Apesar de a segurança da Esplanada dos Ministérios ser uma responsabilidade do Governo do Distrito Federal, a oposição pressiona pela convocação do diretor substituto da Força Nacional e do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), na CPMI do 8 de janeiro
Em uma recente divulgação, um relatório de inteligência produzido pela Força Nacional de Segurança Pública, datado de 5 de janeiro, trouxe as preocupações sobre a possibilidade de ocorrerem atos violentos em Brasília. O alerta mencionava que tais atos estariam relacionados à insatisfação de CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) com o resultado das eleições. Contudo, a Força Nacional alegou que o documento estava ocultado, permitindo que a depredação ocorresse.
Este relatório da Força Nacional de Segurança Pública representa um dos poucos documentos de inteligência que alertaram para o risco de ataques em 8 de janeiro, visto que a própria Agência Brasileira de Inteligência (Abin) reconheceu ter enviado apenas “alertas” de inteligência via WhatsApp.
O relatório indicou que havia evidências de preparativos em andamento para um atentado contra as instituições no dia 8 de janeiro. Esses preparativos incluíam o potencial uso de armas de fogo e explosivos artesanais. Além disso, a análise sugeriu a existência de uma “associação extremista criminosa com motivações político-ideológicas” por trás desses planos.
Um aspecto destacado no documento foi a identificação de uma série de mensagens trocadas em um grupo de WhatsApp intitulado “Rifas tiro e pesca,” que contava com 237 membros. O relatório concluiu que “Alguns membros mais exaltados podem vir a concretizar o que planejam e manifestam em suas postagens.”
O relatório apontou:
No grupo em discussão, percebemos vários diálogos onde integrantes instigam os demais a participarem de um ato que ocorrerá em Brasília no próximo dia 08 de janeiro do corrente ano, não de forma pacífica, mas com o uso de violência mediante a utilização de armas de fogo, bem como explosivos artesanais.”
O descontentamento dos participantes da conversa, a maioria dos quais eram CACs, estava relacionado às medidas anunciadas pelo governo de Lula para endurecer o acesso a armas – o esperado, já que o grupo seria prejudicado.
O relatório destacou: “Por esse motivo, alguns membros supostamente fizeram postagens que mencionam fazer a fabricação e uso de explosivos em manifestações que estão sendo planejadas, segundo os mesmos, para acontecer em Brasília.”
Embora a existência do relatório da Força Nacional de Segurança Pública seja conhecida desde janeiro, diferentes autoridades afirmaram desconhecer seu conteúdo. A CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal tentou obter uma cópia do relatório no início das investigações, mas sem sucesso. Em maio, a solicitação da Folha via Lei de Acesso à Informação também foi negada, com a Força Nacional alegando que o documento estava sob sigilo.
Além do relatório da Força Nacional, há registro de um relatório produzido pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal dois dias antes dos eventos em questão. O conteúdo desse relatório foi revelado por jornais em 14 de janeiro.
Em um memorando datado de 25 de janeiro, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal também declarou ter recebido o documento da Força Nacional diretamente do Ministério da Justiça. De acordo com a secretaria, esse foi o único relatório de inteligência anterior ao dia 8.
Apesar de a segurança da Esplanada dos Ministérios ser uma responsabilidade do Governo do Distrito Federal, a oposição pressiona pela convocação do diretor substituto da Força Nacional e do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), na CPMI do 8 de janeiro.