Ex-diretor da Delta e vereador de GO são presos por elo com Cachoeira

Por Ricardo Banana
A+A-
Reset

O ex-diretor da Delta Construção Cláudio Abreu, que foi afastado de seu cargo após revelação de ligação com o bicheiro Carlos Cachoeira, foi preso na manhã desta quarta-feira (25) durante a Operação Saint-Michel, segundo o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT).

A operação, realizada em parceria entre MP e Polícia Civil do DF, é desdobramento da Operação Monte Carlo, na qual Cachoeira foi preso e acusado de exploração de jogo ilegal. Conforme o Ministério Público do DF, os “fatos criminosos” investigados na Operação Saint-Michel foram encaminhados pelo Ministério Público Federal “em razão de os crimes investigados serem da competência local”.

O delegado da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) da Polícia Civil Henry Lopes disse ao G1 que, até 10h50, haviam sido cumpridos oito mandados de prisão – três em Brasília, quatro em Goiás e um em São Paulo. O MP de Goiás confirmou que quatro pessoas foram presas, três em Goiânia e uma em Anápolis.

Gravações telefônicas feitas pela PF durante a Operação Monte Carlo revelaram o envolvimento de parlamentares, políticos e empresários com o grupo de Cachoeira. Nesta terça, uma Comissão Parlamentar de Inquérito mista de deputados e senadores foi aberta no Congresso Nacional para investigar o tema.

Entre as suspeitas está a de favorecimento à Delta Construções, empreiteira que mantém diversos contratos com o governo federal. Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta, aparece em diversas gravações com Cachoeira discutindo contratos e benefícios ao grupo do contraventor. Relatório da PF revela que Cachoeira passava informações sigilosas de licitações públicas para Claudio Abreu

Em nota divulgada após o surgimento de gravações entre Cachoeira e Cláudio Abreu, a Delta informou que afastou o diretor e que abriu auditoria. O G1 procurou a Delta, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem

Influência no DF

Claudio Abreu cuidava dos interesses da Delta no Centro-Oeste. No Distrito Federal, a empresa tem contratos de R$ 470 milhões com o governo do DF. Gravações da PF mostram que o diretor atuava para indicar pessoas em cargos da administração que pudessem facilitar os negócios da empresa.

Em uma das gravações, Abreu e o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, ligado a Cachoeira e também preso na Operação Monte Carlo, discutem a nomeação de um diretor para o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) do DF.

A gravação custou o cargo ao chefe de gabinete de Agnelo, Claudio Monteiro, apontado de receber propina para faze a nomeação. Monteiro nega que tenha feito a nomeação e o recebimento de propina. Ao deixar o cargo, afirmou que processaria Claudio Abreu, Dadá e a PF.

Em abril do ano passado, Claudio Abreu se reuniu com dois secretários do Distrito Federal em um restaurante de Brasília para tratar de problemas relacionados com a coleta de lixo no DF. Participaram da reunião o então secretário da Casa Civil, Paulo Tadeu, hoje na Secretaria de Governo, e o da Saúde, Rafael Barbosa, um dos assessores mais próximos do governador Agnelo Queiroz. Barbosa e Tadeu negam irregularidades ou que tenham atendido a qualquer pedido de Abreu.

Ao explicar a reunião entre o diretor da Delta e os secretários, o porta-voz do GDF, Ugo Braga,m disse que foram tratados “assuntos republicanos” no encontro. “A Delta estava enfrentando dificuldades no trabalho de coleta de lixo, sobretudo no acesso ao Lixão e no recebimento das faturas. Então, pediu uma audiência com o secretário [Paulo Tadeu, então na Casa Civil]. [A reunião] Foi feita. Assuntos afins, republicanos, sem nenhum problema [foram tratados]”, disse.

Operação

A Polícia do DF cumpriu nesta quarta-feira (25) mandados de prisão e de busca e apreensão nas cidades de Brasília, São Paulo, Anápolis e Goiânia. Os mandados foram autorizados pela 5ª Vara Criminal de Brasília.

Entre os presos está o vereador de Anápolis Wesley Silva, do PMDB. Segundo a assessoria de imprensa da Câmara de Anápolis (GO), a Polícia Civil chegou por volta das 7h para cumprir o mandado e o vereador foi transferido para Brasília. O gabinete do vereador disse que não comentaria a operação.

Um dos mandados foi cumprido em um anexo do Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal. Segundo a assessoria do governo, foi cumprido um mandado de apreensão de documentos relacionado a um servidor exonerado em 2010. Também foram cumpridos mandados no DFTrans (Transporte Urbano do Distrito Federal).

Fonte: G1

Blog do Banana

 

Related Posts

Deixe um comentário