O professor Aderaldo Luciano, pós-doutorando em Ciência da Literatura revela: o homem que pesquisa é um lutador. Desbravador. Deve vestir a roupa do destemor e despir os pés para adentrar os caminhos, sentindo o chão que pisa e a textura dos mortos.
Nesta trilha de desvendar a vida e obra de Luiz Gonzaga reporto que este ano teremos dois motivos de uma saudade, amarga! Duas ausências. Duas mortes sentidas.
A primeira é das conversas com Priscila Vicente dos Santos, amiga e cuidadora de Luiz Gonzaga. Priscila foi fundamental na vida familiar de Luiz Gonzaga. Morou ainda criança com os pais do Rei do Baião, Januário e Santana. Era considerada da família Gonzaga. Priscila morreu este ano aos 99 anos.
Priscila viveu quase 40 anos no Rio de Janeiro. Em 1982, Luiz Gonzaga voltou para o Sertão e Priscila o acompanhou até o dia em que ele morreu, em 2 de agosto de 1989.
Minha primeira conversa com Priscila, produção reportagem para a TV/afiliada Globo foi na Fazenda Araripe, local em que passou grande parte da vida com os Gonzaga. Contou-me que no Rio de Janeiro conheceu os artistas que admirava.
Além de Caetano e Gil, conversou diversas vezes com Carlos Galhardo, Orlando Silva, Elizeth Cardoso, Emilinha Borba, Dolores Duran. Todos frequentavam os aniversários de Luiz Gonzaga.
Uma das frases que me fez refletir. Com a voz pausada disse: “Todo dia eu rezo por ele, Luiz Gonzaga. E me lembro das coisas que vivemos…”
A outra saudade é de dona Mundica. Cozinheira e guardia do Museu Parque Asa Branca. Passou quase 8 anos com a família de Luiz Gonzaga no Rio de Janeiro. Trabalhava recebendo os turistas que visitavam o Parque Aza Branca.
Raimunda Lopes, nome de batismo de Mundica e Priscila morreram fiéis ao reinado de Luiz Gonzaga. Discreta dona Mundica dizia que Luiz Gonzaga gostava de todo tipo de comida regional. Bode, carne de sol, baião de dois e galinha de capoeira estavam entre as prediletas. “Luiz Gonzaga passava um limão na borda do copo e colocava dois dedos de cachaça”
Ah saudade nosso remédio é cantar cada vez mais. Saudades de dona Mundica e Priscila. Sanfona Sentida.
Por Ney Vital
Blog do Banana