Culturalmente o mês de janeiro é conhecido por ser o período de renovação dos planos, metas e objetivos para o ano que se inicia e, justamente, a partir dessa provocação nasceu em 2014 no estado de Minas Gerais o “Janeiro Branco”, uma campanha encabeçada por psicólogos com o objetivo de fazer a sociedade parar para refletir sobre a importância dos assuntos relacionados ao universo dos sentimentos e emoções. Em outra perspectiva, a campanha propõe dar uma página em branco a todas as pessoas, para que juntas possam pintar novas histórias de uma vida mais feliz e saudável para si mesmas.
A proposta do “Janeiro Branco” cresceu e começou a ser trabalhada em todo o país por diversos profissionais (não só da área de saúde) e instituições (públicas e privadas), como é o caso da Unidade de Pronto Atendimento e Atenção Especializada de Petrolina (UPAE/IMIP). “A temática da saúde mental é transversal e cada vez mais abrangente, pois está ligada desde as relações saudáveis no trânsito, no trabalho e na família até questões como o bullying e a construção/desconstrução de estereótipos. Portanto, ela deve fazer parte das discussões em sociedade, dos consultórios médicos, unidades de saúde e das rodas de conversa entre amigos”, ressalta a psicóloga Tatiany Torres.
A Organização Mundial de Saúde alerta que as taxas de suicídio, depressão e ansiedade aumentaram muito em todo o mundo e por isso o tema deve ser tratado com seriedade, ocupando todos os espaços possíveis. “Se não começarmos a falar abertamente sobre os transtornos mentais e doenças da psique essas questões vão sempre ficar ocultas e invisíveis. É preciso quebrar o tabu, desmistificar esses conteúdos e democratizar as discussões, incentivando a valorização do equilíbrio mental e da existência humana. Estamos trazendo essa reflexão para a UPAE e está na nossa programação promover um momento de discussão com os usuários da Unidade”, adianta a profissional.
É possível prevenir
De acordo com Tatiany, todas as pessoas possuem um nível de ansiedade, medo e melancolia, por exemplo. A grande questão é o limite saudável desses sentimentos, pois facilmente eles podem virar um transtorno mental. “Cada pessoa é única e capaz de suportar cargas emocionais de forma diferenciada. Por isso, é preciso estar alerta e nunca menosprezar os próprios sentimentos ou a dor alheia”, aconselha. Segundo a psicóloga, atitudes como isolamento, tristeza prolongada, irritabilidade, agressividade e perda de prazer em atividades do dia a dia, devem ser observados.
Tatiany também orienta o uso cauteloso das redes sociais para a manutenção de uma boa saúde mental, pois, “nas redes sociais costuma-se se vender uma imagem de felicidade às vezes muito longe da realidade. Algumas pessoas que não conseguem alcançar esse falso ideal, vendido como um produto ‘comprável’, podem se sentir fracassadas. Por isso, a exposição excessiva das coisas boas e ruins podem fazer com que o indivíduo não dê conta da repercussão”.
Ainda nesse aspecto, a profissional acrescenta que é possível atuar na prevenção: “Estudos apontam que uma boa conversa com um amigo ou alguém da confiança tem influência terapêutica positiva; manter relacionamentos saudáveis [no trabalho, na vida e na família] e a autonomia sobre as próprias decisões; planejar e fazer uma autoanálise periódica são atitudes que podem ajudar bastante. E para aqueles que já estão em acompanhamento psicológico a dica é ter paciência e confiar no profissional, pois esse modelo clínico de tratamento não é curativista, nem imediatista. Os resultados são subjetivos e, geralmente, a longo prazo”.
Campanha
“Tudo isso nós vamos abordar no ambulatório e nas conversações com os usuários nesse mês de janeiro. Nós já fizemos um momento multiprofissional com o serviço de fisioterapia e na próxima quinzena realizaremos uma palestra para o público interno. O nosso trabalho educativo dura todo o ano, mas em janeiro e setembro nós intensificamos por conta das campanhas de saúde mental e combate ao suicídio”, finaliza.
Ascom
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