Está com Covid-19? Veja qual tempo de transmissão e permanência do vírus no corpo do paciente

Por Ricardo Banana
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Opiniões de infectologistas divergem sobre o assunto

Os casos de Covid-19 seguem em tendência de alta, em Pernambuco. De acordo com números da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), o Estado chegou à sétima semana consecutiva de aumento de casos. Foram 2.404 diagnósticos da doença na semana epidemiológica 50 do ano, período que compreende de 10 a 16 de dezembro. Em relação à semana 49 (de 3 a 9 de dezembro), o aumento foi de mais de 60%.

Mesmo quatro anos após o surgimento da pandemia que matou milhões de pessoas ao redor do mundo, a população ainda tem dúvidas sobre os conceitos da doença, que pode acometer os pacientes desde o estágio leve ao gravíssimo.

Para falar sobre os quesitos que envolvem a doença respiratória, a reportagem da Folha de Pernambuco consultou especialistas no assunto que lidam com o coronavírus desde o começo da pandemia. Eles respondem perguntas sobre tempo de transmissão, qual a permanência do vírus no corpo do paciente e outras dúvidas ligadas ao assunto. Algumas opiniões divergem sobre o tema.

Foram entrevistados os infectologistas Filipe Prohaska, que é chefe da triagem de doenças infecciosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), e Demetrius Montenegro, que atua na mesma unidade hospitalar e no Real Hospital Português.

Os sintomas da Covid-19 continuam os mesmos: congestão nasalperda de olfato ou paladar secreção. As complicações virais são a pneumonia e a sinusite.

O período de incubação do coronavírus (intervalo entre a data de contato com o coronavírus até o início dos sintomas) é de quatro a sete dias, após a infecção, e a transmissibilidade dele é variável, indo de acordo com o estado disseminológico que o paciente tem.

Quanto tempo o vírus fica no corpo?
Se o paciente for assintomático, pode ficar com o vírus no corpo de cinco a sete dias, segundo Prohaska. Se tiver sintomas leves, o tempo de transmissão será de dez dias. Já os imunossuprimidos podem transmitir a covid por até 20 dias.

“Pelo fato de o paciente ser portador do vírus e não apresentar sintomas, não quer dizer, necessariamente, que ele não possa transmitir. A chance de transmitir é menor, porque a carga viral também vai ser menor. Aquelas pessoas que apresentam poucos sintomas têm baixa carga do vírus. Isso significa dizer que a transmissibilidade tende a ser menor. É preciso saber qual é o perfil de paciente e o estado imunológico que ele se insere para poder saber exatamente quanto tempo vai ser da transmissão viral”, explicou.

Demetrius Montenegro explica que, de fato, existe um tempo de transmissão base para os diversos casos de infecção da doença. Ainda segundo ele, podem restar fragmentos do vírus no organismo do paciente.

“Com um quadro mais grave que precisa de oxigênio e entubação, a gente considera o risco de transmissão em até 14 dias. Numa pessoa imunossuprimida, esse vírus pode ser transmissível em até 20 dias. O tempo de isolamento vai depender muito da situação do paciente. Nos imunossuprimidos, o vírus pode entrar em latência, que é quando ele fica escondido, e pode reativar. Este é um caso um pouco mais raro, não é comum. A pessoa pode positivar num exame e não estar contaminada. Pode ser somente fragmento do vírus no organismo que não tem potencial de contaminação a outras pessoas”, diz.

Testagem e isolamento
Felipe Prohaska afirma que não existe uma limitação de testagens para covid-19 por parte dos planos de saúde. Ele defende que o paciente sintomático precisa fazer quantos exames forem necessários, independentemente do momento e diz que não há mais necessidade de fazer os exames de coleta de material para detectar, se o vírus foi controlado no paciente.

Para Prohaska, o isolamento social pode não ser mais necessário, a depender dos sintomas que a pessoa vier a apresentar.

“Hoje, esses pacientes que não apresentam sintomas, eles não necessariamente precisam de isolamento social. Algumas situações, como pacientes de alto risco que têm convívio com eles, a gente sugere evitar contato, de cinco a sete dias, porque são pessoas que podem desenvolver formas graves da doença. Quanto os demais, a Anvisa [Agência de Vigilância Sanitária] estabelece dez dias para os sintomáticos, 20 dias para os que são sintomáticos e imunossuprimidos”, disse.

Demetrius também acredita que o isolamento depende do caso do paciente. Porém, se não houver sintomas no quinto dia e o exame negativar, a pessoa pode voltar às atividades normais. Como os planos de saúde, segundo ele, apresentam dificuldades em relação aos exames, existe um tempo que pode ser considerado suficiente para que o paciente fique recluso.

“Normalmente, com sete dias, a pessoa não precisa nem testar, após esse tempo já pode sair do isolamento. É diferente de quem precisa internar e, por uma questão de gravidade maior, precisa ficar até o 10º ou 14º dia, dependendo se precisa ou não de oxigênio. Se for uma pessoa imunossuprimida, pode ficar até o 20º dia”, acrescentou o especialista.

Cuidados no pós-isolamento
Depois de curado da doença, o paciente precisa tomar cuidados para eliminar o convívio com o vírus. De acordo com Prohaska, é indicado que ele tome cuidados, como lavagem e higienização do ambiente em que ficou isolado, pois o vírus ainda pode estar presente no local.

Montenegro também concorda com a afirmação, principalmente se a pessoa divide o quarto com alguém. É preciso ter maior cuidado para não infectar a outra pessoa.

“Se saiu do isolamento, troca toda a roupa de cama, passa um pano com detergente, limpe os móveis e pronto, está resolvido.  Não precisa nada de mais específico do que uma faxina convencional com limpeza dos móveis e do piso”, destaca.

Volta ao trabalho
Para quem trabalha, o doutor Prohaska explica que não existe a necessidade de apresentar atestado médico para retorno às atividades laborais, após a cura. Segundo ele, é preciso respeitar, rigorosamente, o tempo de isolamento social proposto à pessoa.

O infectologista Demetrius diz que o atestado, em si, já tem a validade de sete dias, mas podem existir mais cuidados por parte das empresas.

“Pode ser que algumas empresas exijam esse atestado, mas isso vai depender muito da política de cada firma”, concluiu.

O Ministério da Saúde recomenda indica que a principal medida de prevenção contra formas graves da covid-19 é a vacina. A campanha de vacinação foi iniciada em janeiro de 2021. A depender do cenário epidemiológico dos Estados ou municípios, as autoridades locais devem definir se é necessário a recomendação de medidas coletivas, tais como distanciamento físico e uso de máscaras.

Aliada à estratégia de vacinação, as medidas não farmacológicas constituem outras formas de prevenção e controle da Covid-19, como: distanciamento físico, etiqueta respiratória, higienização das mãos, uso de máscaras, limpeza e desinfeção de ambientes, isolamento de casos suspeitos e confirmados.

O que é etiqueta respiratória?

  • Cobrir nariz e boca com lenço de papel ou com o antebraço, e nunca com as mãos, ao tossir ou espirrar;
  • Descartar adequadamente o lenço utilizado;
  • Evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não higienizadas. Se tocar, sempre higienize as mãos;
  • Mmanter uma distância mínima de cerca de um metro de qualquer pessoa tossindo ou espirrando;
  • Evitar contato físico com pessoas com sintomas gripais, independente do uso de máscara;
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal sem higienização adequada.

Com informações: Folha PE

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