Pernambuco já conta com três produtos e serviços reconhecidos com o selo de Indicação Geográfica (IG): os vinhos do Vale do São Francisco, as uvas e mangas de Petrolina, e o Porto Digital, no Recife. Agora, a Manta Caprina de Dormentes, no Sertão do São Francisco, pode se juntar a essa lista de produtos com identidade territorial reconhecida em todo o país.
A proposta faz parte de um novo projeto desenvolvido pela Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Pernambuco (Sebrae/PE), que investirá R$ 2,9 milhões para identificar e solicitar o registro de novas IGs junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O objetivo é valorizar ícones culturais e produtivos de Pernambuco, ampliando a visibilidade de produtos e serviços típicos de diversas regiões.
O município de Dormentes abriga o maior rebanho de ovinos de Pernambuco, com cerca de 330 mil cabeças. Essa tradição fortalece a produção da manta caprina — carne extraída da parte dianteira do animal — que se destaca por suas características únicas de sabor e qualidade. O manejo tradicional, aliado à rusticidade dos animais criados no clima semiárido da região, garante um produto diferenciado, com potencial reconhecido nacionalmente.
De acordo com dados do IBGE, Pernambuco ocupa o segundo lugar no ranking brasileiro de rebanhos de caprinos (3,2 milhões de cabeças) e ovinos (3,5 milhões), atrás apenas da Bahia. A carne produzida em Dormentes, com seu sistema de criação extensivo e adaptado às condições do semiárido, representa não apenas uma fonte de renda para milhares de famílias, mas também um patrimônio cultural e gastronômico do estado.
O projeto Adepe/Sebrae prevê quatro etapas para a implementação das novas IGs: diagnóstico, estruturação, submissão dos pedidos e acompanhamento dos processos. A expectativa é que todas as fases estejam concluídas até 2026.
Além da manta caprina de Dormentes, o projeto também contempla outros produtos e saberes de diferentes regiões do estado, como o artesanato de madeira de Sertânia, o mel e queijo coalho do Araripe, o barro de Caruaru, o abacaxi de Pombos, o café de Triunfo, a renda renascença de Poção, o artesanato de Tracunhaém e bolos típicos como o de noiva, o Souza Leão e o bolo de rolo.
Para o presidente da Adepe, André Teixeira Filho, a iniciativa é um passo importante para o fortalecimento da economia regional. “É missão da Adepe fomentar o desenvolvimento dos arranjos produtivos de todo o Estado. O Projeto de Identificação Geográfica vem para dar destaque àqueles mais relevantes e torná-los exemplo da valorização do que é produzido em Pernambuco”, afirmou.
Já o superintendente do Sebrae/PE, Murilo Guerra, reforça a importância do projeto para a economia local. “A valorização do regionalismo tem se consolidado como uma estratégia importante para estimular o desenvolvimento econômico e social e ampliar a competitividade. O reconhecimento das Indicações Geográficas protege o conhecimento tradicional e agrega valor aos produtos e serviços locais”, concluiu.
Indicações Geográfica
As Indicações Geográficas são certificações concedidas a regiões que se tornaram conhecidas ou apresentam características distintivas ligadas a um produto ou serviço. Elas podem ser classificadas como Indicação de Procedência (IP), quando a região já é reconhecida pela produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço, ou Denominação de Origem (DO), quando há uma ligação entre as características do produto e seu meio geográfico e dos fatores naturais e humanos ali presentes.