José Mauro Coelho renunciou ao cargo de presidente da Petrobras nesta segunda-feira (20). A decisão ocorre três dias após um novo reajuste no preço dos combustíveis e em meio à pressão do governo.
Coelho foi demitido há um mês, mas o processo de checagem do candidato indicado a ser seu substituto, Caio Paes de Andrade, ainda não foi iniciado. Segundo a companhia, “a nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora”.
Além de deixar a presidência da estatal, Coelho também renunciou ao cargo de membro do Conselho, conforme divulgado pela Petrobras.
Ações suspensas
As ações da Petrobras iniciaram esta segunda-feira (20) suspensas das negociações do pregão da Bolsa de Valores brasileira devido ao comunicado ao mercado sobre a renúncia do presidente da companhia, José Mauro Coelho.
O procedimento temporário é adotado sempre que há alguma divulgação ou movimento de mercado capaz de provocar oscilações potencialmente prejudiciais à operação.
A queda do presidente da estatal ocorre depois de o governo de Jair Bolsonaro (PL) intensificar no fim de semana a pressão sobre ele.
Às 10h29, o Ibovespa recuava 0,69%, a 99.0085 pontos. O dólar subia 0,66%, a 5,18.
Investidores iniciam a semana atentos a novas reações vindas de Brasília ao reajuste dos combustíveis aplicado pela Petrobras.
Na sexta-feira (17), críticas de políticos à companhia provocaram forte queda das ações da empresa, enquanto o mercado doméstico ainda tentava se ajustar à alta histórica dos juros nos Estados Unidos.
Os papéis ordinários (PETR3) e preferenciais (PETR4) da petrolífera controlada pelo governo federal fecharam o pregão com perdas de 7,25% e 6,09%, respectivamente.
O desempenho negativo das ações da Petrobras contribuiu para que o Ibovespa caísse 2,90%, aos 99.824 pontos, na sexta. Essa é a pontuação mais baixa para um fechamento do índice de referência da Bolsa desde o início de novembro de 2020, última vez que o indicador havia ficado abaixo dos 100 mil pontos.
No acumulado desta semana, o Ibovespa afundou 5,36%, registrando a maior perda semanal desde a queda de 7,28% em outubro do ano passado.
Investidores pesam cada vez mais os riscos de que a proximidade das eleições potencialize medidas que possam comprometer o funcionamento do mercado, aumentar a pressão inflacionária e gerar mais gastos públicos.
A crise envolvendo uma das principais empresas da Bolsa brasileira ocorre em um momento de aumento das preocupações sobre os rumos da economia mundial.
(Painel Político).