O especialista em medicina fetal do Hospital Dom Malan, Marcelo Marques, e a coordenadora médica do Biama, Flávia Guimarães, alertam sobre os riscos do consumo de álcool e outras drogas durante a gestação e a amamentação. O aviso vem na semana em que se celebra no Brasil o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo e Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo (18 e 20/02).
De acordo com o médico, a ingestão de álcool na gravidez, mesmo que em pequena quantidade, eleva o risco de parto prematuro, sendo esta a maior causa de mortalidade infantil no Brasil. “Como consequência o bebê também pode nascer com baixo peso”, afirma.
Ao contrário do que muitos dizem, não existe um consenso sobre a quantidade segura que pode ser ingerida. “O ideal mesmo é que as mulheres parem de beber completamente neste período, ou até mesmo um pouco antes de tentar engravidar”, aconselha o profissional.
A ingestão de álcool em grande quantidade pode, inclusive, resultar na síndrome do alcoolismo fetal (SAF) que é um conjunto de sinais e sintomas apresentados pelo feto em decorrência desse comportamento da mãe.
“Além da prematuridade e baixo peso também podemos citar déficit de crescimento, alterações em características faciais e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor como sintomas da SAF”, complementa.
A recomendação da abstinência alcoólica continua igual na amamentação, pois tudo que a mãe consome chega ao bebê através do leite. O álcool também inibe o hormônio prolactina, que é responsável pela produção do leite materno. “Ele pode alterar o cheiro e o sabor, ocasionando a recusa da criança ao alimento”, adverte a coordenadora Dra. Flávia.
O álcool é um depressor do sistema nervoso central e pode causar efeitos no recém-nascido como: alteração no padrão de sono, redução da ingestão de leite, hipoglicemia e até prejuízos no desenvolvimento motor do bebê. Na dúvida, consulte sempre um profissional de saúde.
Outras drogas
O cigarro, por exemplo, causa a redução do fluxo sanguíneo uterino e está associado, entre outros problemas, também ao baixo peso, abortamento, parto prematuro, descolamento de placenta e anomalias congênitas.
A maconha, por sua vez, aumenta o risco de problema cardíaco no feto. Ela também afeta o neurodesenvolvimento na infância e na adolescência, diminuindo a habilidade de resolver problemas. As crianças expostas intraútero à maconha frequentemente apresentam aumento da hiperatividade, impulsividade e delinquência.
Já o consumo de drogas mais perigosas como cocaína e crack podem ocasionar problemas bem piores para a mãe e o feto, uma vez que essas gestantes, em sua maioria não realiza acompanhamento gestacional.
