Jovens que usam vape são mais suscetíveis a desenvolver estresse crônico

Por Ricardo Banana
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Jovens que usam ou já usaram cigarros eletrônicos – também chamados de vapes – são quase duas vezes mais suscetíveis a ter estresse crônico do que aqueles que não usam esses dispositivos. Isso é o que sugere uma nova pesquisa do Hospital para Crianças Doentes (SickKids) em Toronto, no Canadá.

O estudo foi apresentado por Teresa To, cientista sênior do SickKids, no Congresso Internacional da Sociedade Respiratória Europeia (ERS), que ocorre em Milão, na Itália, entre os dias 9 a 13 de setembro. “Pesquisas estão começando a mostrar como usar vapes afeta a saúde física e mental dos jovens”, pontuou a pesquisadora, segundo comunicado da ERS. “Por exemplo, um estudo que fizemos anteriormente mostrou que quem usa vapes tem maior probabilidade de sofrer um ataque de asma. Neste novo estudo, focamos ​​na relação entre o uso de vapes, saúde mental e qualidade de vida dos jovens.”

A equipe de To utilizou resultados de uma pesquisa anterior, chamada Canadian Health Measures Survey. Feita com a população canadense, ela inclui dados de 905 pessoas com idades entre 15 e 30 anos, das quais 115 (12,7%) afirmaram já ter usado cigarros eletrônicos.

Esse levantamento mostrou que, embora os jovens que usavam vapes praticassem mais exercícios físicos, eles tinham maior tendência a relatar estresse crônico e extremo. Segundo To, esse tipo de condição pode levar a outros problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.

A especialista também reflete que esses usuários de cigarros eletrônicos podem ter recorrido ao fumo justamente por vê-lo como uma forma de lidar com sua saúde emocional. Por isso, ela reforça a importância de acolher essas pessoas assim que o estresse der seus primeiros sinais. “O estresse e a ansiedade podem desencadear o desejo de fumar, tornando mais difícil para o usuário parar de fumar”, ela destaca.

Embora a pesquisa aponte uma ligação entre o uso de vapes e o estresse nos jovens, ela não determina se o estresse levou os participantes a fumar mais. O estudo também não revela se os cigarros eletrônicos fizeram com que os usuários se sentissem mais estressados, ou se um terceiro fator impactou tanto essa reação psicológica quanto a frequência do fumo.

No entanto, To explica que sua equipe levou em conta outros fatores conhecidos por sua relação com o estresse, como renda, consumo de álcool e condições de saúde, como asma e diabetes.

“Na época do estudo, esse grupo de jovens apresentava boa saúde física em geral; no entanto, precisamos de estudar os efeitos dos cigarros eletrônicos a longo prazo para compreender o seu impacto na saúde dos jovens”, acrescenta To. “Sabemos que o estresse induz estresse oxidativo e inflamação no corpo, e que eles têm um papel importante no desenvolvimento de doenças crônicas, como asma, diabetes e doenças cardiovasculares.”

Elif Dağlı, presidente do grupo da Sociedade Respiratória Europeia sobre tabaco, controle do tabagismo e educação para a saúde, também aponta que é necessário mais pesquisas sobre o impacto dos cigarros eletrônicos na saúde humana. “Precisamos aumentar a conscientização sobre os danos do uso de vapes e fornecer apoio para ajudar os jovens a evitar [o tabagismo] ou a parar de fumar”, sublinha a especialista, que não esteve envolvida no novo estudo.

Com informações da Revista Galileu

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