A lei da palmada

Por Ricardo Banana
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imagemFoi aprovado recentemente pelo Senado, em votação simbólica, o projeto de lei que proíbe que crianças e adolescentes sejam punidos com castigos físicos, incluindo a conhecida palmada. A partir de agora, o projeto está nas mãos da sanção presidencial. A lei também prevê multa, não só para os agressores, mas para os que não denunciarem os casos. Os defensores da lei afirmam que o objetivo é controlar a violência domiciliar, impedindo que os pais causem sofrimento aos filhos. Já os que não aprovam a ideia alegam que a lei é uma interferência na vida familiar. 

Não existe uma fórmula para educar filhos, já que cada criança tem uma personalidade única e cada pai ou mãe tem suas próprias referências no que diz respeito à educação.

O fato é que muitas crianças são espancadas diariamente e muitos adultos foram fisicamente e moralmente maltratados quando crianças, trazendo assim para sua condição de educadores, esse equivocado comportamento para com seus filhos.

A base para a necessidade da criação de uma lei que proteja as crianças de maus tratos, está justamente na deficiência da formação de seus tutores. Quem é que se preocupava com as conseqüências psicológicas e emocionais do futuro adulto quando lhes aplicavam castigos físicos por qualquer manifestação de desejo próprio?.

Tudo na vida muda e nos dias de hoje é quase impossível não perceber o quão erradas são as surras e humilhações a que crianças e adolescentes são submetidos, destruindo a auto-estima por um lado, e por outro “fabricando” novos agressores, sem contar quando os excessos desembocam em ferimentos graves, e até morte.

A cultura do bater, como forma de educar, está impregnada em diversas sociedades, não apenas na brasileira. Mas o espancamento e os diversos abusos, apesar de serem em números assustadores, dizem mais respeito a desvios de comportamento e personalidade, pontuais de quem submete os filhos.

De toda forma, sem entrar no mérito do grau de civilidade de quaisquer agressões, tanto a agressão física quanto a moral são, em princípio, atitudes covardes quando desferidas a alguém mais frágil ou hierarquicamente submetido. O que pode uma criança ou jovem, diante da autoridade de seus pais ou cuidadores?

Perder a paciência é humano, e todos temos nossos limites e nossos momentos de estresse. É também impossível dizer que todas as crianças são boazinhas, de temperamento dócil, mesmo porque faz parte do desenvolvimento saudável das crianças teimar, desafiar e fazer manha, mas na verdade não há nada que justifique surras e agressões

A Lei da Palmada só existe em função dos incontáveis excessos cometidos, já que é impossível ditar regras de educação às famílias sob pena do Estado interferir em crenças e valores pessoais. Acredito que a educação começa em casa. No entanto é dever do Estado proteger jovens e crianças de abusos, inclusive quando desferidos pelos próprios pais. Penso que seja também dever da comunidade denunciar tais abusos.

Toda criança te desafia… É fato! Mas comecemos a mudar nossa maneira de tratamento, só assim conseguiremos criar uma juventude melhor, e uma educação de qualidade, começando de dentro de casa. 

Cauby Fernandes- Estudante Universitário

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1 comentário

marcos 18 de junho de 2014 - 15:19

No país da omissão tudo se resolve por meio de uma lei. A educação de qualidade é a unica saída para as futuras gerações. Se uma lei resolvesse tudo nao existiriam tantos homicídios, tantas agressões, tantos roubos, etc. Todo excesso deve ser punido, essa lei é uma redundância juridica. Essa lei não vai educar os pais. É só mais uma forma de controle social.

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