A ansiedade de feras e professores sobre o futuro do vestibular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está mais perto de terminar. O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão começa nesta terça (1º) a discutir se a instituição vai aderir integralmente ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do Ministério da Educação (MEC). Se isso ocorrer, significa que o vestibular deixa de existir. Para ingressar nas graduações bastará o estudante fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e depois se inscrever no Sisu para concorrer às vagas. No Nordeste, a UFPE é a única federal que não participa totalmente do sistema. No Brasil, segundo o MEC, 54 das 64 federais existentes no País já estão no Sisu, com todas ou parte de suas vagas.
A expectativa é de que o conselho não vote hoje a adesão ou não da UFPE no Sisu, uma vez que na pauta não está prevista votação. Atualmente, somente os alunos dos cursos de oceanografia e estatística são selecionados pelo sistema. Na reunião haverá a apresentação de um estudo nacional sobre o sistema nacional. Será feito pelo presidente do Colégio de Pró-Reitores de Graduação das Ifes (Cograd), Custódio Almeida. Ele é pró-reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), que adota integralmente o Sisu, e representante da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) no Conselho do Sisu no MEC. Na primeira chamada do sistema, em janeiro deste ano, a UFC foi a instituição mais concorrida do Brasil.
Participarão do encontro, no auditório João Alfredo, na reitoria da UFPE, na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife, o reitor Anísio Brasileiro, o vice-reitor Silvio Romero, pró-reitores, diretores e vice-diretores dos 12 centros acadêmicos, além de representantes de alunos, professores e servidores e da sociedade civil.
“Houve uma convocatória do reitor Anísio para os conselheiros assistirem à apresentação desse estudo. O conselho poderá solicitar uma ou mais outras reuniões, que pode ser ainda esta semana ou não”, explica a pró-reitora acadêmica da UFPE, Ana Cabral. “Dentro da urgência do tema não dá para demorar, a decisão tem que ser tomada o mais rápido possível”, observa Ana. Embora não esteja programada votação hoje, o conselho tem autonomia para decidir se quer colocar o assunto em votação. A data do Enem deste ano ainda não foi divulgada pelo MEC.
Em Pernambuco, as Federais Rural (UFRPE) e do Vale do São Francisco (Univasf) já aboliram seus vestibulares e colocam todas as vagas no Sisu. Aluno da Escola de Referência em Ensino Médio Porto Digital, Reyel Valença, 18 anos, é a favor do Sisu. “É melhor porque a gente só faz provas uma vez, o Enem. Não se preocupa com a segunda fase”, diz o fera de design. Para João Pedro Coelho, 17, na segunda tentativa de ingressar em engenharia, é melhor manter o vestibular. “As vagas da UFPE serão disputadas por candidatos de todo o Brasil”, comenta João.
O professor de biologia de pré-vestibular Fernando Beltrão também é contra a adesão da UFPE no sistema nacional. “Falta transparência no Enem, apesar de ser uma boa avaliação. Em qualquer concurso público o candidato tem direito de questionar. No Enem não. Também não se sabe quantos pontos vale cada questão”, ressalta Fernando Beltrão. Marcelo Menezes, professor de matemática, prefere o fim do vestibular. “Não entendo a demora da UFPE se as federais do Brasil inteiro aderiram. Nos dois últimos anos, o Enem demonstrou características claras de um vestibular”, afirma Marcelo. (JC Online)
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