Qual é a relação entre consumo alcoólico e câncer?

Por Ricardo Banana
A+A-
Reset
   De acordo com um relatório de 2016 do Cancer Research UK (Ref.1-2), o consumo alcoólico irá causar um total de cerca de 135 mil mortes por câncer entre 2015 e 2035 só no Reino Unido. Isso acarretará um custo extra de 2 bilhões de libras para o NHS (Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido) e cerca de 1,2 milhão de admissões nos hospitais. Esses números são baseados na tendência dos últimos 40 anos em termos de consumo alcoólico. Outro dado mais do que óbvio para você, que provavelmente deve estar surpreendido com a associação entre consumo alcoólico e câncer, é que cerca de 9 entre cada 10 pessoas não sabiam dessa associação segundo uma pesquisa feita também em 2016 pelo Cancer Research UK entre a população Britânica. Nos EUA, em um estudo mais recente (Ref.), apenas 25% e 20% do público associavam o consumo de cerveja e o consumo de vinho, respectivamente, a um maior risco de câncer. Se em dois países de 1° mundo o desconhecimento do público para esse problema está nesse nível, imagina em países menos desenvolvidos.
Câncer é a segunda maior causa de mortes no mundo, respondendo por 9,6 milhões de mortes estimadas em 2018 (Ref.38). A partir de 2025 é previsto que 19,3 milhões de novos casos de câncer passarão a ser diagnosticados a cada ano. E o pior disso tudo é que nos últimos 45 anos, conseguimos diminuir a taxa de mortalidade pela doença em apenas 10%, tornando-se mais do que necessário medidas para melhor preveni-la e tratá-la, algo que fica ainda mais complicado com o grande espectro de tipos de tumores que podem se desenvolver no corpo. E uma das medidas mais eficazes para combatermos o câncer é a máxima disseminação de informações ao público sobre os fatores de risco que aumentam as chances de um indivíduo desenvolver a doença, independentes ou não de predisposição genética.
         Infelizmente, a conscientização da população a nível mundial em relação a tópicos de saúde ainda é bastante deficiente e a desinformação se alastra como um vírus, aprofundando ainda mais os danos ao público. Na questão específica do câncer, as pessoas costumam associar apenas o fumo, a radioatividade, o excesso de Sol e produtos químicos industriais como os únicos culpados. Mas, como já explorado em um artigo anterior no Saber Atualizado, a obesidade entra como outro grande fator de risco (1) e, neste artigo, exploraremos nosso outro grande culpado negligenciado: o consumo alcoólico, o qual o terceiro maior fator de risco modificável para o câncer após o uso de tabaco e o excesso de gordura corporal e uma causa estabelecida de pelo menos 7 tipos de cânceres.
As bebidas alcoólicas são formadas pela fermentação alcoólica de açúcares e amidos por leveduras (um tipo de fungo) agindo em algum tipo de extrato vegetal. No caso da cerveja, é a cevada, no vinho, a uva. O produto fermentado pode também ser destilado para a formação de bebidas como a pinga. A substância principal produzida nessa fermentação é o etanol, popularmente chamado de ‘álcool’ (2). Virtualmente, todos os efeitos causados pelo consumo alcoólico é devido, direta e indiretamente, ao etanol, incluindo a tontura, o vício e a ressaca. Bem, além do que já descobrimos, ou seja, que as bebidas alcoólicas são um forte fator de risco para o câncer, o consumo exagerado de etanol causa diversos outros danos no corpo (especialmente no fígado), danos a terceiros (acidentes de trânsito e comportamento agressivo) e grandes prejuízos sociais. O alcoolismo, portanto, é um preocupante problema no mundo, por afetar inúmeras pessoas e englobar cada vez mais vítimas com o passar dos anos. Entre as bebidas, podemos estimar o conteúdo quantitativo de álcool/etanol como:

– Cervejas e cidras: entre 3 e 7%
 Vinhos e saquê: entre 9 e 15%
 Vinhos fortificados com destilados, como o do porto: entre 16 e 20%
 Destilados, como a vodka, pinga e rum: normalmente entre 35 e 40%, podendo ser maior em vários casos

Segundo várias agências de saúde, um consumo alcoólico moderado representa algo em torno de 1 drink (14 gramas de puro álcool) por dia para as mulheres e em torno de 2 drinks por dia para os homens. Um consumo pesado é a ingestão de mais de 3 drinks em qualquer dia ou mais de 7 por semana para as mulheres e mais de 4 drinks em qualquer dia ou mais de 14 drinks por semana para os homens. Para termos uma noção de quanto 1 drink representa, seria o mesmo que consumir qualquer uma das quatro opções abaixo:

 Cerca de 282 ml de cerveja;
 Cerca de 188 ml de uma cerveja com alta porcentagem de álcool;
 Cerca de 118 ml de vinho;
 Cerca de 109 ml de saquê Japonês
 Cerca de 35 ml de um destilado 40%.

