A medicina generalista e social de doutor Magalhães

Por Ricardo Banana
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magalhaesDesde a caatinga bruta e fertilizada de poesia e seca. Sob o semiárido previsível dos sertões onde está cravada a pernambucana PARNAMIRIM, um casamento exitoso de gente nossa. Seu José Magalhães e dona Maria Angelim geraram dez filhos e depois garantiram dez diplomas. Sim, dez doutores. 04 médicos, 02 advogados, 02 engenheiros, 01 geólogo e uma médica-veterinária. Na casa, a disciplina, a orientação e exemplo, a escola como alvo principal. A instrução para vencer o mundo desde o Sertão Central.

Da  prole, veio Renato Magalhães, o sétimo da fila. Soube ouvir em casa que estudar era obrigação. Quanto ao ofício, seu arbítrio teria discernimento depois. A livre escolha. A vocação empreendida. E escolheu ser médico. Ao seu modo, seu temperamento inquieto, sua disposição orgânica e social. Formou-se médico. Da residência o gosto pela ciência generalista. Aqui a nomenclatura em clínicas médicas, lemos, CLÍNICO GERAL. Nascido em 1955, duma geografia invertida pelo recurso hídrico.

Levou consigo e manteve na Faculdade de Medicina, as imagens de uma sociedade desigual. Um povo conterrâneo, lascado de dificuldades, pobreza e as estrelas pra sonhar junto. E o garoto Renato, imprimiu essa verdade sertaneja. Impiedosa e sem água, sem saúde e de pouquíssimos amigos. Arretou-se além do jaleco e de ambulatório e horários fusos. Rede pública. Rede privada. Por onde seguir. Escolheu as duas.
Da sua pauta traçada num histórico da Medicina, desembarcou em Petrolina numa acalorada eleição em meados de 1992.
Chegou fazendo barulho clínico e geral. Meteu-se em polêmicas. Contrariou interesses. Manteve a medicina socialista. E não filiou -se a nada. Não quis mandato eletivo. Mas “zoou”. E mudou hábitos. Venceu.

A esse clínico geral, Dr. Magalhães,  deram depois, importantes cargos regionais. Do governo Jarbas Vasconcelos, foi diretor geral do INMETRO/IPEM. Do governo Eduardo Campos foi Diretor geral da Oitava GERES. Entre 2003 a 2006. Dr. Magalhães, nasciam com essa atribuição,  as ambulância do SAMU, novidade ‘generalista’ daquele governo LULA. Muita sorte. E coincidência.  Entre seu jeito ‘geral’ a campanha de alimentos para socorrer pernambucanos da forte enchente litoral em 2004.

Simultaneamente, Dr. Magalhães serviu aos postos médicos e periféricos sempre em Petrolina. Ergueu sua clínica própria, sem hora pra fechar, no São Gonçalo.

Multiplicou-se sempre. Generalista por vontade própria. E excêntrico, bem humorado. Sem apego à formalidade. E muito sertanejo de si mesmo. Sr. Renato Magalhães, incomoda até hoje, setores que preferem a zona de conforto. E reparte-se como pode para servir anonimamente. Tem estilo próprio de falar publicamente à imprensa. E controverso, segue aqui entre nós, petrolinenses, na sua medicina geral e irrestrita. Feito nato petrolinense. Comprometido com Pernambuco. Nasce forte a cada derrota que lhe ocorre. Ressurge adiante.

Renato Magalhães. Médico sem mudar seu ofício, sua liturgia de saúde e com olhos fixos nessa grande enfermidade política e social que mata seres humanos indefesos e ignaros do próprio SUS- um sistema único. Para um clínico geral.

ESCREVI, Marcelo Damasceno

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