O governo Jair Bolsonaro começa nesta segunda-feira (14) a preparar as primeiras ações de seu plano para o Nordeste. Uma reunião na Casa Civil, comandada por Onyx Lorenzoni, vai reunir titulares de diversas pastas com o objetivo de elaborar medidas concretas para serem submetidas ao presidente. A movimentação ocorre depois de aliados terem manifestado ao presidente a necessidade de o governo começar a apontar políticas para a região para sinalizar não haver rancor com o fato de Bolsonaro ter sido derrotado na eleição no Nordeste, onde todos os governadores, inclusive, são de oposição.
Até agora, a proposta mais vistosa verbalizada pelo presidente é de buscar cooperação tecnológica com Israel para dessalinizar água. A Embrapa já possui um projeto na região que aproveita águas de poços, enquanto que a tecnologia de Israel é empregada, sobretudo, para água do mar. Um técnico do governo que participará da reunião afirma que este tipo de tecnologia israelense não teria muita viabilidade para aplicação no sertão nordestino.
Participarão da reunião os ministros do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, do Meio Ambiente, Ricardo Salles, da Agricultura, Tereza Cristina, e de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Não há previsão de que o presidente compareça porque o trabalho ainda está em fase inicial. A ideia é que cada pasta apresente suas primeiras contribuições para a elaboração de um plano envolvendo diferentes áreas. Somente após as medidas já estarem mais estruturados haverá uma apresentação ao presidente.
Políticos da região que apoiaram Bolsonaro fizeram chegar ao presidente descontentamento com o fato de políticas para o Nordeste não terem recebido atenção nos primeiros dias da nova gestão. Eles afirmam ser urgente o governo emitir sinais de que pretende investir na região justamente na tentativa de enfraquecer a oposição dos governadores.
Na semana passada, o governo enviou a Força Nacional de Segurança Pública ao Ceará atendendo a um pedido do governador Camilo Santana (PT) após uma onda de ataques do crime organizado. Ao falar sobre o auxílio, Bolsonaro enfatizou o fato de ter tomado a medida mesmo o estado sendo governador pela oposição. A ideia de aliados é que a apresentação de mais ações para a região permita ao governo ganhar terreno no campo político para disputas políticas futuras. (O Globo)