Pernambuco sem casos de sarampo: marco nacional rumo à eliminação da doença

Com últimos casos registrados em 2020, o Estado reforça progresso do Brasil para recuperar título de 'país livre de sarampo', após desafios em 2018

Por Ricardo Banana
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Pernambuco está desde 2021 sem registrar caso de sarampo. Esse período sem ocorrências no Estado reforça o marco alcançado em todo o Brasil na última semana, quando o País completou dois anos sem casos autóctones de sarampo – ou seja, sem transmissão em território nacional. Isso marca um importante passo na luta contra essa doença altamente infecciosa.

Esse período sem registros locais do vírus coloca o Brasil mais próximo de recuperar sua certificação como ‘país livre de sarampo’, título conquistado em 2016 e temporariamente perdido em 2018, devido a fatores como o intenso fluxo migratório de países vizinhos e a queda nas taxas de vacinação em diversas regiões. Em 2022, o País reportou 41 casos de sarampo, uma queda significativa em relação aos 20.901 registros em 2019.

No início de maio, o Brasil recebeu a visita da Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação da Eliminação do Sarampo, Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita na Região das Américas e do Secretariado da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

O objetivo foi dar continuidade ao processo de recertificação do Brasil como livre da circulação de sarampo e com sustentabilidade da eliminação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita (SRC).

Ainda neste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o aumento de casos da doença na Europa como “alarmante”. Foram mais de 58 mil infecções pelo vírus em 41 países ao longo de 2023 – um aumento em relação aos últimos três anos.

“Para que o Brasil possa continuar sem casos, é fundamental alcançar coberturas vacinais de, no mínimo, 95% de forma homogênea, visando a proteção da nossa população diante da possibilidade de ocorrência de casos importados do vírus e reduzindo assim o risco de introdução da doença. Além do que, garante a segurança até mesmo das pessoas que não podem se vacinar”, explica o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti.

Ele destaca ainda a importância da continuidade da estratégia de microplanejamento que, em 2023, repassou R$ 151 milhões para Estados e municípios. O método, que é recomendado pela OMS, consiste em diversas atividades com foco na realidade local e em fortalecer e ampliar o acesso da população à vacinação, durante todo o ano.

No caso do sarampo, o Brasil é um dos poucos países do mundo que não enfrentam uma nova epidemia atualmente. “É por isso que retomar as altas coberturas vacinais é tão importante. Queremos manter nossas crianças e jovens seguros sem as sequelas dessa grave infecção, como ocorre em países da Europa e Estados Unidos”, reforça a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Vacina tríplice viral protege contra sarampo, caxumba e rubéola 

A tríplice viral é uma das vacinas ofertadas no Calendário Nacional de Vacinação, cujo esquema vacinal corresponde a duas doses para pessoas de 12 meses até 29 anos de idade, e uma dose para adultos de 30 a 59 anos.

Esse imunizante protege contra o sarampo, a caxumba e a rubéola – três doenças altamente infecciosas que podem causar sequelas graves e foram responsáveis por epidemias no passado.

A cobertura da primeira dose dessa vacina aumentou de 80,7% em 2022 para 87% em 2023. Mas a taxa ainda está abaixo do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A meta é de 95% para a tríplice viral.

Os dados de 2023 ainda são preliminares e podem subir, já que alguns Estados têm bases próprias, e as atualizações podem demorar a chegar à rede nacional.

Caso importado de sarampo no Rio Grande do Sul

Em janeiro deste ano, o Brasil confirmou um caso importado de sarampo registrado no Rio Grande do Sul.

Trata-se de uma criança de três anos, sem histórico de vacinação contra o sarampo, que residia no Paquistão (país endêmico para a doença) e se mudou para o Brasil em 26 de dezembro de 2023.

Passados mais de 90 dias desde o início dos sintomas, não foram identificados casos secundários.

Durante esse período, o monitoramento no Estado foi reforçado, e todas as ações necessárias foram realizadas pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias de saúde, incluindo busca ativa de casos e vacinação da população local, incluindo familiares, vizinhos e profissionais de saúde.

“A retomada das altas coberturas vacinais protege a população brasileira, inclusive em cenários como esse, uma vez que impede a transmissão interna do vírus no país mesmo com o registro de casos importados”, reforça o diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti.

Com informações: JC Online 

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