Rede Ebserh oferece atendimento para a reabilitação das vítimas, mas chama atenção para a importância dos cuidados no tráfego.
Quem não conhece um amigo, parente ou vizinho que já sofreu um acidente de trânsito? Segundo dados do Ministério da Saúde, ocorrem cerca de 40 mil mortes por ano no trânsito, sendo considerada uma realidade alarmante no Brasil. Além do desfecho fatal, estes acidentes podem deixar lesões graves, incapacidades físicas, além de transtornos que se estendem também aos familiares. Entretanto, um aspecto chama a atenção: a maioria deles seria evitável.
Por isso, com o objetivo de conscientizar motoristas e pedestres, foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2011, a campanha do Maio Amarelo. O tema esse ano é “No trânsito, escolha a vida”, conceito que enfatiza a importância das escolhas corretas para a redução dos acidentes, e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) apoia esse movimento. A estatal gerencia hospitais universitários que recebem diariamente vítimas de acidentes de trânsito oferecendo um atendimento qualificado para a reabilitação, seja do ponto de vista físico ou psicológico.
Referência em politraumatismo
Em Petrolina (PE), o Hospital Universitário da Univasf (HU-Univasf/Ebserh) é referência em politraumatismo, recebendo muitas vítimas de acidentes de transporte terrestre. Só no primeiro trimestre deste ano, foram 1.973 vítimas atendidas, sendo 1.494 de motocicletas, 192 de bicicletas e 96 de carros. O Hospital é também unidade sentinela de notificações destes acidentes no estado de Pernambuco, cujos dados alimentam a Secretaria Estadual de Saúde.
O atendimento do HU-Univasf objetiva dirimir os impactos para o paciente nos mais diversos âmbitos, por isso a importância da atuação de uma equipe multiprofissional. “O acompanhamento enquanto estão internados é voltado não só para o paciente, mas se estende também à família”, reforça Alecrides Alencar, psicóloga do HU-Univasf.
Os pacientes recebem assistência psicológica de acordo com o que demandam. “Alguns deles são casos que envolvem vítima fatal que ainda não é de conhecimento do paciente, seja da sua família ou da outra família que foi envolvida, que precise ter a comunicação de más notícias; quando há amputações traumáticas ou que aconteceram com a evolução do quadro clínico; se tem uma demanda psicossocial por envolvimento com uso e abuso de substâncias lícitas e ilícitas, que podem, inclusive, ter sido a causa do acidente; quando há trauma psíquico por conta do longo período de internação, distância familiar e outros”, elencou a psicóloga.
Referência em atendimento Buco-maxilo-facial
No âmbito hospitalar, os acidentes de trânsito demandam uma assistência que envolve vários setores, não só a traumato-ortopedia. Exemplo disso, é o atendimento oferecido em São Luís (MA) pelo Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA/Ebserh), através do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, que, inclusive, é referência para todo o Estado.
Um dos atendimentos realizados pelo serviço é o de traumas decorrentes de acidentes de trânsito. “Os ossos da face são mais finos e a região é mais vascularizada, ou seja, a cicatrização dá-se muito precocemente, por isso não podemos prolongar muito o primeiro tratamento. Dessa forma, os pacientes de trauma têm prioridade, em detrimento de casos como patologia e deformidades, estas últimas podendo ser congênitas ou do desenvolvimento”, explicou o cirurgião buco-maxilo-facial, Paulo Rabelo.
Por não ser um hospital de Urgência e Emergência, os pacientes chegam referenciados via Central de Marcação de Consultas e Exames do Município (Cemarc). Por isso, em muitos casos, não são tratados no hospital uma fratura recente, mas as sequelas delas. “O investimento biológico no paciente é maior. O paciente que incialmente seria tratado apenas com o realinhamento e a fixação dos ossos, vai precisar de um pedaço de osso de outra área sendo enxertado para remodelar a área que foi perdida”, explicou Paulo.
O cirurgião reforça que 99,9% dos traumas faciais são tratados no âmbito de centro cirúrgico. Por mês, a média estimada de casos que precisam de tratamento cirúrgico é de 15 pacientes. O HU-UFMA, inclusive, possui a primeira e única Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Estado. Atualmente, seis residentes estão se capacitando para atuar desde o diagnóstico de pequenas lesões bucais e dentários até o tratamento em nível hospitalar dos traumatismos faciais e deformidades dento-faciais.
Centro de Reabilitação
Em Uberaba, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM/Ebserh) possui um anexo no qual funciona o Centro de Reabilitação (CR). Ele trabalha com atendimento ambulatorial de pacientes com sequelas duradouras ou passageiras de doenças ou acidentes, sendo referência nesse atendimento para 27 municípios.
A assistência oferecida no Centro é caracterizada pelo atendimento multiprofissional e interdisciplinar. Alessandra da Cunha, fisioterapeuta que atua no CR do HC-UFTM, descreve quais as principais sequelas atendidas decorrentes de acidentes de trânsito. “As principais são as lesões do aparelho locomotor como fraturas de membros, comumente as de membros inferiores, desde as simples até as complexas, traumas de coluna vertebral e lesões neurológicas por traumatismos medulares e cranianos, as quais podem gerar sequelas motoras e/ou neurológicas permanentes”, relatou a fisioterapeuta.
Alessandra destaca ainda que esses pacientes em sua maioria são jovens em idade produtiva e que a reabilitação envolve também outras questões importantes “Temos as questões sociais, pois o indivíduo precisa ser afastado do serviço, diminui sua renda e ainda, por consequência, onera o Estado.”
Sobre Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação de Danielle Morais com revisão de Marília Rêgo