PESQUISA REVELA QUE ADESÕES AO CONSÓRCIO DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS CRESCERAM MAIS DE 350% EM CINCO ANOS

Por Ricardo Banana
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Ao contribuir para o desenvolvimento do agronegócio no Brasil, os consórcios injetaram potencialmente quase R$ 12 bilhões de 2019 a 2023
A alta produtividade do agronegócio brasileiro, um dos propulsores da economia, tem sido responsável por parcela significativa das exportações e bons saldos na balança comercial. O Sistema de Consórcios, item importante no planejamento agrícola e pecuário, esteve presente na conquista desses resultados.
Ao gerar lucratividade e reduzir despesas, os consórcios de tratores, máquinas e implementos agrícolas vêm, ano após ano, crescendo no meio produtivo e proporcionando avanços constantes em toda a cadeia do agronegócio.
Nos últimos quatro anos, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio tem participado, em média, com 25,1% do PIB do país. Em 2019 a participação foi de 21,4%, passando pelos 26,6% e 27,4% de 2020 e 2021, respectivamente, atingiu 24,8% em 2022, com perspectivas de 10% de crescimento para este ano, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – CEPEA Esalq /USP
Recente levantamento finalizado pela assessoria econômica da ABAC Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, junto às administradoras associadas que atuam no segmento de Veículos Pesados, no qual está incluído um terço de consorciados que objetivam a aquisição de tratores, máquinas e implementos para o setor agropecuário, revelou avanço no número dos participantes quando comparado aos últimos cinco anos.
Ao analisar os meses de março de 2019 a 2023, observou-se desempenho crescente dos participantes ativos. Em 2019 havia 105,00 mil participantes. Cinco anos depois, em 2023, atingiram 224,64 mil, anotando progresso de 113,9%, no período.
Crescendo ao lado do agronegócio, a modalidade registrou evolução de 350,4%% nas adesões mensais, saltando de 2,58 mil, em março de 2019, para 11,62 mil, no mesmo mês deste ano, evidenciando forte procura do setor.
Atualmente, o maior número de adesões localiza-se nas regiões Sudeste e Sul com 52,8%, sendo 29,2% no Sudeste e 23,6% no Sul. Na sequência ficaram o Centro-Oeste, com 19,8%; o Nordeste, com 16,0%; e o Norte, com 11,4%.
Para aqueles que puderam utilizar os créditos originários das contemplações ocorridas de 2019 até 2023, foram potencialmente injetados R$ 11,76 bilhões no mercado do agronegócio. Foram R$ 1,82 bilhão de reais, em 2019, chegando a R$ 3,06 bilhões, em 2022, com alta de 68,1%. Somente no primeiro trimestre deste ano, o volume alcançou R$ 874,73 milhões.
O total de consorciados contemplados saltou de 1,00 mil, em março de 2019, para 2,12 mil contemplações, naquele mesmo mês em 2023, registrando avanço de 112,0%
No final do primeiro trimestre deste ano, o maior volume acumulado de consorciados contemplados esteve na região Sudeste, com 27,2%. Depois vieram o Sul, com 26,9%; o Centro-Oeste, com 21,5%; o Nordeste, com 17,6%; e o Norte, com 6,8%
Aliados na modernização e ampliação de equipamentos ou de instalações, 70,8% dos participantes contemplados no consórcio de máquinas optaram por equipamentos novos e 29,2% pelos seminovos. Os bens mais escolhidos foram tratores, com 67,3%; colheitadeiras, com 4,7%; semeadoras e preparadoras, com 3,0%; e outros, com 25,0%.
Os créditos mais praticados estiveram entre R$ 10,00 mil e R$ 1,00 milhão, com média de R$ 366,36 mil. A taxa mensal média de administração ficou em 0,142%, considerando 100 meses de prazo médio de duração dos grupos. Os índices de correção utilizados nos contratos foram a tabela do fabricante, com 44,4%, e o IPCA, com 55,6%.
DADOS COMPLEMENTARES DA PESQUISA
Outras características apontadas na pesquisa revelaram que entre os participantes ativos, constatou-se que o perfil de pessoas físicas domina com 68,9%, enquanto o de pessoas jurídicas somou 31,1%.
Em pessoas físicas, apurou-se que 15,8% estão na faixa etária de 18 a 30 anos; 30,0% na de 31 a 45 anos; e 54,2% na acima de 45 anos.