  O risco para o desenvolvimento de câncer no organismo é maior à medida que o consumo alcoólico aumenta, especialmente em quantidades que vão de moderadas a pesadas. Um estudo recente, publicado no periódico Addiction (Ref.33) e analisando a população Francesa, encontrou que se as pessoas consumissem um máximo de 10 drinks por semana, seria possível prevenir quase 16 mil casos de câncer por ano apenas na França. Além disso, estudos nos últimos anos fortemente indicam que existe um aumento significativo de risco mesmo com o consumo alcoólico leve, sugerindo que não existe um limiar de completa segurança. Inclusive, em um estudo publicado no periódico Cancer (Ref.25), pesquisadores mostraram que o consumo leve de bebidas alcoólicas entre a população Japonesa estava associado com um risco 5% maior de desenvolver câncer, e o risco geral de câncer mostrou ser o menor quando o consumo alcoólico era zerado.

Isso sem contar que como cerca de 25% do consumo alcoólico no mundo não é registrado, o álcool pode ser um fator de risco para o câncer ainda maior do que o sugerido nos estudos observacionais. No geral, cerca de 3,6% dos casos de câncer e entre 3,5 e 5% de mortalidade diretamente associada à doença no mundo estão comprovadamente ligados ao álcool, onde os homens são os mais afetados por beberem mais do que as mulheres. A Sociedade Americana de Oncologia Clínica estima que anualmente acima de 5% dos novos casos de cânceres no mundo são atribuíveis ao consumo alcoólico. Em 2020, foi estimado que 4,1% de todos os novos casos de câncer no mundo foram causados pelo consumo alcoólico (Ref.46). Entre os cânceres que estão comprovadamente ou com fortes evidências de associação com a ingestão alcoólica estão:

     Existem outros cânceres que podem estar associados com o consumo alcoólico, mas as evidências são ainda inconsistentes ou limitadas. Nesse grupo, podemos incluir o câncer de pâncreas, ovário, próstata, estômago, útero e bexiga (4). Um estudo publicado em 2019 no Cancer Prevention Research (Ref.28) mostrou que adolescentes (15-19 anos) que consomem, no mínimo, 7 drinks por semana possuem 3,2 vezes mais chance de serem futuramente diagnosticados com um câncer de próstata de significativa severidade. Como a próstata é um órgão masculino que cresce rápido na puberdade, ela acaba ficando mais suscetível a agentes carcinogênicos externos, como o etanol. Os pesquisadores responsáveis por esse estudo sugerem que a associação entre câncer de próstata e bebidas alcoólicas não tinha sido antes estabelecida porque o período de consumo alcoólico durante o desenvolvimento do corpo masculino parece ser o fator crucial, e não um padrão seguido ao longo da vida. No Japão, o consumo alcoólico tem sido fortemente associado com um aumento no risco de câncer gástrico nos homens, independentemente da localização do tumor (Ref.34). Um robusto estudo observacional publicado em 2021 no periódico The American Journal of Gastroenterology (Ref.40), analisando dados de quase 500 mil indivíduos nos EUA, encontrou uma significativa associação entre pesado consumo alcoólico e câncer gástrico.
         Para os casos já cientificamente estabelecidos, os riscos aumentam ainda mais quando outros fatores de risco são misturados, especialmente o fumo do tabaco. O fumo, aliás, se misturado com o álcool, aumenta os riscos mais do que cada um desses fatores isolados para o câncer na região oral e na faringe, além de possíveis outros. Uma pessoa obesa que fuma e consome frequentemente bebidas alcoólicas, por exemplo, fica sob um sério risco de desenvolver câncer.
   ESTUDO NO THE LANCET
          Um robusto estudo populacional publicado recentemente no periódico The Lancet Oncology (Ref.31) reforçou o alerta relativo à relação entre consumo alcoólico em qualquer nível e múltiplos cânceres. No estudo, os pesquisadores encontraram que 741300 de todos os novos casos de câncer em 2020, ou 4,1% do total, foram atribuíveis ao consumo alcoólico, especialmente cânceres de esôfago, fígado e mamas.
          Consumo alcoólico pesado (>60 g de etanol por dia) respondeu por 46,7% do total, consumo alcoólico arriscado (20-60 g/dia) por 39,4%, e consumo alcoólico moderado (<20 g/dia) por 13,9%. O consumo alcoólico de até 10 g de etanol por dia (ex.: em torno de 200 ml de cerveja tradicional) contribuiu com 41300 novos casos. E considerando limitações do estudo (co-fatores de associação, como a pandemia), esses números podem estar subestimados.
          Cânceres do trato aerodigestivo (cavidade oral, faringe, laringe e esôfago) e cânceres do cólon, reto, fígado e mama – ligados fortemente ao consumo alcoólico – responderam globalmente por 6,3 milhões de casos de câncer e 3,3 milhões de mortes em 2020. Infelizmente, existe pouco conhecimento do público geral sobre a associação entre câncer e consumo alcoólico, algo que seria de extremo interesse para indivíduos com fatores de risco (ex.: genético, familiar) para certos tipos de câncer.
   MECANISMOS CARCINOGÊNICOS
           O tipo de bebida alcoólica não importa, porque o agente cancerígeno de interesse é o álcool (etanol no caso), estabelecido como um carcinogênico de mais alto nível (Grupo I) pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer em 1988 (Ref.13) e reconhecido pela Organização Mundial de Saúde desde a década de 1990 (Ref.32). Quanto mais prolongado o consumo alcoólico, e quanto maior o consumo, maior é o acúmulo de risco para o desenvolvimento de cânceres, e este acúmulo de risco não é apagado mesmo se o indivíduo cesse a ingestão de etanol. E como o etanol aumenta o risco de câncer? Temos múltiplos mecanismos propostos:

