‘A gente vai se sair bem, mas está muito atrasado’

Por Ricardo Banana
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Quando foi convidado pela presidente Dilma Rousseff para ser embaixador da Copa no Brasil, em julho do ano passado, Pelé não imaginou que teria de fazer o papel, como ele mesmo diz, de “bombeiro”. Sua função seria promover o evento de 2014 no País e no exterior. Afinal, ele participara dos comitês dos Mundiais dos Estados Unidos (1994), Coreia do Sul/Japão (2002) e África do Sul (2010). No Brasil, no entanto, Pelé se viu diante de obras atrasadas, indefinições, desentendimentos entre dirigentes, disputas clubísticas e construtoras sob investigação. “Não tem por que haver tantos problemas”, diz. “Há muita coisa atrasada, mas, se Deus quiser, vamos nos sair bem.”

Outro motivo de desconforto para Pelé é a seleção. Ele acredita que o Brasil tem condições de trazer a medalha de ouro de Londres, mas critica a ausência de Arouca, volante do Santos, nas listas de Mano Menezes. Também acha que Dedé, do Vasco, tem lugar certo no time (o zagueiro está machucado) e, sua principal crítica: cobra definição.

“Tem de haver decisão. Dizer a equipe é essa e treinar, senão a equipe olímpica fica na dificuldade que a profissional (a principal) está tendo, sem base.” Pelé cita como exemplo João Saldanha, que usou Santos e Botafogo, os melhores times do País no final dos anos 60, para montar a espinha dorsal do time tricampeão no México, em 1970.

No mais, como sempre cheio de compromissos profissionais e ansioso pela conclusão de seu grande projeto no momento, o Museu Pelé, em Santos, o Rei continua encantado com Neymar e, profético, previu na quarta-feira que o Santos terá dificuldade para eliminar o Vélez Sarsfield. Se passar, leva a Libertadores.

Os prazos da Copa estão apertados e um relatório recente da Fifa mostra que as obras de alguns estádios estão muito atrasadas. O que acha disso?

Eu fiz uma brincadeira e disse que a Dilma me convidou para ser embaixador e estou aqui para apagar fogueiras (risos). Há coisas que não dá para a gente entender. Somos todos brasileiros… Um exemplo: a presidente me pediu para ir ao Rio Grande do Sul porque estava dando aquele problema com o Grêmio e o Internacional. A Copa das Confederações já estava decidida que seria no campo do Inter. O Inter atrasou um pouco as obras, o Grêmio adiantou a construção do seu campo e queria dar uma rasteira no Inter. Eu fui falar com o governador (Olívio Dutra): “Somos todos brasileiros, por que essa briga?” Agora, infelizmente, aconteceu esse negócio lá no Rio, no Maracanã, esse problema por causa da (Construtora) Delta, do (Carlinhos) Cachoeira. No próprio Brasil, um evento aqui dentro e essas brigas… Não tem porquê, não dá para entender.

Fonte: Estadão

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