Distribuídos pelo Brasil, os consorciados ativos focam basicamente 90,0% em produtos agrícolas e 10,0% os de origem animal, cujos tamanhos das propriedades variaram de até 50 ha, com 10,0%; de 51 a 300ha, com 30%; e acima de 301ha, com 60%.
“O crescimento do consórcio de máquinas e implementos agrícolas contribui diretamente para a expansão do agronegócio e consequentemente para o crescimento econômico do Brasil”, explica Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC. “Depois de atravessar as adversidades decorrentes das turbulências vivenciadas na pandemia bem como as climáticas em várias regiões, o mecanismo confirma que suas características e vantagens são os diferenciais que sensibilizam produtores e criadores sobretudo pelas peculiaridades adequadas ao planejamento do plantio e da produção animal”, completa.
Por ser a forma mais simples e econômica de adquirir bens, Rossi justifica o aumento das vendas de novas cotas nos grupos de consórcios: “o produtor-consorciado, ao escolher e considerar fatores como prazos de duração, datas de pagamentos adequados, taxa de administração, custo final, linha de crédito sempre disponível, entre outros, para ter máquinas, equipamentos, instalações, móveis ou fixas, com alta tecnologia embarcada, objetiva reduzir custos e aumentar a lucratividade”.
O Sistema de Consórcios também oferece oportunidades para aquisição de outros tipos de bens e serviços relativos ao agronegócio. No setor de imóveis, por exemplo, os créditos podem ser utilizados na construção de galpões, silos e outras instalações nas propriedades, bem como nas áreas de confinamento e reprodução.
Há ainda os que aderem aos consórcios para compra de aeronaves, especialmente voltadas ao manejo da lavoura como a aplicação de fertilizantes, sementes, pulverização de defensivos, combate às pragas e até combate a incêndios.
Por meio do sistema de consórcios é possível, ainda, ao setor agropecuário investir na aquisição de drones, equipamentos de segurança e de geração de energia, na informatização de gestão e controle dos negócios e da meteorologia, em fertilização, entre outros.
OS DIFERENCIAIS DAS PARCELAS DO CONSÓRCIO NO AGRONEGÓCIO
Além de praticar pequenas taxas de administração, os consórcios buscam proporcionar principalmente o poder de compra dos consorciados após as contemplações.
No agronegócio, de acordo com os diversos tipos de culturas e as variações de épocas de semeadura e colheita, tanto na monocultura como na policultura, e ainda na pecuária, há diversas formas de pagamento das parcelas dos consórcios:
1 – Pagamentos normais;
2 – Pagamentos por safra – pagamentos anuais;
3 – Pagamentos por safra – adiantamentos – pagamento trimestral ou semestral; e
4 – Meia parcela (reforço trimestral ou semestral).
QUADRO RESUMO – PESQUISA
VEÍCULOS PESADOS NO SISTEMA DE CONSÓRCIOS
Como complemento da análise, somente no mês de abril deste ano, registrou-se 224,5 mil participantes ativos, que representaram um terço dos 673,51 mil assinalados pelo setor de Veículos Pesados, voltados aos segmentos agrícola e pecuário.  Os outros dois terços, 449,01 mil consorciados, tinham e têm por objetivo a aquisição de bens destinados ao setor transportes rodoviários de carga e de passageiros.
DADOS DE ABRIL DE 2023 X 2022
PARTICIPANTES ATIVOS CONSOLIDADOS (CONSORCIADOS)
– 673,51 MIL (ABRIL/2023)
– 515,35 MIL (ABRIL/2022)
CRESCIMENTO: 30,7%
VENDAS DE NOVAS COTAS (NOVOS CONSORCIADOS)
– 89,75 MIL (JANEIRO-ABRIL/2023)
– 77,20 MIL (JANEIRO-ABRIL/2022)
  CRESCIMENTO: 16,3%
VOLUME DE CRÉDITOS COMERCIALIZADOS (ACUMULADO NO PERÍODO)
– R$ 14,04 BILHÕES (JANEIRO-ABRIL/2023)
– R$ 12,52 BILHÕES (JANEIRO-ABRIL/2022)
  CRESCIMENTO: 12,1%
TÍQUETE MÉDIO DO MÊS (VALOR MÉDIO DA COTA)
– R$ 168,07 MIL (ABRIL/2023)
– R$ 151,65 MIL (ABRIL/2022)
  CRESCIMENTO: 10,8%
CONTEMPLAÇÕES (CONSORCIADOS QUE TIVERAM A OPORTUNIDADE DE COMPRAR BENS)
– 23,09 MIL (JANEIRO-ABRIL/2023)
– 19,97 MIL (JANEIRO-ABRIL/2022)
  CRESCIMENTO: 15,6%
 
VOLUME DE CRÉDITOS DISPONIBILIZADOS (ACUMULADO NO PERÍODO)
– R$ 3,62 BILHÕES (JANEIRO-ABRIL/2023)
– R$ 3,30 BILHÕES (JANEIRO-ABRIL/2022)
  CRESCIMENTO: 9,7%

 

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