Por que técnica de vacinas mRNA revolucionou a medicina e ganhou o Nobel

Bioquímica húngara e imunologista dos EUA estudaram modificações de base de mRNA que eliminaram obstáculos e permitiram criar imunizantes contra Covid-19

Por Ricardo Banana
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Nesta segunda-feira (2), o comitê do Prêmio Nobel no Instituto Karolinska, na Suécia, concedeu o prêmio de Fisiologia ou Medicina aos cientistas Katalin Karikó e Drew Weissman por seus estudos que permitiram o desenvolvimento de vacinas de mRNA eficazes contra a Covid-19 durante a pandemia.

A Assembleia do Nobel afirma que as descobertas da dupla mudaram a compreensão de como o mRNA (RNA mensageiro) interage com nosso sistema imune. “Os laureados contribuíram com a taxa sem precedentes de desenvolvimento de vacinas durante uma das maiores ameaças à saúde humana nos tempos modernos”, afirma o comitê, em comunicado.

Mas os esforços dos cientistas começaram bem antes da pandemia de Covid-19. A bioquímica húngara Katalin Karikó se dedicou ao desenvolvimento de métodos para usar o mRNA já na década de 1990, quando era professora assistente na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. O imunologista Drew Weissman era seu colega na universidade.

Weissman estava interessado em células dendríticas, que têm funções importantes na vigilância imunológica e na ativação de respostas imunes induzidas por vacinas. Logo, ele e a professora começaram a colaborar.

Descoberta que imunizou o mundo

O mRNA recebe a informação genética codificada no DNA e é usado como modelo para a produção de proteínas. Métodos de produção da molécula sem cultura celular, chamados de transcrição in vitro, apresentaram falhas, dado que o resultado era um mRNA instável, que levava a reações inflamatórias.

Segundo observaram os pesquisadores, a liberação de moléculas sinalizadoras inflamatórias ocorria porque as células dendríticas reconheciam o mRNA transcrito in vitro como uma substância estranha. De modo curioso, o mesmo não acontecia com o mRNA de células de mamíferos.

Karikó e Weissman sabiam que as bases do RNA de células de mamíferos são frequentemente modificadas quimicamente — o que não é o caso do mRNA transcrito in vitro. Então se perguntaram se isso poderia explicar a reação inflamatória.

Para investigar isso, eles produziram diferentes variantes de mRNA, cada uma com alterações químicas exclusivas em suas bases, que foram entregues às células dendríticas. Os resultados revelaram que a resposta inflamatória foi quase abolida quando as modificações de base foram incluídas no mRNA. Tais resultados foram publicados em 2005, quase 15 anos antes da pandemia de Covid-19.

Em 2008 e 2010, Karikó e Weissman fizeram novos estudos, mostrando que a entrega de mRNA gerado com modificações de base aumentou acentuadamente a produção de proteínas em comparação com o mRNA não modificado. Isso ocorreu devido à redução da ativação de uma enzima que regula a produção de proteínas.

Com informações da Revista Galileu

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