 Acetaldeído: O acetaldeído é o produto tóxico formado durante a metabolização da etanol/álcool no corpo, e que causa grande parte dos danos associado com o consumo alcoólico. O acetaldeído – outro carcinogênico do Grupo I – pode danificar o processo de reparação do DNA e as proteínas do corpo, além de potencialmente causar estresse oxidativo, processos inflamatórios (1) e ativação de sinalizadores que ajudam a promover a proliferação de tumores malignos.  Somando-se a isso, essa substância faz com que as células do fígado cresçam mais rápido do que o normal, o que pode fazer com que elas esbarrem mais facilmente em genes no seu interior relacionados com o câncer.

———-
> Em relação específica aos danos no DNA, o acetaldeído se acumula nas células e então acaba reagindo com a cadeia de dupla hélice do DNA. Essa reação pode ligar as duas fitas do DNA, gerando uma forma extremamente prejudicial de dano conhecida como ‘ligação cruzada inter-cadeias de DNA’.
———-

Aqui vale ressaltar que uma grande parte da população asiática pode ter um risco geral maior de desenvolver câncer a partir do acetaldeído por causa de certas mutações genéticas (Por que os japoneses ficam vermelhos depois do consumo alcoólico?). Em um primeiro caso, vários chineses, coreanos e, principalmente, japoneses possuem uma variação no gene responsável pela enzima ADH (álcool dehidrogenase), esta a qual é responsável pelo metabolismo do álcool e formação do acetaldeído. Essa variação faz com que a enzima fique super ativa, produzindo grandes quantidades de acetaldeído com o álcool ingerido pela pessoa em um pequeno espaço de tempo, algo que aumenta os danos do acetaldeído. Já no leste asiático, é comum que várias pessoas possuam uma mutação no gene responsável pela enzima ALDH2 (aldeído desidrogenase 2) – esta a qual é responsável por metabolizar o acetaldeído em substâncias não tóxicas – que a deixa defeituosa. Isso faz com que o acetaldeído produzido no corpo durante o consumo alcoólico fique por mais tempo circulando na corrente sanguínea, causando ainda mais danos. E pessoas que possuem um ou ambos os problemas, e que consomem muita bebida alcoólica, estão em um grande risco de desenvolver cânceres.

 Danos oxidativos: O consumo alcoólico gera uma maior quantidade de espécies reativas oxigenadas, as quais podem causar danos no DNA, proteínas e lipídios a partir de reações de oxidação, algo que, por sua vez, pode criar condições ideais para o surgimento e proliferação de células cancerígenas.

 Deficiência nutricional: O consumo alcoólico pode atrapalhar o processo de digestão e absorção de nutrientes que podem estar associados a mecanismos de prevenção ao desenvolvimento de cânceres no corpo, como ácido fólico, vitamina C, vitamina D, vitamina E e carotenoides. A metilação do DNA, por exemplo, pode ficar comprometida com a deficiência de ácido fólico e ação direta tanto do álcool quanto do acetaldeído, algo que pode levar a defeitos no material genético e potencial desenvolvimento de tumores.

 Estrógenos: O consumo alcoólico pode aumentar o nível de estrógenos (principais hormônios sexuais femininos, como o estradiol) na circulação sanguínea da mulher. Um dos mecanismos propostos para esse efeito é que o já mencionado ADH leva à oxidação do etanol, o que aumenta o estado redox do tecido hepático e, isto, inibe o catabolismo dos esteroides sexuais (incluindo os estrógenos), fazendo a concentração desses hormônios aumentar no sangue. E o aumento no nível de estrógenos é especialmente importante no desenvolvimento do câncer de mama (1).

