O colunista Elio Gaspari aposta que o ex-presidente Lula irá para casa em setembro deste ano, uma vez que já terá cumprido um sexto da pena. A prisão política, que também tem sido denunciada por grandes juristas daqui e de fora, foi o mecanismo encontrado pela direita brasileira para fraudar a democracia e implantar sua agenda econômica
Lula vai para casa em setembro. Quem aposta é o colunista Elio Gaspari, em sua coluna na Folha de S. Paulo. “Quem conhece as costuras das togas da magistratura acha que Lula pode ir para o regime semiaberto a partir do mês que vem. A decisão poderá vir do juízo de primeira instância. Se não vier, a questão irá para o Superior Tribunal de Justiça. Em último caso, a decisão será do Supremo Tribunal. O desfecho será a saída de Lula da carceragem da Polícia Federal”, diz ele.
Leia ainda reportagem da Rede Brasil Atual sobre a prisão política de Lula, denunciada por Noam Chomsky:
O linguista e filósofo norte-americano Noam Chomsky afirmou que os diálogos entre integrantes da Operação Lava Jato, divulgados pelo site The Intercept Brasil, em parceria com outros veículos da imprensa tradicional, revelam “esforços corruptos” do então juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça, para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “o principal preso político do mundo”, enquanto agia para proteger outro ex-presidente. “A insistência de evitar que FHC fosse investigado, enquanto fabricava acusações contra Lula, é uma coisa muito grave. Por isso, segundo qualquer parâmetro, Lula é um preso político, o principal preso político do mundo”, afirmou.
Em entrevista à revista Jacobin Brasil, durante visita a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Chomsky destacou que as reportagens da série da Vaza Jato “deixaram absolutamente claro que o juiz Moro era tudo menos um herói, ao contrário do que foi apresentado pela imprensa”. Ele lembrou que o então juiz sugeriu ao procurador Deltan Dallagnol que desse prosseguimento à denúncia contra Lula, mesmo não havendo provas suficientes para fundamentar a denúncia. “Quanto mais a corrupção de Moro é exposta, mais ele lança ataques para poder suprimi-la, mostrando o quão corrupto ele é — e fica mais claro o profundo ataque a democracia brasileira.”
Chomsky comparou a prisão de Lula à do filósofo comunista italiano Antônio Gramsci, “silenciado” pelo regime fascista de Benito Mussolini. Ele também destacou a estratégia de “demonização e vilanização da esquerda” através da difusão em massa de mentiras pelas das redes sociais, em especial o WhatsApp, em benefício de partidos e políticos de extrema-direita, seja no Brasil, na Alemanha, ou mesmo nos Estados Unidos.
“É exatamente isso que o golpe de direita fez no Brasil. No último verão, ficou claro que se Lula pudesse aparecer publicamente, ele ganharia as eleições. Então, era preciso fazer algo contra ele, colocá-lo em confinamento solitário, impedi-lo de fazer qualquer comunicação. Depois veio a campanha das redes sociais, grotesca, e é uma tendência que vai acontecer cada vez mais no mundo”, afirmou o linguista.
Lacaio dos EUA
Sobre a retórica belicista de presidente Jair Bolsonaro (PSL) contra a Venezuela, Chomsky afirmou que ele apenas segue, “como um mero lacaio”, as ordens dos Estados Unidos. Também declarou que as sanções norte-americanas impostas contra o governo de Nicolás Maduro, “tornaram a crise venezuelana uma catástrofe”, provocando a morte de dezenas de milhares de pessoas.
Ele comparou as ações contra a Venezuela ao cerco de seis décadas movido pelos Estados Unidos contra Cuba – desde o bloqueio econômico a ações tipicamente terroristas – após a Revolução de 1959, já que o “o sucesso de Cuba faria todo o sistema de dominação de Washington na América Latina erodir”. “Cuba é uma das vítimas. A Venezuela é outra. E Bolsonaro parece simplesmente seguir as ordens de Trump, então ele simplesmente segue as instruções que lhe são passadas.”