As empresas transportadoras de carga aderiram na quarta-feira ao movimento dos caminhoneiros, que até então era predominantemente conduzido pelos autônomos, elevando para mais de 1 milhão de caminhões a adesão à paralisação, disse nesta quinta o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes.
“As empresas aderiram por conta do preço dos combustíveis e também porque seus caminhões não conseguem circular”, disse Lopes, em entrevista para reiterar que a paralisação da categoria só será encerrada quando a isenção da alíquota do PIS/Cofins sobre o diesel, já aprovada pela Câmara dos Deputados, seja publicada no Diário Oficial da União.
Lopes se disse “decepcionado” com informações de que o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), deixaria Brasília ainda nesta quinta-feira e que a isenção do tributo pode não ser votada no Senado. “Isso me decepciona. O sentimento é de revolta”, disse.
Segundo a assessoria da Presidência do Senado, Eunício ainda se encontra em Brasília, e deve seguir para Fortaleza na parte da tarde para uma solenidade.
Uma fonte na secretaria-geral do Senado, afirmou que o projeto não deve ser votado nesta quinta-feira, já que a ordem do dia da Casa já foi encerrada e o projeto ainda não foi recebido pela Casa.
“Se o governo não atender o que estamos pleiteando vai parar o país”, disse Lopes, destacando que mesmo depois que o movimento for encerrado, ainda vai levar até 12 dias para que o abastecimento seja totalmente normalizado no país.
Além da desoneração, Lopes disse que os caminhoneiros querem um prazo de pelo menos 30 dias entre um reajuste e outro do preço do diesel pela Petrobras.
“Tem gente na categoria que defende prazos até maiores, de 60 ou até 90 dias, mas a partir de 30 já resolve”, disse o presidente da Abcam.
Segundo dados da entidade, o país tem agora 330 interdições de rodovias, em 23 Estados.
Com reportagem adicional de Maria Carolina Marcello (Por Leonardo Goy, da Reuters)