“22 DE MARÇO, DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Por Ricardo Banana
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A Terra tem cerca de 71% de sua superfície coberta por água. Deste volume 97,3% é de água salgada armazenada nos oceanos e mares, cujas salinidades vão de 35 a 250 por mil. Isso significa que nas águas do oceano Atlântico, por exemplo, podem ser encontrados em cada litro de água, 35 gramas de sal, e, no Mar Morto, 250. Sendo estes os pontos extremos. 2,07% é representado pelas águas doces congeladas da Patagônia, Groelândia e Antártida, águas que se encontram em estado gasoso na atmosfera e as águas que se encontram nos corpos dos seres vivos. 0,63% (14.000 km3/ano) apenas é acessível ao homem e outros animais e estão armazenadas nos rios, lagos e lençóis subterrâneos que vão de profundidades quase zero a 1.800 metros. A demanda mundial nos dias de hoje já é de 41% do total disponível no Planeta Terra.

Os padrões médios mundiais de múltiplo consumo indicam que neste século XXI será de 2.736 l/hab/dia, caso não sejam adotadas medidas enérgicas no sentido de minimizar as ações degradatórias como: desperdício, poluição, contaminação e aprofundamento dos lençóis freáticos poderá haver um esgotamento da potencialidade superficial até o ano 2053, considerando os fatores já citados e o crescimento populacional na razão geométrica de 1,6% ao ano. Já se encontram na faixa de escassez hídrica o Kuait, Arábia Saudita, Líbia, Egito, Barbados, Tailândia, Jordânia, Singapura, Israel, Cabo Verde, Burundi, Argélia e Bélgica. As preocupações poderão se estender ao México, Hungria, Índia, China, Estados Unidos, Etiópia Síria e Turquia.

As águas consumidas no mundo hoje estão divididas entre as áreas de consumo doméstico (10%), consumo industrial (25%) e irrigação (65%). Em todas as áreas de consumo o desperdício é da ordem de 40% das águas retiradas dos mananciais. Na produção de bens de consumo o gasto também é enorme. Segundo o Movimento de Cidadania Pelas Águas para se produzir, por exemplo: 1.000 quilos de pães, a partir do plantio do trigo passando pelo beneficiamento até chegar a nossa mesa consome 1.000 m3 de água; um barril de derivado de petróleo, da extração ao beneficiamento e venda, são gastos 290 m3 de água; uma tonelada de tecido, a partir do plantio do algodão até se transformar em roupa, são gastos 1.000 litros de água. E assim sucessivamente. E todo esse consumo é debitado em nossa conta, a partir do momento que compramos os produtos produzidos através da divisão “per capita”, somando-se a água que usamos diariamente para beber, tomar banho, lavar roupas, cozinhar e outras finalidades, a fatia por habitante dia é de 2.736 litros.

O Brasil é privilegiado. A quantidade de água doce que corre pelos rios e acumulada nos lagos corresponde a aproximadamente 248 mil km3 e mais cerca de 112 mil km3 nos lençóis subterrâneos. Esta ultima é suficiente para abastecer a população do país por 9.150 anos, caso não sejam poluídas, contaminadas ou salinizadas. Nesse total estão incluídas as águas do Aqüífero Guarani localizado no Centro-Leste da América do Sul, entre 12º e 35º de latitude sul e 47º e 65º de longitude Oeste, a maior reserva de água subterrânea do planeta. São mais ou menos 160 km3/ano (5.144 m3/s), ou seja, duas vezes e meia a vazão do rio São Francisco, dos quais 70% está localizado no Brasil.

As águas doces do Brasil correspondem a cerca de 13,8% de toda a água doce do mundo, porém são mal distribuídas, principalmente as águas superficiais. Nas regiões Norte e Centro-Oeste habitam apenas 14,5% da população brasileira e uma demanda de 9,2% detêm 89% da disponibilidade hídrica do País. Enquanto os 11% restante se distribui pelas demais regiões (Nordeste, Sul e Sudeste), onde vivem 85,5% da população brasileira e a demanda hídrica de 90,8%. A parte que cabe ao Nordeste é 3,3% para atender 29,9% da população brasileira. O rio São Francisco é responsável por cerca de 73% das aguas superficiais do Nordeste.

Pobre rio São Francisco, vive sendo tratado como uma grande lixeira, como uma grande caixa coletora de esgoto. A parte central de Petrolina ainda joga seus esgotos sem tratamento, algo em torno de 250 a 300 litros por segundo. Um grande problema que poderá ser resolvido com a entrada em funcionamento da Lagoa de Estabilização que está sendo construída há anos nas proximidades do Abatedouro Municipal. Felizmente, constamos recentemente que a Compesa retomou a obra que estava paralisada há muito tempo. Vamos torcer para que conclua o mais rápido possível e entre em funcionamento, mas que funcione mesmo, para que não continuemos matando a quem nos proporciona a vida.

Aproveite as badalações do dia 22 de março, Dia Mundial da Água e comece a fazer reflexões o ano inteiro. Foi para isto que essa data foi criada pelo ONU. Infelizmente a interpretação dada por parte da maioria de nós é que meia dúzia de seminários, palestra e simpósios em apenas um dia já é bastante para proteção do precioso líquido.

Vitorio Rodrigues de Andrade

Ambientalista/Comunicador Social

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