Acontece no dia 29 de agosto das 08h as 11h. da noite no Centro de cultura João Gilberto em Juazeiro o Lançamento do Livro AS CARTAS DE UM DETENTO – BASEADO EM FATOS REAIS. De autoria de Marcos Sant”Anna o livro fala da rotina dos moradores que vivem entre três paredes e uma grade, a vida no cárcere contada por quem viveu in logo as experiências, o drama, de quem vive no cárcere, esta tudo escrito nas cartas. Sexta feira 29 de agosto no centro de cultura João Gilberto em Juazeiro, lançamento do Livro “AS CARTAS DE UM DETENTO BASEADO EM FATOS REAIS”.
Release
“As cartas de um detento” é um daqueles livros que você coloca na sua cabeceira e deve ir saboreando aos poucos, lendo com muita atenção cada página, cada parágrafo, para se inteirar devidamente de um tema deveras polêmico e controverso, o autor do livro sem maiores pretensões, consegue transpor de forma clara e objetiva a realidade nua e crua da vida no cárcere na cidade baiana de Juazeiro.
Neste livro, estão copiladas algumas das mais interessantes e instigantes cartas que o autor escreveu quando estava em cárcere privado. Os detentos lhe pediam que escrevesse esse gênero textual tão esquecido hoje em dia por conta da internet e seus e-mails. Quando praticamente ninguém envia mais cartas, só na prisão que é um hábito comum porque lá dentro não se pode ter internet, computador e essas coisas todas que a tecnologia aguça, MARCOS SANT’ANNA se apossa magistralmente desse instrumento de comunicação e joga na nossa cara temas que comumente estão presentes no seio da nossa sociedade como, por exemplo, latrocínio, pedofilia, roubo e tráfico de drogas
O livro é feito em dezessete capítulos, com 229 paginas e divididos por temas distintos. Assim, o autor se vale dos depoimentos de presidiários e para manter a privacidade deles, mescla com um pouco de ficção, com uma espécie de floreio que enriquece ainda mais a linguagem metafórica, porque o objetivo do livro em questão é revelar o pequeno pedaço do cárcere, um cotidiano quase sempre hostil, mas sem comprometer o nome e a vida de quem quer que seja. O autor expõe com detalhes, com minuciosidade, as mazelas ali existentes.
Fica claro que a linha adotada foi a das mensagens, das lições de moral dadas pelos depoimentos, o autor teve a oportunidade de brincar com as palavras, fazendo um jogo quase dramático com as histórias ditadas pelos presos. Estando ali como detento e como radialista, isso não lhe tolheu um pouco em ir mais a fundo em questões polêmicas.
O livro praticamente apresenta características de autoajuda, porque ninguém se considera culpado, pois praticamente todos são inocentes
Assim, veremos, ao virar de cada página, a carta de um detento que sente saudade da mãe, do pai, da esposa, dos filhos e dos amigos; outro desconfia que a esposa o trai e morre de ciúmes por conta disso, um homossexual efeminado tresloucado, um caminhoneiro pedófilo, um que sente um amor incondicional por sua mulher, outro revoltado com a lentidão da justiça, outro acredita que o amor que existe é só o de mãe e paixão só de Cristo, e por aí vai. Permeado de sonhos e até mensagens bíblicas, o livro, além de nos fazer refletir a respeito da solidão na vida no cárcere, nos traz informações úteis a respeito das aplicações das penas e dos seus respectivos crimes.
Para as pessoas que sofrem ou sofreram no sistema prisional, isso é uma forma de vingança institucional por conta do sofrimento que causaram em alguém. Vingança, e não Justiça. Isso pode ser útil para enganar a si mesmo, achando que transferir a dor aplacará a sua própria. Mas não irá resolver o problema causado e dificilmente conseguirá fazer com que o crime não seja cometido novamente. Não se reintegra, apenas exclui-se ainda mais quem, na maioria das vezes, foi sistematicamente excluído da sociedade. Que compromisso tem a pessoa quando retorna ao convívio social? Se a vida lhe deu um limão, faça com ele uma limonada, diz o velho ditado. É o que acontece com certas pessoas.
Este livro contem cartas nas quais detentos se expõem, abrem suas vidas para uma pessoa que outrora era um estranho, e como que de repente, em um passe de mágica, vira amigo, se torna irmão e companheiro. E nesse enlace, a angústia, a solidão, a necessidade dão lugar a vontade de falar.
“As cartas de um detento” é um grito de alerta pela humanização de um cárcere por um cárcere mais cidadão. O livro tem o propósito de ajudar a debater a problemática da questão penitenciária, colocar o presidiário como protagonista na luta por um sistema de execução penal mais justo e mais humano.
O livro “As cartas de um detento” é baseado em cartas escritas pelo autor em um presídio na cidade de Juazeiro-Ba, que servem de pano de fundo para revelar, tornar claro o que está nas entrelinhas, o que até então estava obscuro a respeito de um lado de quem vive à margem da sociedade. Estas cartas descortinam, tiram a poeira, revelam para toda a sociedade o que ocorre em um cárcere quando alguém comete um delito, entra por aquele portão e se encerra ali. São pessoas, são seres humanos que vão passar ali um mês, três anos, talvez dez anos. É, enfim, um depoimento de quem viveu in loco as histórias dramáticas copilados em cartas daqueles que não têm voz.
. Porém, apesar desse ambiente de aspecto negativo, existe concomitante, por incrível que possa parecer, outro lado. Não o lado físico. Um lado mais humano, o lado da sensibilidade. Um paradoxo. Afinal, apesar de viverem em condições tão adversas, em um dado momento, todos os instintos mais sórdidos, mais vorazes da personalidade humana fenecem para deixar fluir o melhor do homem. O momento em que aqueles detentos pediam para o autor escrever cartas para os seus familiares, os seus entes queridos. Naquele momento mágico, percebia-se, às vezes, um olhar marejando, uma lágrima rolando e uma voz trêmula. A sensibilidade à flor da pele estava ali. Eles lhe falavam da angústia de estarem ali, da saudade daqueles que lhes eram mais caros, do delito que nunca deviam ter cometido. Então, diante dessa realidade, MARCOS SANT’ANNA se viu na obrigação de tornar públicas essas histórias marcantes para que as pessoas pudessem ver, quem sabe com outros olhos, como é difícil a rotina de uma prisão e como vivem esses moradores transitórios. Está tudo no livro AS CARTA DE UM DETENTO – BASEADO EM FATOS REAIS. Que será lançado no dia 29 de agosto das 20h. as 23h. no Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro – BA.
Ascom
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