Ministério da Saúde admite que mentiu no Twitter sobre compra de 560 milhões de doses

Por Ricardo Banana
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O Ministério da Saúde divulgou informações equivocadas em peças publicitárias nas redes sociais e nos veículos de imprensa sobre a contratação de 560 milhões de doses de vacina contra a covid-19. Na realidade, a pasta admite agora que comprou apenas metade deste montante.

A informação veio após um requerimento de informação solicitado pelo deputado federal Gustavo Fruet (PDT-PR), por meio do qual pediu a elucidação das informações contidas nas propagandas. “Houve a efetiva compra/negociação de 560 milhões de doses ou apenas o indicativo de intenção de compra?”, indagou o deputado Fruet no requerimento.

Em resposta, o ministério informou que os registros mostram que os contratos firmados totalizam 281.023.470, quase 300 milhões de doses a menos do que o informado oficialmente.

Nas propagandas anteriores, a pasta afirmava nas redes sociais que “a luta contra a covid-19 continua: foram compradas mais de 560 milhões de doses de vacinas. Em abril, a previsão é vacinar mais de um milhão de pessoas por dia. Enquanto isso, os cuidados devem continuar. Brasil imunizado. Somos uma só nação. Ministério da Saúde. Governo Federal”.

Na resposta ao requerimento do deputado, a pasta chefiada por Marcelo Queiroga também informa que “outras 281.889.400 doses estão em fase de negociação”, mas sem acordo de compra estabelecido.

“Como destacado em sede de resposta, pode-se afirmar que das 572.912.870 doses destinadas para atendimento das ações do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19, já foram contratadas 281.023.470 doses a serem fornecidas pelas instituições públicas e privadas mencionadas acima”, corrigem.

De acordo com a pasta, das doses já adquiridas, 100 milhões são da Coronavac, 100 milhões da Pfizer, 38 milhões da Janssen, 20 milhões da Covaxin, 12 milhões da Astrazeneca e 10 milhões da Sputnik V. Das doses que ainda estão em fase de negociação, 210 milhões de doses são de Oxford/Astrazeneca, 30 milhões da Sinovac, 41 milhões por meio do consórcio Covax Facility e 13 milhões da farmacêutica Moderna.

Brasil na busca por excedentes 

Com a quantidade de doses insuficiente para iniciar uma campanha de vacinação em massa e, assim, barrar o avanço da pandemia, agora o Brasil corre atrás dos excedentes de doses de outros países, como Estados Unidos e Reino Unido, que contam com excedentes significativos.

Os EUA têm aproximadamente 60 milhões de doses produzidas pelo laboratório AstraZeneca, mas que ainda não foram destinadas à população local e também não receberam aprovação das autoridades sanitárias estadunidenses. A exportação, inclusive, depende desta aprovação. (Por Caroline Oliveira, Brasil de Fato | São Paulo (SP) )

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