Ricardo Banana

Refúgio de Ariano, fazenda Carnaúba é modelo nacional

imagem1

Fazenda de Ariano

Era aqui em Taperoá, na sua fazenda Carnaúba, a 8 km do centro da cidade, que Ariano Suassuna se inspirava para construir personagens da sua obra, escrever livros, peças de teatro e fazer poesia. Encravada no semiárido paraibano, a 260 km do Recife, a propriedade é bem rústica e abriga três casas – a dele, que vivia fechada a sua espera, e a do seu sócio, o engenheiro Manoelito Suassuna.

A experiência de resgatar as raças naturais de caprinos do Nordeste deu tão certo que a fazenda virou modelo para a Embrapa. Criados soltos numa longa extensão de terras áridas, duas mil cabeças de caprinos compõem o plantel da fazenda, que tem ainda mil cabeças de gado.

Ariano e Manoelito prosperaram tanto na caprinocultura que a fazenda virou centro de referência nacional. As cabras pretas Ariano batizou de negras da África, as vermelhas eram as portuguesas, as brancas as índias e as azuis, outras nações. “Ele aprendeu a distinguir uma cabra da raça Moxotó da Azul serrano criando suas referências”, disse o advogado Marcos Dantas, sobrinho do imortal.

Manoelito conta que os primeiros tostões que Ariano ganhou dos seus direitos autorais investiu na compra de cabras e de terras. “Ele vivia da literatura, mas seu refúgio era este pedaço de terra”, disse Manoelito, seu primo e irmão, que ao longo do dia não conseguiu disfarçar a sua grande emoção.

imagem2Casa onde Ariano viveu

A casa de Ariano na fazenda Carnaúba fica colada com a de Manoelito, separada apenas por um curral de gado. Tem uma grande varanda, uma fachada branca e janelas azuis. De lá, seu verdadeiro refúgio, o escritor só saia para fazer compras na cidade e as vezes bater papo com amigos da infância.

Ariano, segundo Manoelito, vinha todos os anos para a fazenda passar as férias de julho e voltada em dezembro, prolongando sua estada até janeiro. “Este ano, ele não esteve aqui em julho. Prometeu vir, mas não veio. Eu nem alimentei a esperança, porque as coisas de Ariano, principalmente viagens, ele decidia de véspera”, disse.

Ao contrário de Ariano, que virou um cidadão do mundo, Manoelito não larga a fazenda nem para ir a João Pessoa visitar parentes. Graças a sua dedicação à atividade com a expansão do criatório ele e Ariano viraram também produtores de queijos na região, aliás um dos melhores produtos do Nordeste, segundo se vangloria Manoelito.

De tanto oferecer ideias sobre a temática do semiárido, Manoelito ficou conhecido por muitos pesquisadores como “O Camelô da Seca”. Engenheiro de profissão, sertanejo por obra e graça do destino, fazendeiro e criador de bichos por opção, diz que já fez mais pelo semiárido Irregular que todas as universidades do Nordeste”.

imagem1Casa de Manoelito, primo de Ariano Manoelito é o inventor da técnica de fenação tropical, introduziu o capim Buffel no Brasil e desenvolveu uma tecnologia original de hidrolização de bagaço de cana, com a ajuda do seu primo, Sebastião Simões Filho. A fazenda Carnaúba trabalha e desenvolve suas experiências, é visitada por pesquisadores, estudantes, amigos, jornalistas e curiosos.

Manoelito selecionou três raças de cabras para desenvolver o que chama de “preservação com regeneração”. As três raças são Moxotó Branca e Moxotó Parda e Essa estória de criar animais começou de muito longe, quando o pai dele administrava a fazenda Carnaúba e criava gado zebu. Em 1971, o escritor Ariano Suassuna lançou o romance “A Pedra do Reino”. Com ele, ganhou um prêmio literário.

Ariano convidou Manoelito para uma sociedade. Ele topou. A partir daí, então, os dois primos percorreram a Ribeira do Pajeú, Sertão de Pernambuco, e os arredores de Patos, Sertão da Paraíba.

“Nossa sociedade não era na base de uma cabra minha e outra dele; mas aquela lista que divide o espinhaço do bode, divide também as nossas partes: uma banda é dele e outra minha”, diz, explicando como funcionava a sociedade entre os dois.

Fazenda de Ariano

Era aqui em Taperoá, na sua fazenda Carnaúba, a 8 km do centro da cidade, que Ariano Suassuna se inspirava para construir personagens da sua obra, escrever livros, peças de teatro e fazer poesia. Encravada no semiárido paraibano, a 260 km do Recife, a propriedade é bem rústica e abriga três casas – a dele, que vivia fechada a sua espera, e a do seu sócio, o engenheiro Manoelito Suassuna.

A experiência de resgatar as raças naturais de caprinos do Nordeste deu tão certo que a fazenda virou modelo para a Embrapa. Criados soltos numa longa extensão de terras áridas, duas mil cabeças de caprinos compõem o plantel da fazenda, que tem ainda mil cabeças de gado.

Ariano e Manoelito prosperaram tanto na caprinocultura que a fazenda virou centro de referência nacional. As cabras pretas Ariano batizou de negras da África, as vermelhas eram as portuguesas, as brancas as índias e as azuis, outras nações. “Ele aprendeu a distinguir uma cabra da raça Moxotó da Azul serrano criando suas referências”, disse o advogado Marcos Dantas, sobrinho do imortal.

Manoelito conta que os primeiros tostões que Ariano ganhou dos seus direitos autorais investiu na compra de cabras e de terras. “Ele vivia da literatura, mas seu refúgio era este pedaço de terra”, disse Manoelito, seu primo e irmão, que ao longo do dia não conseguiu disfarçar a sua grande emoção. (Magno Martins)

Blog do Banana

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *