceba que por essas ruas sambaram nossos ancestrais(Como diz Chico Buarque), esses jovens abraçarão esse velho novo jeito de fazer a verdadeira alegria com rainha e rei do carnaval.
Não tenho nada contra os blocos de trio, acho até bonito, porém tava na hora de devolver ao povo o que sempre foi seu a alegria e a liberdade de fazer o seu próprio carnaval.
Por Lucien Paulo
Blog do Banana