 Doenças: Células compondo um tecido vivo controlam a própria proliferação celular entre elas. Vários fatores, como infecções e inflamações, facilitam a proliferação de células malignas, já que danos ao microambiente dos tecidos ou morte massiva de células podem impedir que as células tumorais sejam reconhecidas como inimigos, sendo deixadas se proliferando à vontade (o corpo compensa a morte de muitas células, por exemplo, deixando o máximo possível daquelas restantes se proliferarem). Além disso, desorganizações no tecido causadas por doenças também podem deixar que células nocivas escapem do controle, podendo deixá-las livres para se proliferarem. Podemos citar que a cirrose (causada pelo excesso do consumo alcoólico via danos promovidos pelo acetaldeído) no fígado e a fibrose no pulmão aumentam consideravelmente os riscos de desenvolvimento de cânceres nesses órgãos.

 Solvente: O álcool/etanol é um excelente solvente orgânico e pode facilitar a absorção pelo corpo de compostos cancerígenos, os quais poderiam ter sido eliminados ou quebrados pelo trato digestivo caso esse solvente não estivesse presente. Isso provavelmente explica porque associar o fumo com o consumo alcoólico aumenta substancialmente os riscos de desenvolvimento de tumores malignos, já que substâncias cancerígenas sendo depositadas no trato digestivo superior pela fumaça estariam sendo assimilados mais facilmente pelo organismo com a ajuda do etanol.

 Contaminantes: Durante o processo de produção das bebidas alcoólicas, várias substâncias podem acabar se misturando no produto, como nitrosaminas, fibras de asbestos, fenóis, e certos hidrocarbonetos. Mas esses contaminantes representariam um fator de risco menos relevante em relação ao etanol, por estarem em quantidades muito diminutas.

