Para o filósofo e especialista em educação Mario Sergio Cortella, falta incentivo das famílias para que os jovens estudem e trabalhem.
Em palestra no 2° Fórum ESPM de Educação, realizado na quarta-feira (16), Cortella defendeu que é preciso reverter essa situação o quanto antes, para que o mundo não tenha jovens cada vez mais ansiosos e, ao mesmo tempo, acomodados.
— É preciso ter coragem dos pais para peitar o filho. Não adianta dizer “ah, mas se eu não fizer, ele fica bravo”. Não significa bater nele, mas sim criar instrumentos que permitam que a família possa cobrar mais em casa, inclusive em atividades básicas como lavar a louça e arrumar a cama. Os jovens, principalmente os da classe média, são poupados de tudo isso e reagem com indiferença. Alguém tem que agir para tirar eles do marasmo. Afinal, Trabalhar não traumatiza ninguém. O que pode traumatizar uma pessoa é ser vagabundo.
Para o filósofo, que também já foi secretário de educação em São Paulo, o jovem de hoje busca informações cada vez mais rápidas e, consequentemente, deixa de pensar e absorver as experiências.
— O jovem tem uma vida “miojo”. Na escola, ele acha que pesquisar na internet resolve o trabalho. Na faculdade, encontra cursos de formação que lhe dão um diploma em dois anos. E muitos pais acham que isso é valido e cometem um erro.
Para ele, a chave para resolver essa situação está na família.
— Os pais não podem dizer que não querem nem saber dos filhos. Esse é o papel deles, inclusive do ponto de vista jurídico. Não é a família que ajuda a escola na educação. A responsabilidade pela educação dos jovens é da família, o Estado atua como subsidiário nesse processo, voltado para a escolarização.
Mas como fazer essa cobrança se os jovens vivem em seu mundo fechado? Cortella defende que o exemplo é a melhor maneira de incentivá-los a buscar algo melhor para a vida.
— Se você compra uma calça jeans que custa o preço de uma televisão, você está ensinando alguma coisa para seu filho. Os pais precisam entender que não se soterra a culpa pela falta de tempo livre com bens materiais, porque eles levam o jovem a ver tudo isso com indiferença.
Além dos bons exemplos, o filósofo acredita que a cobrança também é importante que o jovem se torne um adulto responsável.
— Essa geração não nasceu pronta. Nós s criamos com nossos exemplos. Uma vez vi um pai brigando com o menino que queria trocar o carrinho de compras por outro igual ao que ele já estava usando. O pai, em vez de contestá-lo, fez o que o filho queria. Agora ele pergunta o que fazer com o filho que é rebelde, mas foi ele quem deu o exemplo. Essas crianças vão acabar fazendo as famílias de reféns quando estiverem maiores.
Cortella defende que o pulso firme na criação dos filhos, que nada tem a ver com bater ou castigar, ajuda a fazer com que a escola seja levada a sério.
— A ideia de pressionar não significa sufocar. Mas sim incentivar para que o jovem não fique no marasmo, porque isso faz um mal imenso. Ele tem que ser incentivado o tempo todo e precisa aprender a usar a ansiedade ao seu favor. A insatisfação, típica do jovem, cria medo e faz as pessoas paralisarem se não tiver ação. Se o jovem tem o incentivo para ir além, ele faz dessa crise um meio de subir na vida.
Fonte: R7.com
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