O Estadão diz que há 215 votos contra a reforma da Previdência – 124 deles da base governista – e dá os nomes e rostos destes votantes.
O Governo, por sua vez, diz que tem 270 votos – anônimos – e que, portanto, só lhe faltam 38 para ter o número necessário à aprovação da emenda constitucional que tira direitos dos brasileiros.
Verdade, aí, só a de que o sistema representativo parlamentar é um farsa, pois não representa: não se define voto pelo partido e nem sequer pela consonância com o sentimento público.
O resto, é mentira.
O governo não tem 270 votos, é obvio, mas acena com um “estamos quase lá” que diz aos deputados: “a emenda vai passar, você vai perder essa oportunidade de negócios?”
Assim como entre os que declaram voto contrário há aqueles que, com isso, acenam seu desejo de uma proposta melhor para votar a favor.
O dinheiro público, em emendas, anistias de dívidas e repasses, vai-se aos bilhões para comprar os votos faltantes.
Os homens da austeridade e do equilíbrio fiscal pouco se importam: vai-se tirar mais do que o gasto, eliminando direitos dos aposentados. Dá lucro, portanto, e para tê-lo é necessário pagar caro por matéria prima podre.
Na noite de sábado, no Alvorada, o general de Temer (ou de si mesmo) Rodrigo Maia, reuniu-se com o “estado maior”: Michel, o pitbull Carlos Marun, o demissionário tucano Antonio Imbassahy, o angorá Moreira Franco e os “donos do PP” e do PPS. Definiram que tentarão fazer com que se ponham de fora as cabeças dos adversários e a dos “compráveis”, a partir de quinta feira.
Estão decididos a aproveitar o último final de semana antes do Natal para comprarem o presente do “mercado”.
E na base do “é hoje só, amanha não tem mais”
Por Fernando Brito, editor do Tijolaço