Ex-comandante pode ser processado por ter dado a ordem de reprimir com bombas e tiros manifestação

Por Ricardo Banana
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A ordem para a dispersão da manifestação contra o presidente Bolsonaro, no último dia 29 de maio, foi feita pelo ex comandante da Polícia Militar de Pernambuco, Vanildo Maranhão. É o que aponta documento interno da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco que foi destinado ao subcomandante do Batalhão de Choque, major Valdênio Corrêa Gondim Silva, que o Blog teve acesso.

De acordo com o que foi descrito no documento, a Ordem do Comando da Polícia Militar era que houvesse a dispersão ainda na Praça do Derby, mas como parte do grupo ja havia saído, a orientação seria que a polícia de descolasse para a Praça do Diário.

“Por volta das 11h30, o capitão PM Máximo (oficial de supervisão) chegou ao local e incorporou na
Tropa de Choque. Neste momento, recebi uma ligação do major Feitosa, coordenador do Copom,
me informando que a determinação do comandante geral da PMPE era para que: se os
manifestantes avançassem em direção à Praça do Diário, era para a Tropa de Choque realizar a
dispersão via CDC, usando os meios dispostos.” diz um dos trechos do documento.

O polícia que enviou o documento afirma que os manifestantes foram “hostis” com os PMS que estavam no local, inclusive com o arremesso de pedras e xingamentos de “fascistas” e palavras de baixo calão.

“Diante disto, como já havia a ordem de dispersão por parte do comando geral da PMPE e a Tropa
de Choque já estava hostilizada e sofrendo agressões injustificadas, iniciou-se o processo de
dispersão (…) com utilização dos materiais de menor potencial ofensivo e com técnicas e táticas de
controle de distúrbios civis (CDC)”, relata a comunicação interna.

O Comandante geral da PM não estava no Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR), no sábado passado, acompanhando as câmeras da cidade em tempo real. Mas estavam lá o então secretário de Defesa Social de Pernambuco, Antônio de Pádua, e o agora titular da pasta, Humberto Freire. Além deles,
diretores da PMPE.

Como não tem mais direito a foro privilegiado, o coronel que foi demitido pelo Governador Paulo Câmara (PSB) no último dia 01 de junho vai responder o processo na Vara da Justiça Militar Estadual.

O ex comandante tem duas alternativas. Fazer seu depoimento como testemunha ou como acusado. Se optar pela segunda alternativa o caldo vai entornar de vez, pois isso significa que ele pode envolver de quem teria recebido a ordem, que no caso, é claro, teria sido de um superior.

E só existem duas pessoas acima dele. O ex secretário da SDS, Antônio de Pádua, ou o próprio governador Paulo Câmara (PSB). O fato é que com essa nova revelação o problema só faz aumentar o desgaste do governo do Estado.

Vejam o documento:

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