Se você perdeu as contas de quantas latinhas de cerveja e refrigerante bebeu durante o carnaval, saiba que a sua sede pagou o 13º salário de milhares de catadores. Somente uma associação de estímulo à reciclagem calcula que foram coletadas seis toneladas de latinhas em Olinda e no Recife, movimentando R$ 500 mil durante a folia de Momo. Cada catador colocou no bolso entre R$ 400 e R$ 500, o equivalente a um mês inteiro de trabalho.
A catadora Naldeci Xavier, 48 anos, fechou um ciclo de oito dias recolhendo materiais em Olinda com R$ 500 a mais no bolso. O expediente de ontem foi no Bacalhau do Batata. “É um 13º para a gente. É muito gratificante essa época de carnaval, pois tiramos em oito dias o que demoramos um mês para tirar. Sem ser carnaval eu consigo tirar por mês entre R$ 300 e R$ 400”, conta Naldeci. Ela, que está na reciclagem há dez anos, diz que seu trabalho é importante porque ajuda a preservar o meio ambiente.
O quilo da latinha é vendido pelos catadores por R$ 2,50. “A reciclagem da latinha é um modelo que deve ser seguido pelos outros materiais, pois alcança um índice de 95%. Para os catadores, é um reforço que faz a diferença no orçamento”, comemora Sérgio Nascimento, presidente da Associação Meio Ambiente Preservar e Educar (Amape). Todos os anos, no carnaval, a Amape faz uma campanha para estimular a cadeia da reciclagem. Os catadores recebem uniforme e uma ajuda de custo de R$ 50. Neste ano, a entidade homenageou as catadoras, numa antecipação do Dia da Mulher, comemorado dia 8 de março. Foram cerca de 30 mulheres atuando em Olinda e no Recife, sendo 15 ligadas ao grupo Retome sua Vida.
Sérgio estima que o volume movimentado neste ano, cerca de seis toneladas de latinhas, seja 5% superior ao registrado em 2011. “Essa melhora tem sido gradual e segue o incremento na renda da população. As pessoas ganhando mais, vão consumir mais latinhas. A temperatura também interfere. Quanto mais quente, maior o consumo de bebidas em lata”, observa.
Nos polos da festa os catadores não recolhem apenas latinhas. A garrafa PET, seja de refrigerante ou água mineral, também é bastante valorizada, embora o índice de reciclagem seja somente de 55%. Na associação, paga-se R$ 1 pelo quilo do material, enquanto que na rua costuma-se pagar R$ 0,50. “A meta é fazer com que a reciclagem do PET chegue ao mesmo patamar das latinhas”, acrescenta Sério Nascimento.
Fonte: Diário de Pernambuco
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