Algumas vezes a notícia de uma gravidez pega as pessoas de surpresa. Ou pela gestação não ter sido planejada, ou por não estar esperando, entre muitos outros motivos. Mas, desta vez o que assustou Riqueline de Brito Macêdo, de 33 anos, natural de Dormentes, não foi a confirmação da gestação não. Foi o número de embriões gestados: 4 (quatro). Isso mesmo, daqui há algumas semanas ela será mãe de mais três meninas e um menino.
Mas, vamos começar essa história do começo. Lá em 2007, Riqueline engravidou pela primeira vez de gêmeos. Na época ela se mudou com o esposo para São Paulo e foi acompanhada lá. Infelizmente ela não conseguiu levar a gestação muito adiante e teve os bebês prematuros com 7 meses. Um dos fetos faleceu ainda na barriga e o outro só viveu seis minutos.
Em 2008 outra gestão também sem sucesso. Ela sofreu um aborto espontâneo com apenas 5 semanas. Em 2010 foi que nasceu a primeira filha Maria Clara, hoje com 9 anos (completados em 18 de março), e em 2015 nasceu Maria Luiza. Na tentativa de vir um menino, Riqueline resolveu arriscar o terceiro filho. Então, em fevereiro de 2017 parou de tomar o anticontepcional. Ela conta que não foi tão fácil engravidar. “Tinha horas que a gente queria, depois resolvia esperar mais um pouco, até que veio a notícia”.
E que notícia. Ainda sem cair a ficha ela conta que o médico pediu um exame Beta-hCG quantitativo e percebeu que os valores estavam muito altos. Então, suspeitou de uma gestação já avançada. Mas, ciente da regularidade do seu ciclo menstrual ela resolveu fazer logo uma ultrassom transvaginal.
“Na hora o médico perguntou se eu tinha feito algum tratamento ou inseminação. Aí pensei logo que eram dois, pois já tinha tido uma gravidez de gêmeos e tem muitos casos de gêmeos na família. Mas, para o meu espanto ele disse que o ultrassom estava mostrando quatro sacos gestacionais e três embriões. O quarto só foi confirmado mesmo depois, em um segundo exame”, relata.
“Nem sei descrever minha reação. Acho que eu fiquei em pânico”, revela. Para contar para o marido ela diz que faltou até a fala: “Fiz o número 4 com os dedos porque a voz não saia”. “Quando eu cheguei em casa ele perguntou se o exame tinha confirmado mesmo a gravidez. Eu disse que ele tinha que perguntar era de quantos”, disse sorrindo.
Desde que descobriu a gestação de quadrigêmos, Riqueline vem sendo acompanhada pelo Alto Risco do Hospital Dom Malan/IMIP de Petrolina. “Fiz pré-natal de alto risco aqui e no dia 16 de janeiro, durante o exame de doppler fetal Dr. Marcelo descobriu que eu estava com um afunilamento no útero, que corria o risco de abrir por conta do peso dos bebês. Daí já fiquei internada para tomar antibiótico e colocar o pessário”, explica.
“Riqueline não pôde fazer a cerclagem [que consiste em dar pontos no colo do útero] devido à quantidade de semanas que ela já tinha. Então, optamos pelo pessário, aliado ao uso da progesterona [anel de silicone colocado no colo do útero para prevenção do parto prematuro]. Essa opção da utilização do pessário associado à progesterona faz parte de um estudo nosso com a Unicamp, e no caso de Riqueline percebemos que foi um sucesso”, esclarece o especialista em medicina fetal, Marcelo Marques.
Riqueline atribuiu o avançar da gestão à assistência prestada pelo Dom Malan. “Em janeiro tive alta, mas já sai com a indicação de voltar com 32 semanas para ficar internada até o parto. Todo lugar que eu ia para fazer exame ou consulta eu ouvia que meu lugar era no Dom Malan, pois só aqui tinha incubadora e UTI neonatal. Então, sei que estou no lugar certo. Agora é só esperar”, diz otimista.
No momento, Riqueline está quase fechando as 34 semanas. A equipe médica pretende levar a gestação a 36 semanas, mas não sabe se será possível. O caso de Riqueline é discutido e acompanhado diariamente. Dois dos bebês já estão com mais de 2 Kg, os menores com 1 Kg e 800 gramas e 1 Kg e 900 gramas. “Eles já estão com peso bom e, por isso, já estamos pensando em programar o parto”, informa Marcelo.
Riqueline é dona de casa e o esposo está tentando uma aposentadoria por invalidez devido a um problema na coluna. Mesmo assim ela garante que já está quase tudo pronto para a chegada das três Marias e do João Miguel. “A gente tem umas rendas de aluguel e a família também vai ajudar. Onde tem Deus nada falta”, afirma.
Ascom