Que diferença o tempo faz! Há pouco mais de um ano, o PSDB era o porta-voz de um discurso moralista e hipócrita na política brasileira. Nesta noite, após reunião de sua Executiva Nacional, em Brasília, os tucanos decidiram se tornar o sustentáculo da corrupção no Brasil.
Sim, o PSDB reafirmou o apoio a Michel Temer, que nos próximos dias será denunciado por corrupção, obstrução judicial e organização criminosa, depois que seu ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures recebeu uma mala com R$ 500 mil em propinas. Tudo, é claro, em nome das reformas trabalhista e previdenciária.
Isso significa que o partido que perdeu as últimas quatro eleições presidenciais, mas chegou ao poder por meio de um golpe parlamentar, permanece na base governista.O motivo declarado é garantir o apoio às reformas, que são rechaçadas pela população brasileira. No entanto, há também um o objetivo não declarado, que é salvar o senador afastado Aécio Neves, que poderia ser cassado no conselho de ética do Senado, se os tucanos retirassem o apoio a Temer. Sem esse apoio, o PMDB de Romero Jucá estava pronto para guilhotinar Aécio, o senador que tocou fogo no País “só para encher o caso” e que viu seus 48,5 milhões de votos na última eleição presidencial virarem pó. Na última pesquisa, Aécio apareceu com 1%.
O político mineiro, no entanto, não é o único tucano encrencado com a Justiça. O PSDB também precisa garantir o foro privilegiado de alguns de seus ministros, como Aloysio Nunes e Bruno Araújo, que devem ser denunciados ao Supremo Tribunal Federal.
Ou seja: em pouco mais de um ano, o PSDB trocou a condição de partido moralista pela de sustentáculo da corrupção no Brasil. A tal ponto que até o procurador Deltan Dallagnol, sempre obcecado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passou a dizer que a solução para salvar a Lava Jato é prender Aécio.
Tarde demais: o golpe dos corruptos contra a presidente honesta já foi dado e a corrupção está no poder. Com a assinatura e o DNA do PSDB.
Leia, abaixo, reportagem da Reuters sobre o apoio tucano a Temer
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) – Principal parceiro do governo, o PSDB deverá manter o apoio ao presidente Michel Temer com “condicionantes” após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de absolvê-lo no processo que poderia cassá-lo, na avaliação de importantes quadros da legenda ouvidos pela Reuters.
A Executiva Nacional do partido realiza nesta segunda-feira uma reunião para avaliar a situação do governo e decidir se permanece avalizando Temer, que está sob pressão também por ser alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por suspeita de ter praticado os crimes de organização criminosa, corrupção passiva e obstrução de Justiça.
Iniciada por volta das 18h, o encontro ampliado da Executiva do partido conta com aproximadamente 60 participantes dentre governadores, prefeitos, deputados, senadores e ministros da legenda– caso dos titulares da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, e das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do prefeito da capital paulista, João Doria, além do presidente nacional interino da sigla, senador Tasso Jereissati (CE).
A avaliação de tucanos é que a absolvição pelo TSE –em processo originalmente movido pelo PSDB– deu um fôlego para Temer continuar à frente do Palácio do Planalto e seguir na condução da agenda de reformas, tida como principal motivo para o respaldo da legenda ao governo.
Contudo, esse apoio está ligado ao não surgimento de fatos novos que venham a inviabilizar a gestão do peemedebista, segundo critérios desses dirigentes.
Entre as condicionantes, estão tanto o peso das acusações que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fará contra Temer no episódio envolvendo a delação da JBS e uma eventual paralisia na tramitação das reformas no Congresso, em especial a da Previdência, além da possível desidratação do texto dessa reforma para agradar ao restante da base aliada.
Para evitar o rompimento com o governo, medida que tem sido cobrada em sua maioria pelos integrantes mais jovens da legenda, a cúpula tucana faz o seguinte cálculo: o partido quer firmar um pacto de “reciprocidade” com o PMDB, o maior partido do país, a fim de viabilizar uma candidatura presidencial em 2018, seja do governador paulista, Geraldo Alckmin, do prefeito paulistano, João Dória, ou de outro nome da legenda.
Afastar-se dos peemedebistas poderia levar ao isolamento do PSDB em relação a outras legendas que rondam o espectro político do governo, como o DEM e o PPS, com prováveis prejuízos no próximo ano em termos de aliança.
Para o secretário-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP), com a decisão do TSE de manter Temer no cargo, seria “contramão” para a legenda não permanecer apoiando o governo.
“Isso poderia por em risco o que o país conseguiu”, advertiu Torres, o principal aliado de Alckmin na atual direção partidária.
“O projeto político do PSDB é lançar uma candidatura a presidente ano que vem e nós temos que avaliar como fazer esse projeto avançar: fazer isso em sintonia com o governo Temer ou isso independente do governo?”, questionou o líder do partido no Senado, Paulo Bauer (SC).
“Como partido que deu apoio ao governo no início, não precisaríamos deixá-lo neste momento de crises e problemas”, completou.
Apesar do desejo de deputados da legenda de entregarem os quatro ministérios que ocupam, há quem na atual direção partidária seja contra a “saída da Esplanada” com a manutenção do apoio às reformas do governo apenas no Congresso. Argumentam que a medida não teria eficácia porque poderia desobrigar integrantes do partido a apoiar a agenda de reformas.
Há ainda um fator colateral: o apoio do PSDB ao governo peemedebista deve evitar também o avanço do processo de cassação do presidente licenciado do partido, o senador Aécio Neves (MG), também envolvido na delação da JBS. O Conselho de Ética do Senado é comandado pelo PMDB, que dita o rumo do caso.
A tendência é que o partido não tome qualquer decisão sobre permanência ou não na base do governo na reunião desta segunda-feira.
“Não é o momento”, ponderou o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, questionado sobre a possibilidade de uma decisão na noite desta segunda.
Na mesma linha, o senador José Serra (SP), disse esperar uma “boa discussão” para ouvir os “diversos segmentos” do PSDB e “sentir a alma do partido”.
Em outra frente, o governador do Paraná, Beto Richa, defendeu a continuidade do apoio ao governo e às reformas.
“Isso está possibilitando uma reativação positiva da economia”, disse o governador tucano.
A avaliação é que, no máximo, o partido fixe um prazo limite para que as “condicionantes” sejam cumpridas, do contrário podem deixar a aliança.
Essa decisão, no entanto, deve provocar um racha no partido por conta do descontentamento de parlamentares tucanos mais jovens que defendem o desembarque do governo, grupo liderado pelo deputado Daniel Coelho (PE).
Não está descartada, inclusive, a saída de alguns desses deputados do partido, o que pode desfalcar a bancada tucana em entre seis e 10 parlamentares. Aécio já foi informado por aliados desse movimento de “diáspora” na bancada. (247)
Blog do Banana