Espera por transplante de córnea é inferior a 30 dias em Petrolina, PE

Por Ricardo Banana
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Pernambuco foi reconhecido como um dos estados brasileiros com status de ‘Córnea Zero’. Isso significa que as pessoas que necessitam de uma nova córnea aguardam menos que 30 dias na fila por um transplante. Em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, existem nove inscritos na fila estadual para fazer a cirurgia. O transplante já é realizado na cidade e a expectativa é que o município reabra o Banco de Olhos.
O motorista Erickson Gustavo Silva, de 24 anos, mora em Salgueiro e teve uma doença chamada Ceratocone nos dois olhos. Ele chegou a ficar sem enxergar por seis meses até fazer o transplante de córnea em Petrolina.

“No começo eu não sabia o que era. De um ano para cá a visão começou incomodar. Um médico de Salgueiro diagnosticou o problema, Ceratocone nos dois olhos e fui encaminhado para Petrolina. Cheguei em Petrolina em setembro de 2016, dei entrada nos papéis e em e dezembro fiz a cirurgia do olho esquerdo e em junho a do olho direito”, conta.
Apesar de jovem, o motorista afirma que o médico que o atendeu disse que o problema dele pode ter sido decorrente de uma alergia ou da asma. “Sou asmático, e por isso, o médico me disse que vai oxigênio direito para alguns órgãos, e desde criança que o meu olho coça muito também”, relembra.

Cheguei a ficar sem enxergar nada por cinco meses, até eu conseguir o transplante

A oftalmologista e especialista em córnea e doenças externas, Mônica Hilarião, explica que a procura por transplantes é alta em Petrolina. “Tem muitas pessoas que precisam de transplante devido a um problema de úlcera de córnea por fungo em Petrolina. Isso acontece por conta da atividade da agricultura”. O fungo que provoca a úlcera de córnea está muito presente nos vegetais e é adquirido com o contato com as folhagens. A úlcera pode ser tratada com transplante ou colírios.

Outros casos também necessitam de transplante de córnea. ”Necessitam de transplante pacientes com córnea descompensada após a cirurgia de catarata e Ceratocone que é uma anormalidade no formato da córnea que impede que o paciente enxergue bem com óculos”, esclarece.

‘Córnea Zero’

A coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes, explica que Pernambuco foi reconhecido como estado com ‘Córnea Zero’ desde o mês junho, mas isso não significa não ter paciente em fila, mas que o tempo de espera é inferior a 30 dias. “Para isso, manter esse status, a gente precisa manter o ritmo das doações, precisa continuar divulgando e manter o trabalho das equipes de busca e dos bancos de olhos”, afirma.

Este é um grande privilégio, o tempo de espera já chegou a cinco anos

As córneas chegam em Petrolina de avião, através de duas empresas aéreas que transportam os tecidos de forma gratuita. O Instituto de Olhos do Vale do São Francisco é o único estabelecimento com autorização para realizar o transplante que é totalmente gratuito, feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As córneas podem ficar armazenadas até 14 dias a espera de um transplante.
Qualquer pessoa avaliada por um oftalmologista clínico pode enviar os exames necessários para o Instituto de Olhos do Vale do São Francisco e solicitar a inscrição na fila estadual do transplante. “Temos uma média de 80 transplantes por mês em Pernambuco. São feitas de 50 a 60 doações de córneas por mês. Então, ficamos com100 globos oculares e que ainda passam por uma avaliação. Qualquer pessoa que tenha parada respiratória é um potencial doador, de 5 a 75 anos. Não existe compatibilidade por idade, peso e de sangue. Apenas as córneas de pessoas com HIV e HTLV não podem ser doadas”, esclarece Noemy Gomes.

Seja um doador

Para quem pretende ser um doador de órgãos é preciso deixar essa informação clara para família. Segundo a Central de Transplantes de Pernambuco, o carimbo na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou na identidade não tem valor legal . “Tem que informar a família ao tomar a decisão. É importante que a pessoa tire todas as suas dúvidas, porque ainda existe muito mito em torno da doação. A probabilidade de precisar de um transplante é seis vezes maior do que de se tornar um doador”, ressalta Noemy (G1)

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