———–
> CAVIDADE ORAL: Os efeitos carcinogênicos do etanol nos cânceres que afetam a cavidade oral estão associados a múltiplos mecanismos no qual essa substância está envolvida diretamente ou através do acetaldeído. O acetaldeído é formado na cavidade oral através de catabolismo microbiano do etanol e via conversão por células epiteliais. Além disso, como o acetaldeído não pode ser catabolizado na cavidade oral, seus níveis chegam a ser 10-100 vezes maiores do que os níveis sanguíneos após o consumo alcoólico. Diretamente, o etanol aumenta a carcinogênese na cavidade oral ao induzir hipometilação DNS – a qual altera a expressão de proto- e anti-oncogenes, diminui o metabolismo da proteína CYP2E1, e subsequentemente diminui os níveis de ácido retinoico, levando a um estado de imunodeficiência que promove oncogênese. Por fim, como já mencionado, o etanol pode dissolver e facilitar a absorção de carcinogênicos nos tecidos bucais.
REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. http://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/causes-of-cancer/alcohol-and-cancer
  2. https://www.eurekalert.org/pub_releases/2016-11/cru-1ac111716.php
  3. https://www.cancer.gov/about-cancer/understanding/statistics
  4. http://www.cdc.gov/cancer/international/statistics.htm
  5. https://www.cancer.gov/about-cancer/causes-prevention/risk/alcohol/alcohol-fact-sheet
  6. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4322512/ 
  7. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0749379713006466
  8. http://jnci.oxfordjournals.org/content/early/2013/08/24/jnci.djt213.short
  9. http://www.nature.com/bjc/journal/v112/n3/abs/bjc2014579a.html 
  10. http://pubs.niaaa.nih.gov/publications/arh25-4/263-270.htm 
  11. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1470204506705770 
  12. http://pubs.niaaa.nih.gov/publications/arh25-4/245-254.htm 
  13. Klein et al. (2018). Awareness of the Link between Alcohol Consumption and Cancer across the World: A Review. Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, 27 (4): 429–437. https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-17-0645 
  14. http://annonc.oxfordjournals.org/content/24/2/301.short
  15. http://alcalc.oxfordjournals.org/content/47/3/204.short
  16. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24512927
  17. http://pubs.niaaa.nih.gov/publications/arcr351/25-35.htm 
  18. http://annonc.oxfordjournals.org/content/24/3/807.short
  19. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1530-0277.2012.01888.x/full
  20. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/mc.22538/full
  21. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3767845/
  22. http://journals.lww.com/eurjcancerprev/Abstract/2013/07000/Alcohol_and_dietary_folate_intake_and_the_risk_of.11.aspx 
  23. http://www.cancer.org/cancer/cancercauses/dietandphysicalactivity/alcohol-use-and-cancer
  24. AcesseCâncer e Álcool
  25. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/add.13477
  26. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/cncr.31215
  27. https://www.nature.com/articles/bjc2014579
  28. https://www.aacr.org/Newsroom/Pages/News-Release-Detail.aspx
  29. http://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45613-consumo-abusivo-de-alcool-aumenta-42-9-entre-as-mulheres
  30. Wang, M. et al. Chem. Res. Toxicol. 13, 1149–1157 (2000).
  31. Harriet et al. (2021). Global burden of cancer in 2020 attributable to alcohol consumption: a population-based study, The Lancet Oncology, Volume 22, Issue 8, 2021, Pages 1071-1080, ISSN 1470-2045. https://doi.org/10.1016/S1470-2045(21)00279-5
  32. Yang et al. (2021). Province-specific alcohol-attributable cancer deaths and years of potential life lost in China, Drug and Alcohol Dependence, Volume 218, 2021, 108431, ISSN 0376-8716. https://doi.org/10.1016/j.drugalcdep.2020.108431
  33. Chase et al. (2021). Modelling the number of avoidable new cancer cases in France attributable to alcohol consumption by following official recommendations: a simulation study. Addiction, Volume 116, Issue 9, Pages 2316-2325. https://doi.org/10.1111/add.15426
  34. https://www.jstage.jst.go.jp/article/jea/31/1/31_JE20190304/_article/-char/ja/
  35. Matsuo et al. (2021). Alcohol consumption and breast cancer risk in Japan: A pooled analysis of eight population-based cohort studies. International Journal of Cancer, Volume 148, Issue 11, Pages 2736-2747. https://doi.org/10.1002/ijc.33478
  36. Ward et al. (2021). How Are the Links between Alcohol Consumption and Breast Cancer Portrayed in Australian Newspapers?: A Paired Thematic and Framing Media Analysis. Environmental Resesarch and Public Health, 18(14), 7657. https://doi.org/10.3390/ijerph18147657
  37. https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMsr2210097
  38. Yoo et al. (2022). Association Between Changes in Alcohol Consumption and Cancer Risk. JAMA Network Open, 5(8):e2228544. https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2022.28544
  39. Geczik et al. (2022). Adherence to the 2020 American Cancer Society Guideline for Cancer Prevention and risk of breast cancer for women at increased familial and genetic risk in the Breast Cancer Family Registry: an evaluation of the weight, physical activity, and alcohol consumption recommendations. Breast Cancer Research and Treatment 194, 673–682. https://doi.org/10.1007/s10549-022-06656-7
  40. Laszkowska et al. (2021). Heavy Alcohol Use Is Associated With Gastric Cancer: Analysis of the National Health and Nutrition Examination Survey From 1999 to 2010. The American Journal of Gastroenterology 116(5):p 1083-1086. https://doi.org/10.14309/ajg.0000000000001166f
  41. Tverdal et al. (2021). Alcohol Consumption, HDL-Cholesterol and Incidence of Colon and Rectal Cancer: A Prospective Cohort Study Including 250,010 Participants. Alcohol and Alcoholism, Volume 56, Issue 6, Pages 718–725. https://doi.org/10.1093/alcalc/agab007
  42. Mayén et al. (2022). A longitudinal evaluation of alcohol intake throughout adulthood and colorectal cancer risk. European Journal of Epidemiology 37, 915–929. https://doi.org/10.1007/s10654-022-00900-6
  43. Fujiyoshi  et al. (2022). Risk of first onset of colorectal cancer associated with alcohol consumption in Lynch syndrome: a multicenter cohort study. International Journal of Clinical Oncology 27, 1051–1059. https://doi.org/10.1007/s10147-022-02148-2
  44. Klein et al. (2023). “Do Beliefs about Alcohol and Cancer Risk Vary by Alcoholic Beverage Type and Heart Disease Risk Beliefs?” Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, 32 (1): 46–53. https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-22-0420
  45. Seidenberg et al. (2022). Awareness of Alcohol as a Carcinogen and Support for Alcohol Control Policies. American Journal of Preventive Medicine, Volume 62, Issue 2, Pages 174-182.
  46. Gapstur et al. (2022). Alcohol and Cancer: Existing Knowledge and Evidence Gaps across the Cancer Continuum. Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, 31 (1): 5–10. https://doi.org/10.1158/1055-9965.EPI-21-0934
I. Câncer de pescoço e cabeça: A ingestão de álcool é um grande fator de risco para certos tipos de câncer nessas regiões do corpo, como a cavidade oral (!), faringe e laringe. Estimativas de vários estudos mostram que pessoas que consomem 50 gramas ou mais de álcool puro (cerca de 3,5 ou mais drinques por dia) possuem, no mínimo, 2 a 3 vezes maiores riscos de desenvolver cânceres do que pessoas que não bebem. E os homens são os mais afetados, onde a incidência de câncer nessas regiões do corpo são três vezes maiores neles do que nas mulheres. Aliás, em particular
