Na depressão do golpe, famílias se endividam para cobrir o orçamento

Por Ricardo Banana
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O aumento da procura por crédito pelas famílias brasileiras é mais um dos desastres resultantes do golpe de 2016, patrocinado em boa medida pelo setor financeiro. Com o desemprego em alta e sem perspectivas de que a economia se recupere, as famílias estão sendo obrigadas a assumir mais dívidas para fazer frente às dívida contraída anteriormente e que não conseguem liquidar. Segundo dados do Banco Central, o endividamento das famílias, que havia caído em 2017, vem subindo mensalmente desde janeiro; em maio, quando o último levantamento foi feito, o índice chegou a 23,3% da renda acumulada pelas famílias em 12 meses, sem considerar os financiamentos habitacionais. Este foi o maior patamar dos últimos 14 meses.

Embora exista uma relação de causalidade entre o aumento de oferta de crédito e o crescimento do consumo, já surgem indícios de que a intenção de compra passa a dar lugar a outros objetivos na retomada de endividamento das famílias. “Três motivações têm ficado mais fortes hoje em dia para a tomada de recursos pelos cidadãos: a tentativa de limpar o nome, refinanciar ou, eventualmente, liquidar dívidas mais caras e tentar ganhar fôlego no orçamento”, afirma o professor de economia do Insper, Otto Nogami em reportagem do jornalista Sérgio Tauhata no jornal Valor Econômico. “Apesar da crise, muitas famílias não conseguiram adequar seu dispêndio de acordo com a disponibilidade de renda”, acrescenta.

De acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em julho, 46% das pessoas que fizeram uso do cheque especial, utilizaram esta linha de crédito ao longo dos últimos 12 meses. Esta modalidade de crédito, uma das mais caras do mercado, foi utilizada para pagar dívidas, realizar gastos emergenciais e para reduzir o descontrole das contas.

O desemprego, que chegou a 12,7% [13,2 milhões de trabalhadores], segundo o IBGE, é apontado com uma das causas para o aumento crescente do endividamento das famílias, mais uma das distorções resultantes do golpe que solapou a economia e jogou o país num abismo que parece não ter fim.

Leia mais na reportagem do Valor Econômico. (247)

 

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