Fruto da Primeira Semana Social Brasileira e da articulação das Pastorais Sociais e movimentos populares, o Grito dos Excluídos e Excluídas se espalhou por todo o país ao longo dessas três décadas e se tornou referência de um espaço permanente de denúncias das desigualdades sociais.
Neste ano de 2024, no qual o Grito completa 30 anos de resistência, o lema é “Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?”
O lema do Grito, assim como também o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, nos leva a refletir sobre a cultura do descarte, como aponta o Papa Francisco, que ameaça a amizade social.
Em um mundo regido pela lógica desenfreada do mercado, do consumo e do lucro acima de tudo, as vidas das pessoas importam cada vez menos.
Quem se importa com os pobres, famintos, negros, indígenas, sem-terra, catadores/as de material reciclável, população em situação de rua, sem teto, periferias urbanas, encarcerados, mulheres, pessoas LGBTQIAP+, idosos, pessoas com deficiência, entre tantos outros que têm seus direitos negligenciados? Quem se importa?
Aqui, na Diocese de Juazeiro, as Pastorais Sociais caminham lado a lado com essa parcela da população, que parece invisível aos olhos do Estado.
Neste Grito dos Excluídos e Excluídas de 2024, reafirmamos nosso compromisso de servir aqueles/as que mais precisam, com o objetivo de construir uma sociedade mais justa e digna para todos e todas.
Por isso, nós, Pastorais Sociais da Diocese de Juazeiro, gritamos:
- Por uma saúde de qualidade, sem grandes filas de espera para exames e consultas e com acesso a medicamentos;
- Por um hospital materno-infantil para atender a demanda dos municípios da Diocese;
- Por saneamento básico para os bairros periférico;
- Pelo controle das muriçocas, que geram ainda mais incômodos aos que estão encarcerados;
- Para que toda criança tenha vida plena e direito de se desenvolver, brincar, estudar, comer, dormir, ter acesso à saúde, receber amor, carinho, viver com a família e ser protegida;
- Pelo combate à violência contra as mulheres em seus diversos tipos nas zonas urbana e rural;
- Pela vida das mulheres em contexto de prostituição, que são estigmatizadas pela sociedade, que julga ao invés de acolher, sem conhecer os motivos que as levaram a essa atividade;
- Pela garantia e defesa dos territórios de comunidades tradicionais, a exemplo dos fundos de pastos, quilombolas, pesqueiros e ribeirinhos;
- Pela preservação e revitalização do rio São Francisco, essencial para toda forma de vida na região e à sustentabilidade da pesca artesanal;
- Pelo fortalecimento da agricultura familiar, da produção agroecológica das nossas comunidades e pelo amplo acesso à alimentação saudável, sem veneno e com valor nutricional;
- Para que os idosos sejam cuidados e tenham acesso aos direitos previdenciários e outros benefícios;
- Gritamos contra a violência infantil, que acontece desde o ventre materno, quando mães são negligenciadas na rede pública de saúde;
- Contra à exploração sexual e trabalho infantil, que acometem nossas crianças e adolescentes;
- Contra os empreendimentos de mineração, agronegócio e energias renováveis que violam os direitos de diversas comunidades rurais em nossa Diocese e geram imensos danos socioambientais;
- Contra a grilagem de terras e a violência no campo.
Por esses e muitos outros gritos, seguimos lutando por justiça e colocando a pessoa humana no centro de nossa ação. Como destacou o Papa Francisco na Fratelli Tutti: A cultura do encontro “exige que, no centro e toda ação política, social e econômica, se coloque a pessoa humana, a sua sublime dignidade e o respeito pelo bem comum.”
Assim as Pastorais: Da terra, da Mulher, dos Pescadores, Da Criança, Da Pessoa Idosa, Da Saúde, Carcerária e da Educação seguem buscando fortalecer os encontros que geram vida.
Assessoria