Política

Perigo: atividade radioativa!

O Governo Jair Bolsonaro quer construir uma usina nuclear em Itacuruba, no Sertão pernambucano. Pasmem! Na contramão do mundo, que tem adotado opções cada vez mais seguras – para não falar rentáveis – de geração de energia, essa gestão, agora, quer dar esse “presente” aos pernambucanos. A intenção, lógico, causou uma grita danada por aqui.

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, mobilizou uma série de atores para tentar barrar a proposta. Esse grupo, que tem o apoio do governador Paulo Câmara, segundo o líder do governo na Alepe, Isaltino Nascimento, conta com a presença de parlamentares, ambientalistas, profissionais da área e representantes da Igreja Católica.

Professor aposentando do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Heitor Scalambrini argumentou que a construção da usina, se concretizada, será um erro. O acadêmico lembrou que no local previsto para ser erguido o equipamento mora uma população indígena e quilombola grande, que teria de ser retirada da área para o empreendimento sair do papel.

“O País não precisa de usina nuclear para produzir energia elétrica. Os riscos são muito grandes. Imagine o vazamento de material radioativo no rio São Francisco, que passa por sete estados, atinge 506 municípios e cerca de 20 milhões de pessoas, que dependem diretamente dele”, explicou Heitor Scalambrini.

Alfinetada – O líder do governo na Alepe, Isaltino Nascimento, integrante do grupo que tenta barrar a usina nuclear em Itacuruba deu uma alfinetada no presidente da República, durante a sessão plenária de ontem, na Assembleia. “Se fosse algo positivo, certamente essa usina não estaria sendo cogitada para ser instalada aqui”, afirmou o socialista, que sugeriu a realização de uma audiência pública para tratar do assunto na Casa.

Chernobyl – Eu sou de uma geração que cresceu ouvindo as histórias macabras do desastre nuclear de Chernobyl, que aconteceu em 1986, na antiga União Soviética – o maior acidente provocado pelo homem na história! Recomendo ao presidente Bolsonaro que ela assista uma das melhores séries do ano, produzida pela HBO e intitulada justamente de Chernobyl. Um trabalho primoroso, que relata a desgraça que foi aquele evento histórico. Se ele não tiver assinatura, peça para Carluxo baixar. O menino adora internet.

Desastre em números – Alguns números de Chernobyl com o objetivo de tentar traduzir o perigo de uma usina nuclear. Para conter a situação, 800 mil pessoas se expuseram à radiação. Dessas, 25 mil morreram (20% suicidou-se) e 70 mil ficaram com sequelas graves. Cerca de cinco milhões de pessoas vivem em regiões consideradas contaminadas pelo acidente. O número de mortos gera controvérsia. O Greenpeace estimou em 100 mil. Ainda hoje, 6% do PIB ucraniano é voltado para lidar com os efeitos da tragédia.

Fukushima – Os exemplos, infelizmente, são vários. Em 2011, um terremoto causou o acidente nuclear de Fukushima, no Japão, acarretando na evacuação de 100 mil pessoas e em uma situação só comparável à das bombas atômicas que abateram o país na Segunda Guerra Mundial. A tragédia de Fukushima deixou 20 mil mortos ou desaparecidos. E Bolsonaro quer instalar um troço desses logo em Pernambuco.

Drops

TROCA – Este governo, aliás, é o primeiro onde cabe ao presidente a pior parte (demitir) e a um ministro, a melhor (anunciar as novidades). Foi assim na troca de comando no BNDES, onde Bolsonaro tratou da demissão de Joaquim Levy e Paulo Guedes, da escolha de Gustavo Montezano.

HOMOFOBIA – Por falar em discurso radioativo, a deputada estadual Clarissa Tércio subiu à tribuna da Alepe, ontem, praticamente para dizer que era contra a criminalização da homofobia. Um discurso horripilante, misturando religião no meio.

GOTEIRA – A sessão plenária dessa segunda na Câmara do Recife teve de ser realizada no Plenarinho porque o Plenário estava com uma goteira. “Mas nessa tem goteira, pinga em mim, pinga em mim”.

Uma pergunta: quem será o próximo a ser demitido publicamente por Bolsonaro? (blog do Arthur Cunha)

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