II. Câncer de esôfago: A ingestão de álcool é um importante fator de risco para o desenvolvimento de um câncer chamado ‘carcinoma de células escamosas do esôfago’. O risco aumenta mais ainda em pessoas que possuem deficiência em enzimas que metabolizam o álcool.
III. Câncer do fígado: Além do vírus da hepatite B e do vírus da hepatite C, o álcool é um fator de risco isolado para o câncer no fígado, e uma causa primária. A cirrose, aliás, causada pelo excesso do consumo alcoólico, é um passo inicial para o surgimento de tumores malignos nesse órgão e a infecção virótica causada pela hepatite C é exacerbada pelo consumo de álcool (aumenta os danos no fígado, o que facilita o ataque desse vírus). Como agravante, um estudo de 2016 (Ref.26) mostrou que o câncer de fígado relacionado ao consumo alcoólico está associado com a menor taxa de sobrevivência entre os cânceres hepáticos, principalmente por tender a ser diagnosticado mais tarde (estágios mais avançados no início do tratamento). As bebidas alcoólicas já são a primeira causa de câncer de fígado na França e respondem por 25% a 30% dos casos diagnosticados nos EUA. Com o aumento do consumo alcoólico em diversos países, e otimização nos tratamentos de infecções hepáticas, é esperado que o álcool seja a principal causa de câncer hepático em todo o mundo em um futuro próximo.
IV. Câncer de mama: Diversos estudos têm mostrado que mulheres que ingerem mais de 45 gramas de álcool puro por dia possuem um risco 1,5 vezes maior de desenvolver um câncer nas mamas. E o risco, segundo evidências observacionais acumuladas, ainda continua significativo mesmo com o consumo de doses pequenas, seguindo uma relação dose-dependente muito bem estabelecida (Ref.35-36). Para cada 10 gramas de álcool (etanol) puro por dia, por exemplo, os risco para um câncer de mama pode aumentar entre 7% e 12% . E o etanol representa um importante fator de risco tanto antes quanto depois da menopausa. Para mulheres com um risco familiar e genético (ex.: variantes patogênicas dos genes BRCA1 e BRCA2) aumentado para câncer de mama, maior nível de atividade física, combate ao sobrepeso e redução do consumo alcoólico pode reduzir significativamente o risco para o desenvolvimento de tumores malignos nas mamas (Ref.39).
V. Câncer colorretal: Estudos epidemiológicos apontam que o consumo alcoólico moderado a pesado aumenta o risco para câncer colorretal em 1,2 a 1,5 vezes comparado um consumo leve. Um estudo prospectivo incluindo mais de 250 mil participantes e acompanhamento por 18 anos, publicado em 2021 no periódico Alcohol e Alcoholism (Ref.41), encontrou que um consumo de 0,5-1 drink por dia (6-12 gramas de etanol por dia) parece aumentar o risco de câncer de cólon em ~15% e de câncer retal em ~40%. Em pacientes com Síndrome de Lynch – uma condição associada com uma maior predisposição a diferentes tipos de câncer – o consumo alcoólico está fortemente associado a um mais rápido desenvolvimento de câncer colorretal (Ref.43).
———–
(!) Aliás, uso de tabaco (fumo ou sem fumo), exposição à semente de areca e consumo alcoólico pesado são os principais contribuidores para o desenvolvimento de câncer oral (Ref.37). Sobre a semente de areca, sugestão de leitura: Betel: um mal negligenciado!
     Existem outros cânceres que podem estar associados com o consumo alcoólico, mas as evidências são ainda inconsistentes ou limitadas. Nesse grupo, podemos incluir o câncer de pâncreas, ovário, próstata, estômago, útero e bexiga (4). Um estudo publicado em 2019 no Cancer Prevention Research (Ref.28) mostrou que adolescentes (15-19 anos) que consomem, no mínimo, 7 drinks por semana possuem 3,2 vezes mais chance de serem futuramente diagnosticados com um câncer de próstata de significativa severidade. Como a próstata é um órgão masculino que cresce rápido na puberdade, ela acaba ficando mais suscetível a agentes carcinogênicos externos, como o etanol. Os pesquisadores responsáveis por esse estudo sugerem que a associação entre câncer de próstata e bebidas alcoólicas não tinha sido antes estabelecida porque o período de consumo alcoólico durante o desenvolvimento do corpo masculino parece ser o fator crucial, e não um padrão seguido ao longo da vida. No Japão, o consumo alcoólico tem sido fortemente associado com um aumento no risco de câncer gástrico nos homens, independentemente da localização do tumor (Ref.34). Um robusto estudo observacional publicado em 2021 no periódico The American Journal of Gastroenterology (Ref.40), analisando dados de quase 500 mil indivíduos nos EUA, encontrou uma significativa associação entre pesado consumo alcoólico e câncer gástrico.
         Para os casos já cientificamente estabelecidos, os riscos aumentam ainda mais quando outros fatores de risco são misturados, especialmente o fumo do tabaco. O fumo, aliás, se misturado com o álcool, aumenta os riscos mais do que cada um desses fatores isolados para o câncer na região oral e na faringe, além de possíveis outros. Uma pessoa obesa que fuma e consome frequentemente bebidas alcoólicas, por exemplo, fica sob um sério risco de desenvolver câncer.
   ESTUDO NO THE LANCET
          Um robusto estudo populacional publicado recentemente no periódico The Lancet Oncology (Ref.31) reforçou o alerta relativo à relação entre consumo alcoólico em qualquer nível e múltiplos cânceres. No estudo, os pesquisadores encontraram que 741300 de todos os novos casos de câncer em 2020, ou 4,1% do total, foram atribuíveis ao consumo alcoólico, especialmente cânceres de esôfago, fígado e mamas.
          Consumo alcoólico pesado (>60 g de etanol por dia) respondeu por 46,7% do total, consumo alcoólico arriscado (20-60 g/dia) por 39,4%, e consumo alcoólico moderado (<20 g/dia) por 13,9%. O consumo alcoólico de até 10 g de etanol por dia (ex.: em torno de 200 ml de cerveja tradicional) contribuiu com 41300 novos casos. E considerando limitações do estudo (co-fatores de associação, como a pandemia), esses números podem estar subestimados.
          Cânceres do trato aerodigestivo (cavidade oral, faringe, laringe e esôfago) e cânceres do cólon, reto, fígado e mama – ligados fortemente ao consumo alcoólico – responderam globalmente por 6,3 milhões de casos de câncer e 3,3 milhões de mortes em 2020. Infelizmente, existe pouco conhecimento do público geral sobre a associação entre câncer e consumo alcoólico, algo que seria de extremo interesse para indivíduos com fatores de risco (ex.: genético, familiar) para certos tipos de câncer.
   MECANISMOS CARCINOGÊNICOS
           O tipo de bebida alcoólica não importa, porque o agente cancerígeno de interesse é o álcool (etanol no caso), estabelecido como um carcinogênico de mais alto nível (Grupo I) pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer em 1988 (Ref.13) e reconhecido pela Organização Mundial de Saúde desde a década de 1990 (Ref.32). Quanto mais prolongado o consumo alcoólico, e quanto maior o consumo, maior é o acúmulo de risco para o desenvolvimento de cânceres, e este acúmulo de risco não é apagado mesmo se o indivíduo cesse a ingestão de etanol. E como o etanol aumenta o risco de câncer? Temos múltiplos mecanismos propostos:

