Por muito tempo, o acúmulo de gordura nas extremidades do corpo foi ignorado, mas, essa condição de saúde com alta prevalência em mulheres, tem nome: lipedema. Os sintomas da doença estão associados ao acúmulo desorganizado e progressivo de gordura em regiões do corpo, como braços e pernas, de forma desproporcional em relação ao restante do corpo, além de dores.
De acordo com o Dr. Flávio Paccelli, médico do Núcleo GA Petrolina, a doença que afeta principalmente as mulheres, tem caráter genético e inflamatório, que pode estar associada a desequilíbrios hormonais.
“A causa do lipedema ainda não foi plenamente esclarecida. O que se sabe é que sua origem é genética, hereditária e hormonal, especialmente relacionada ao hormônio estrogênio, hormônio típico da mulher, o que explica o histórico familiar. Em muitos casos, as mulheres da mesma família têm o mesmo perfil de corpo, e acabam ignorando a investigação porque acham que é apenas uma característica da família”, disse o médico.
Você sabia que mulheres magras podem ter lipedema? Segundo Paccelli, a obesidade não causa lipedema, contudo, o ganho de peso pode piorar o quadro de saúde. Uma em cada cinco mulheres têm algum grau de lipedema, na maioria das vezes subdiagnosticado ou confundido com outras doenças, como a obesidade.
“A obesidade não é uma causa de lipedema, mulheres magras têm lipedema, com maior dificuldade de diagnóstico, mas que apresentam o mesmo perfil, com gordura localizada nas extremidades do corpo. Porém, a obesidade piora o quadro de lipedema, isso por dois motivos, tanto por favorecer o acúmulo mais acentuado e progressivo da gordura, quanto pelo próprio processo inflamatório da obesidade que piora a doença. Para as pacientes com lipedema e sobrepeso ou obesidade, o emagrecimento e o controle do peso fazem parte do tratamento da doença,” ressalta.
As mulheres que sofrem com o lipedema almejam a cura, pois além dos sintomas, nos casos mais graves, a doença impacta a estética corporal. A ciência ainda não descobriu a cura, mas a boa notícia é que há tratamento. Esse acompanhamento deve ser feito por um médico, de forma individualizada, personalizada, e a mudança do estilo de vida é o que garante os melhores resultados.
“Lipedema não tem cura, mas tem controle. Se não for tratado, manejado, a tendência é piorar, por isso, a qualquer sinal, e presença de sintomas, é importante a avaliação médica, para um diagnóstico preciso e o início do tratamento, que é multidisciplinar, multifatorial, e envolve desde terapias compressivas, drenagem linfática, fisioterapia, controle do peso, controle dos marcadores de inflamação, manejo hormonal e em último caso, procedimentos cirúrgicos. Mesmo quando o tratamento cirúrgico é indicado, ele é feito de forma associada ao tratamento clínico, dieta e exercício físico. Vale ressaltar que é de conhecimento científico que o excesso da retirada mecânica de gordura do tecido subcutâneo, através de lipoaspiração, por exemplo, se não houver a mudança do estilo de vida do paciente, com dieta, exercício físico e controle inflamatório, a gordura visceral que envolve os órgãos internos pode aumentar, e ela é muito mais perigosa do que a gordura subcutânea. Então, se você sofre com os sintomas, ao se ver no espelho, busque ajuda médica para te ajudar nesta jornada em busca de mais qualidade de vida”, finaliza o dr. Flávio Paccelli.