Quilombola vira advogada e atribui a Danilo guinada no destino

Por Ricardo Banana
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Vinte anos se passaram. A menina quilombola do sítio Travessão do Caroá, Alice Moura, atende agora pelo título de advogada. Sertaneja da zona rural, e com orgulho, abriu o caminho da profissão a pé, sob o sol esturricante nordestino. O sonho da ascensão social e educacional parecia não ser possível. Quando criança, atrasou o ingresso em um grupo escolar; precisava da idade mínima da irmã para um fazer companhia à outra no trajeto pela estrada de barro. Em 2011, começou o ensino médio. “Posso dizer que Danilo mudou minha vida da água para o vinho. Foi ele quem trouxe a Erem para a minha cidade”, afirma, em tom emocionado, falando do candidato a governador da Frente Popular e ex-secretário de Educação, Danilo Cabral.

Ex-aluna de uma Escola de Referência do Ensino Médio (Erem) do Governo de Pernambuco, situada no município de Carnaíba, na região do Pajeú, ao final do terceiro ano, obteve notas para três cursos diferentes em universidade pública e ganhou bolsa de 100% para Direito numa instituição privada de Serra Talhada. “Sou filha da política pública, do dinheiro bem empregado e com visão. Tudo começou com a gestão de Dr. Anchieta Patriota aqui na prefeitura e ficou mais forte com o braço do estado”, faz questão de pontuar Alice, orgulhosa das suas origens.

Alice é de uma família de poucos recursos financeiros e numerosa: são oito pessoas. Ela sabia que seria o exemplo para os irmãos e até então nenhum dos parentes tinham chegado ao ensino superior. A mãe era agricultora, cadastrada no Bolsa Família; o pai trabalhava como motorista. O moto táxi chegou com a carta da faculdade confirmando que ela passou na disputa por uma bolsa. “Foi um misto de emoções: eu não sabia se ria, ou se chorava”, conta. Problema seria onde morar em Serra Talhada. Em casa, se sabia era impossível manter as despesas de alimentação dos irmãos e mantê-la na cidade vizinha não era viável. “Alguém sabe onde tem um lugar baratinho para a minha filha?”, perguntava o pai. Uma senhora passageira do pai ofereceu abrigo. Alice é grata à dona Isaura até hoje. “Minha mãe tem muita fé. Acho que ajudou”. À época, diz Alice, era “inimaginável fazer faculdade”, algo como “inatingível”.

Hoje, Alice, além de advogar, cursa duas pós-graduações: uma em processo civil e outra em direito previdenciário. A irmã de Alice, Alcilene, também se formou. É psicóloga concursada da prefeitura da cidade. “Não tenho dúvidas que tudo começou, tudo se viabilizou com a Erem, tanto para mim quanto para a minha irmã”, diz Alice. Continuam sendo exemplo para todos os irmãos. O mais novo, Cícero, tem treze anos. Agora, endossa a campanha por Danilo Cabral para governador, na expectativa de que as oportunidades que ela e a irmã tiveram sejam multiplicadas para muitos.

Foto: Divulgação

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