 Acetaldeído: O acetaldeído é o produto tóxico formado durante a metabolização da etanol/álcool no corpo, e que causa grande parte dos danos associado com o consumo alcoólico. O acetaldeído – outro carcinogênico do Grupo I – pode danificar o processo de reparação do DNA e as proteínas do corpo, além de potencialmente causar estresse oxidativo, processos inflamatórios (1) e ativação de sinalizadores que ajudam a promover a proliferação de tumores malignos.  Somando-se a isso, essa substância faz com que as células do fígado cresçam mais rápido do que o normal, o que pode fazer com que elas esbarrem mais facilmente em genes no seu interior relacionados com o câncer.

———-
> Em relação específica aos danos no DNA, o acetaldeído se acumula nas células e então acaba reagindo com a cadeia de dupla hélice do DNA. Essa reação pode ligar as duas fitas do DNA, gerando uma forma extremamente prejudicial de dano conhecida como ‘ligação cruzada inter-cadeias de DNA’.
———-

Aqui vale ressaltar que uma grande parte da população asiática pode ter um risco geral maior de desenvolver câncer a partir do acetaldeído por causa de certas mutações genéticas (Por que os japoneses ficam vermelhos depois do consumo alcoólico?). Em um primeiro caso, vários chineses, coreanos e, principalmente, japoneses possuem uma variação no gene responsável pela enzima ADH (álcool dehidrogenase), esta a qual é responsável pelo metabolismo do álcool e formação do acetaldeído. Essa variação faz com que a enzima fique super ativa, produzindo grandes quantidades de acetaldeído com o álcool ingerido pela pessoa em um pequeno espaço de tempo, algo que aumenta os danos do acetaldeído. Já no leste asiático, é comum que várias pessoas possuam uma mutação no gene responsável pela enzima ALDH2 (aldeído desidrogenase 2) – esta a qual é responsável por metabolizar o acetaldeído em substâncias não tóxicas – que a deixa defeituosa. Isso faz com que o acetaldeído produzido no corpo durante o consumo alcoólico fique por mais tempo circulando na corrente sanguínea, causando ainda mais danos. E pessoas que possuem um ou ambos os problemas, e que consomem muita bebida alcoólica, estão em um grande risco de desenvolver cânceres.

