Muito se tem falado, nesta campanha para a eleição do DCE, sobre a possibilidade da FACAPE tornar-se uma faculdade pública gratuita. A chapa que tem desfraldado esta bandeira, e tem apresentado como a panaceia que solucionará todos os problemas deste centro universitário autárquico, é a Chapa 2. Para quem tem lucidez, este debate não passa de nada além de alimentar sonhos e expectativas que resultarão, num futuro, na frustração dos estudantes. E exponho o porquê.
Em primeiro lugar, inexiste, por parte dos poderes públicos estadual e federal, a vontade em estadualizar ou federalizar a instituição. E isso ocorre por muitos motivos. O primeiro é o de que já existem, nas cercanias, duas instituições federais (o IF Sertão e a Univasf) e uma estadual, que é a Universidade de Pernambuco – e isso se tratando apenas do lado pernambucano da fronteira, porque ainda existe a Universidade Estadual da Bahia, no outro lado do Rio São Francisco. O atual estado destas instituições demonstram, em segundo lugar, mais ainda a inviabilidade do poder público assumir o ônus da gratuidade, já que o investimento que tem sido feito em infraestrutura e qualidade de ensino tem sido mínimo, e a fuga de cérebros – isso é, de profissionais academicamente qualificados – tem sido muito grande. Ouvi outro dia de um professor, dentro duma sala de aula, que “no dia em que a instituição for estadualizada, eu peço demissão”. Seria esta a nossa realidade se a FACAPE se transformasse numa instituição gerida diretamente pelo poder público, abandonando o status de autarquia que hoje tem.
Depois, qual seria o real ganho que a instituição teria e imprimiria em qualidade de ensino aos alunos? Se a estrutura da FACAPE, que é um pouco precária, já é insuficiente, avaliemos o que ocorreria se chegássemos a situação insustentável que chegou-se na UPE, onde banheiros limpos, salas com ar-condicionado e quadros com lousa inteligente não eram uma realidade até bem pouco tempo – e continuam sem ser, para parte significante dos estudantes – e o estudante não tem poder de barganha, já que não paga a mensalidade.
Mas há quem argumente: “o município pode arcar com os custos da gratuidade”; há até quem vá mais longe: “em outros lugares isso ocorreu”. Mas, daí, me pergunto: trocar a mensalidade paga, que nos garante uma infraestrutura precária, pela gratuidade – que certamente nos garantirá uma FACAPE caindo aos pedaços – é o caminho? Ainda vou mais longe: é de interesse do poder público municipal de Petrolina assumir as responsabilidades de gerir e administrar diretamente, com suas próprias expensas, a FACAPE? É responsabilidade do contribuinte municipal custear os estudos de algumas pessoas seletas? A resposta é não, para todas as proposições.
O caminho é outro completamente diverso. O caminho é o que a chapa 3 propõe: fazer com que cada centavo gasto em mensalidade traduza-se em investimentos na formação acadêmica do aluno. Deve investir-se em qualificação do profissional que desgasta-se na sala de aula, garantindo-o a possibilidade de correr atrás de um mestrado, de um doutorado, sem ônus para si; deve investir-se em valorização do professor, pagando-lhe salários melhores; deve investir-se em pesquisa; deve investir-se em extensão. A FACAPE tem de oferecer uma infraestrutura melhor para os alunos, com salas mais confortáveis, com banheiros limpos, com estacionamentos mais amplos, com uma biblioteca com acervo infinitamente maior. Isto é o que o estudante quer, de verdade. É onde queremos chegar, é o que queremos construir. O resto, é muito mais conversa.
O poder público não tem capacidade para administrar a FACAPE como ela tem de ser administrada. O poder público não tem condições de fazer aquilo que os alunos querem, e tampouco interesse. Esta responsabilidade tem de caber a própria FACAPE: a auto-gestão possibilita que a direção, sempre que impelida a isso, atenda as exigências do corpo de alunos. E se chegarmos à vitória, atenderá, porque exigiremos com firmeza o pronto atendimento das demandas do corpo acadêmico.
Lucas Baqueiro
Luiz Fernando de Souza e Silva
Presidente do DCE da Facape
Diretor de Sertão da UEP
Ex-Presidente do DCE do IF Sertão-PE
Ex-Diretor de Juventude da Associação do Bairro Jose e Maria
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