Zuckerberg: Facebook garantirá integridade das eleições no Brasil

Por Ricardo Banana
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Facebook enfrenta um momento muito delicado após dados mais de 50 milhões de perfis terem sido utilizados pela consultoria política Cambridge Analytica sem consentimento. Mark Zuckerberg se posicionou e, em entrevista à rede de televisão americana CNN, afirmou que a situação “representou uma quebra de confiança” e que o Facebook sabe “da responsabilidade básica de proteger os dados dos usuários”. O cofundador da rede social ainda se desculpou pelo ocorrido e comentou também sobre o Brasil e a eleição presidencial que acontece neste ano.

Durante a entrevista, o bilionário de 33 anos foi perguntado sobre como o Facebook está lidando com a intromissão eleitoral na plataforma. Ele demonstrou preocupação e afirmou que a questão das fake newsdeve ser combatida. “Há uma grande eleição no Brasil. Pode apostar que estamos realmente comprometidos em fazer tudo o que for necessário para garantir a integridade dela no Facebook”, afirmou o executivo.

Além disso, Zuckerberg diz que a responsabilidade agora é garantir que outro vazamento como esse nunca mais aconteça. “Há algumas coisas básicas que acho que precisamos fazer para garantir isso. Uma é ter certeza que desenvolvedores como Aleksandr Kogan, que tiveram acesso a muitas informações e, em seguida, usaram de forma inadequada, simplesmente não tenham esse acesso no futuro”, complementa.

Ele ressalta que a empresa errou com a Cambridge Analytica, consultoria política ligada à campanha presidencial de Donald Trump, e não vai cometer esse erro novamente. “Essa é nossa responsabilidade para com nossa comunidade, vamos garantir que os dados que eles compartilham conosco sejam protegidos”, disse.

Quando perguntado se tomará medidas legais contra a consultoria, ele afirmou que a primeira coisa que o Facebook fará é concluir a auditoria na empresa. “A resposta curta é que, se entrarmos e descobrirmos que a Cambridge Analytica ainda tem acesso aos dados, vamos tomar todas as medidas legais que pudermos para impedir que os dados dos nossos usuários sejam usados novamente”.

O vazamento de dados levantou questões éticas da empresa, que está sendo investigada nos Estados Unidos e no Reino Unido. Outra questão discutida na entrevista foi justamente a aparição de Zuckerberg para testemunhar sobre a situação em ambos os países, algo que pessoalmente nunca fez. “Ficarei feliz em ir, se for a coisa certa a fazer”, disse.

Regulamentação

Zuckerberg também foi questionado sobre uma regulamentação do Facebook e não dispensou a ideia. “Na verdade, não tenho certeza de que não devemos ser regulamentados. Eu acho que, em geral, a tecnologia é uma tendência cada vez mais importante no mundo e eu realmente acho que a questão é mais sobre qual é a regulação correta em vez de ‘sim ou não, deve ser regulamentada?”, diz o executivo.

Ele conta que há coisas como a regulamentação de transparência de anúncios que ele “adoraria ver”. “Se você observar a quantidade de regulamentações em torno da publicidade na TV e na mídia impressa, não fica claro por que deveria haver menos na internet. Devemos ter o mesmo nível de transparência exigido. Estamos comprometidos e na verdade já começamos a implantar ferramentas de transparência de anúncios”, completou.

O outro lado

Embora Zuckerberg tenha falado publicamente, não foi o suficiente. Pelo menos para os críticos, que pedem mais explicações. Parlamentares americanos não estão satisfeitos, segundo informações da Bloomberg. “Isso não é suficiente”, afirmou o deputado americano democrata David Cicilline, representante de Rhode Island, em postagem no Facebook, em resposta à declaração do CEO. “Mark Zuckerberg precisa depor no Congresso.”

Ainda de acordo com a agência, outros parlamentares como senadora americana Amy Klobuchar, democrata de Minnesota, e o senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut, também acharam pouco. “Desculpas não substituem perguntas e respostas sob juramento”, disse Blumenthal. “O Congresso não tem conseguido responsabilizar o Facebook e legislar sobre proteções à privacidade, que são manifestamente necessárias”. (247)

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