Desde março de 2020, as nossas vidas nunca mais foram as mesmas. A pandemia de covid-19, que se alastrou rapidamente pelo mundo, obrigou as pessoas a adotarem novos hábitos, alterarem as relações sociais e até a forma como consumiam e trabalhavam. Famílias inteiras precisaram ficar isoladas em casa, e a rotina de escola, trabalho e lazer foi totalmente readaptada. Evidentemente, transformações significativas como essas afetam a saúde mental da população, exigindo um suporte adequado para suportar os novos desafios que surgirão pela frente.
A pandemia, além de tirar a vida de 683.131 brasileiros, também afetou a saúde mental de muitos jovens e adolescentes. Escolas de todo o país registraram um aumento significativo em casos de depressão ou ansiedade, conforme levantamento feito pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em parceria com o Instituto Ayrton Senna.
Divulgado em abril deste ano, o mapeamento identificou que 69% dos estudantes da rede estadual paulista relatam ter sintomas ligados à crise de saúde mental. O estudo permitiu analisar a evolução do desenvolvimento de competências socioemocionais, saúde mental e violência no contexto da pandemia. Do grupo avaliado, um em cada três estudantes afirmou ter dificuldades para conseguir se concentrar no que é proposto em sala de aula, outros 18,8% relataram se sentir totalmente esgotados e sob pressão, enquanto 18,1% disseram perder totalmente o sono por conta das preocupações e 13,6% afirmaram a perda de confiança em si, o que são considerados sintomas de transtornos de ansiedade e depressão.
EM RECIFE – Em maio deste ano, cerca de 20 alunos de duas escolas do Recife precisaram ser atendidos por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros com sintomas de crise de ansiedade. Os casos aconteceram na Escola Creuza Barreto Dornelas Câmara, no bairro da Torre, e na Escola De Referencia Em Ensino Médio (Erem) Professor Mardônio de Andrade Lima Coelho, na Bomba do Hemetério.
O primeiro caso aconteceu na Escola Creuza Barreto Dornelas Câmara, quando os alunos se assustaram com uma perseguição policial que resultou na prisão de um suspeito dentro das imediações da escola, que havia pulado o muro da unidade. De acordo com a Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife, dois estudantes passaram mal e apresentaram sintomas de crise de ansiedade.
Já no segundo caso, na Erem Professor Mardônio de Andrade Lima Coelho, pouco mais de 20 alunos foram atendidos por equipes do Corpo de Bombeiros e Samu. De acordo com a Secretaria de Educação e Esportes, os estudantes apresentavam crises de choro e de ansiedade. Após o atendimento, todos foram liberados com a chegada dos responsáveis.
Segundo o psicólogo Italo Gomes, a psicologia compreende que existem diferenças individuais quanto à personalidade, ao funcionamento comportamental e ao modo de enfrentamento. Somente a partir disso, pode se considerar que algumas pessoas estão mais propensas ao adoecimento mental. “Entender essa relação é possível somente com a ajuda de profissionais especializados na análise de transtornos mentais, episódios traumáticos e demais variáveis tanto em nível micro (família, trabalho, escola, etc.) quanto em macro (cultura e condições socioeconômicas)”, pontua ele.
Os efeitos da pandemia na vida, rotina, impactos sociais e econômicos. Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza os impactos da covid-19 na saúde mental. Aponta que todas as pessoas foram afetadas de alguma forma.
Italo Gomes – Psicólogo, Mestre em Psicologia da Saúde, Mestrando em Análise do Comportamento Aplicada, Pós-graduação em Análise do Comportamento Aplicada – ABA, Especialista em Neuropsicologia, Neuropedagogia, Terapeuta TCC. Sócio-Diretor do CEAM, Coordenador ABA (Formação e Pós-graduação), Terapeuta Denver, Professor convidado em Pós-Graduações, Palestrante e Supervisor em Psicologia.
(Alberes Xavier).
