Através de uma iniciativa da diretoria de Ensino e Pesquisa, o Hospital Dom Malan/IMIP de Petrolina promoveu este mês uma atualização em serviço sobre a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) – um distúrbio hormonal que causa um aumento no tamanho dos ovários, com pequenos cistos na parte externa deles.
O curso foi dividido em três módulos e ministrado pelo ginecologista da unidade materno-infantil, Sérgio Fernandes Cabral. As aulas aconteceram nos dias 12, 19 e 26, no próprio auditório do HDM e contaram com a participação do staff do hospital, residentes e internos.
No primeiro dia, Sérgio abordou conceitos, importância, critérios diagnósticos, diagnóstico laboratorial, etiopatogenia e fisiologia atuais da SOP. Em seguida, foram contrapostos os tratamentos tradicionais (incluindo a fisiologia, benefícios, riscos e paradigmas) e as novidades do setor.
“O principal é a mudança de perspectiva. Antigamente tratava-se a SOP como um problema endócrino cuja principal complicação era a infertilidade. Hoje sabemos que o diagnóstico de SOP e suas possíveis complicações vão muito mais além”, defende o especialista. De acordo com Sérgio, estão associadas à SOP doenças como o diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, câncer endometrial, menopausa precoce e alterações no metabolismo lipídico.
A Síndrome dos Ovários Policísticos afeta a mulher antes da gravidez, no período gestacional e pode ser responsável por problemas no feto, causando abortamento, malformações e prematuridade, por exemplo. “Os filhos de mulheres portadoras da SOP podem, inclusive, apresentar transtorno de déficit de atenção e hiperatividade”, complementa.
“A SOP é um problema de saúde pública que está associada cada vez mais à diminuição da qualidade de vida da mulher, tornando essa vida repleta de doenças crônicas, comprometendo a própria saúde e a da sua prole. Portanto, tratar a SOP não se trata apenas de regularizar a menstruação com anticoncepcionais, livrar a pele de acne, acabar com o excesso de pelos indesejados ou melhorar a aparência dos ovários”, ressalta o médico.
A boa notícia é que os tratamentos estão cada vez mais avançados: “Hoje a gente já utiliza os anticoncepcionais com muito mais cautela, pelos riscos de câncer de mama e trombose, e lança mão de outros medicamentos como a metformina, antigamente utilizado apenas para tratar o diabetes. Também temos o inositol, que é uma droga mais natural e sem tantos efeitos colaterais. Associados indicamos a suplementação, reequilíbrio hormonal, gerenciamento do estresse, reeducação alimentar e prática de exercícios”.
De maneira geral, o curso de atualização cumpriu bem o seu papel. “Claro que o interesse inicial é o de trocar informações e conhecimentos. Mas, acima de tudo, nós ficamos felizes de termos promovido uma reflexão sobre o tema e uma sensibilização maior dos profissionais de saúde quanto à visão holística do paciente, que deve ser tratado sempre no seu todo”, considerou Sérgio no encerramento.
Ascom