 Danos oxidativos: O consumo alcoólico gera uma maior quantidade de espécies reativas oxigenadas, as quais podem causar danos no DNA, proteínas e lipídios a partir de reações de oxidação, algo que, por sua vez, pode criar condições ideais para o surgimento e proliferação de células cancerígenas.

 Deficiência nutricional: O consumo alcoólico pode atrapalhar o processo de digestão e absorção de nutrientes que podem estar associados a mecanismos de prevenção ao desenvolvimento de cânceres no corpo, como ácido fólico, vitamina C, vitamina D, vitamina E e carotenoides. A metilação do DNA, por exemplo, pode ficar comprometida com a deficiência de ácido fólico e ação direta tanto do álcool quanto do acetaldeído, algo que pode levar a defeitos no material genético e potencial desenvolvimento de tumores.

 Estrógenos: O consumo alcoólico pode aumentar o nível de estrógenos (principais hormônios sexuais femininos, como o estradiol) na circulação sanguínea da mulher. Um dos mecanismos propostos para esse efeito é que o já mencionado ADH leva à oxidação do etanol, o que aumenta o estado redox do tecido hepático e, isto, inibe o catabolismo dos esteroides sexuais (incluindo os estrógenos), fazendo a concentração desses hormônios aumentar no sangue. E o aumento no nível de estrógenos é especialmente importante no desenvolvimento do câncer de mama (1).

 Doenças: Células compondo um tecido vivo controlam a própria proliferação celular entre elas. Vários fatores, como infecções e inflamações, facilitam a proliferação de células malignas, já que danos ao microambiente dos tecidos ou morte massiva de células podem impedir que as células tumorais sejam reconhecidas como inimigos, sendo deixadas se proliferando à vontade (o corpo compensa a morte de muitas células, por exemplo, deixando o máximo possível daquelas restantes se proliferarem). Além disso, desorganizações no tecido causadas por doenças também podem deixar que células nocivas escapem do controle, podendo deixá-las livres para se proliferarem. Podemos citar que a cirrose (causada pelo excesso do consumo alcoólico via danos promovidos pelo acetaldeído) no fígado e a fibrose no pulmão aumentam consideravelmente os riscos de desenvolvimento de cânceres nesses órgãos.

 Solvente: O álcool/etanol é um excelente solvente orgânico e pode facilitar a absorção pelo corpo de compostos cancerígenos, os quais poderiam ter sido eliminados ou quebrados pelo trato digestivo caso esse solvente não estivesse presente. Isso provavelmente explica porque associar o fumo com o consumo alcoólico aumenta substancialmente os riscos de desenvolvimento de tumores malignos, já que substâncias cancerígenas sendo depositadas no trato digestivo superior pela fumaça estariam sendo assimilados mais facilmente pelo organismo com a ajuda do etanol.

 Contaminantes: Durante o processo de produção das bebidas alcoólicas, várias substâncias podem acabar se misturando no produto, como nitrosaminas, fibras de asbestos, fenóis, e certos hidrocarbonetos. Mas esses contaminantes representariam um fator de risco menos relevante em relação ao etanol, por estarem em quantidades muito diminutas.

———–
> CAVIDADE ORAL: Os efeitos carcinogênicos do etanol nos cânceres que afetam a cavidade oral estão associados a múltiplos mecanismos no qual essa substância está envolvida diretamente ou através do acetaldeído. O acetaldeído é formado na cavidade oral através de catabolismo microbiano do etanol e via conversão por células epiteliais. Além disso, como o acetaldeído não pode ser catabolizado na cavidade oral, seus níveis chegam a ser 10-100 vezes maiores do que os níveis sanguíneos após o consumo alcoólico. Diretamente, o etanol aumenta a carcinogênese na cavidade oral ao induzir hipometilação DNS – a qual altera a expressão de proto- e anti-oncogenes, diminui o metabolismo da proteína CYP2E1, e subsequentemente diminui os níveis de ácido retinoico, levando a um estado de imunodeficiência que promove oncogênese. Por fim, como já mencionado, o etanol pode dissolver e facilitar a absorção de carcinogênicos nos tecidos bucais.

 

Related Posts