Familiares do paciente que teria sido o primeiro óbito da Covid-19 em Afrânio, no Sertão do São Francisco, acusa o prefeito da cidade, Rafael Cavalcanti, de constrangimento ao fazer a divulgação do caso em suas redes sociais, após eles terem conhecimento que o resultado dos exames de confirmação para coronavírus só sairia em 7 dias úteis.
O paciente faleceu na terça, 9, foi enterrado na madrugada de terça para a quarta, 10 e nesta quinta, 11, a família disse que foi avisado por parentes que o prefeito teria ido as suas redes sociais, anunciar que Afrânio teria tido sua primeira morte por Covid-19, só faltando falar o nome do paciente. A questão é: como o prefeito teve esse resultado, se a confirmação só veria em 7 dias úteis e no outro dia o prefeito teria tido essa confirmação?
“Achamos falta de respeito com nós, familiares, ficamos questionando o prefeito em suas redes sociais e depois de muito insistir, ele passou a nos responder, mas não explicou como soube dessa confirmação se nem a gente que é família, tinha recebido nada da secretaria de Saúde”, relatou a nora do paciente, Joane Bruna Alves Nunes.
Os familiares se sentem profundamente constrangidos, desrespeitados e ainda descordam que a causa teria sido por coronavírus como relata o filho da vítima, Wanderson Soares Barbosa, pois nos primeiros antedimentos do pai na AME do Gercino Coelho, o médico teria apontado sintomas de dengue hemorrágica.
“Levei meu pai para a UPA em Petrolina com sintomas de febre, pois o remédio que tomou não fez com que a febre parasse. Resolvemos levar para a UPA no domingo, 7. O médico atendeu e muitas das perguntas sobre coronavírus não batia. Voltei com ele para casa, após medicado. Ele saiu andando e falando normalmente. Fui em casa na segunda, 8, de manhã e ele disse que estava bem, mas neste mesmo dia à tarde ele apresentou uma disenteria. Na terça ele continuou com a diarreia, e levei para a AME do Gercino Coelho e lá o médico diagnosticou como se fosse dengue hemorrágica, após análise das fezes e encaminhou para a UPA, onde mediram a oxigenação dele e não deu nada de falta de ar”, detalhou o filho da vitima que acusa ainda a UPA de demora no atendimento.
“Ainda demoraram atender meu pai para aferir a pressão. Meu pai começou a desfalecer na minha frente, revirar os olhos, foi quando dei um grito e vieram atender e encaminharam logo para a sala vermelha e disseram que ele seria entubado”, acrescentou o filho que saiu para comprar alguns materiais solicitados pelo atendimento na UPA.
“Fui providenciar material que pediram, quando voltei disseram que meu pai já tinha conseguido uma UTI, que tinha tido até sorte. Mas quando foram buscar meu pai, só veio o maqueiro, foi quando me encaminharam para falar com o médico que atendeu meu pai na hora em que ele deu as paradas cardíacas. Meu pai entrou na UPA atendido por uma médica e quem me deu a notícia da morte dele com suspeita de Covid, foi um médico que enfatizou até que atendeu meu pai sem proteção nenhuma. Fui informado que a acusa teria sido insuficiência aguda grave e me passaram que por ele ter fumado 32 anos, apesar de ter parada há seis anos, que o pulmão dele não ajudou”, detalhou Wanderson.
Depois de tudo isso veio essa informação do prefeito que abalou bastante a família. “Ele não tinha direito de divulgar da forma que fez que na Secretaria de Saúde não tinha sido passado para ele. Que chegou às mãos do prefeito por meio da Geres. Então não é justo com meu pai, com minha mãe, Eu não tive o direito de ver meu pai que eu estava conversando com ele meio-dia e as 15h eu estava sabendo da morte do meu pai que era uma pessoa saudável”, finalizou Wanderson Soares, emocionado, ele lamenta a exposição que o prefeito Rafael Cavalcanti tem feito sua família passar.
A família disse ainda que não vem tendo assistência nenhuma da ação social de Afrânio, nem da saúde, nem da UPA e muito menos do prefeito. “Eu digo uma coisa, não vou sossegar enquanto não saber o que aconteceu nessa questão da causa da morte do meu pai que era uma pessoa saudável. Nunca vi meu pai em médico”, concluiu Wanderson. (Por Ricardo Banana).