Saúde

Por que fortalecer as pernas é essencial para a saúde do cérebro e para envelhecer bem?

Imagine que seu corpo é uma casa de dois andares e suas pernas são os pilares que sustentam toda a estrutura. Com o tempo, se esses pilares enfraquecem, a estabilidade de tudo fica comprometida. É exatamente isso que acontece com o corpo humano à medida que envelhecemos: se os membros inferiores perdem força, a mobilidade diminui, o risco de quedas aumenta e até o cérebro pode ser afetado.

Talita Cezareti, profissional de Educação Física e especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), explica que começamos a perder massa muscular e força entre a terceira e quarta década de vida.

Após os 50 anos, perdemos, em média, de 1% a 2% de massa por ano. Por isso, o exercício físico é essencial tanto para quem deseja um envelhecimento saudável quanto para idosos que querem preservar sua qualidade de vida.

“Precisamos combater esse declínio [dos músculos] desde cedo. A partir dos 30 anos precisamos pensar em como estaremos 50 anos depois. É importante ter essa reserva de músculos. Estamos trabalhando com a prevenção,”, alerta a profissional.

A conexão entre músculo e cérebro

Um relatório da Comissão Lancet aponta que até 40% dos casos de demência poderiam ser evitados se fatores de risco como a inatividade física fossem reduzidos.

Somado a isso, estudos recentes têm mostrado que o fortalecimento dos membros inferiores está diretamente ligado à saúde cognitiva. Um deles acompanhou gêmeos idênticos por dez anos e descobriu que aqueles com maior força nas pernas apresentaram um declínio cognitivo significativamente menor do que seus irmãos mais fracos.

O fortalecimento das pernas melhora a circulação sanguínea e otimiza o transporte de oxigênio e nutrientes para o cérebro, ajudando a preservar as funções cognitivas. Além disso, a contração muscular estimula vias neurobiológicas específicas.

“Exercícios de resistência, especialmente para os membros inferiores, aumentam a produção de fatores neurotróficos, como o BDNF (brain-derived neurotrophic factor), que promovem a neuroplasticidade e reduzem o risco de neurodegeneração​. Eles melhoram a eficiência cognitiva e reduzem o risco de demência”, esclarece a profissional de Educação Física.

A recomendação é praticar exercícios resistidos pelo menos duas a três vezes por semana, ajustando os estímulos à capacidade de cada indivíduo, sempre com intensidades progressivas. E, claro, sempre com a orientação de um profissional. (G1 Saúde/Foto:drobotdean/Freepik)

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