O que se faz num lugar longínquo em que há a fartura do falta? Lugar esse do mundo onde, possível e provável, todos os paradoxos com outros apequena-o mais ainda. Saber isso e disso já bastaria para uma submissão, um medo, um friozinho na barriga, uma morte daquelas lentamente vivida. Lugar esse onde a globalização é uma metáfora da televisão, internet, shopping, mercadorias piegas de luxos etiquetais. E onde os verdadeiros valores humanos permanecem tal qual aquelas virgens inacessíveis. O que fazer , então? LUTAR! Bom saber que nesse longínquo lugar restam heróis guerrilheiros nesta árdua vocação ante o vácuo da entrega, abandono, escravidão. Mentes que vislumbram a esperança de um dia aquele bom viver virá.
O filósofo Nietzche aos ventos: Se se morre de viver. Para reviravoltar essa história, leitor, se imperativa que as lutas nunca cessem, nunca se deixem cortar as pernas das peregrinações socialistas, anti reacionaristas, igualitárias , fraternais. Não adianta, ditadores e opressores direitistas e de centro, a esperança de um povo sempre irá se fincar como um fênix. Cobrar a quem se não primeiro a si próprio? Gritar para si em silêncio? Cidade ou morte? CIDADE! A cidade vive, sim.Vai sempre viver.A perder ou não. Calma, curioso amante das letras, pé no chão. Pé na cidade. Pé em Juazeiro da Bahia. Eita, que cheguei…
Se eu perguntar: Leitor, como vai? Teria, leitor, coragem, de responder ‘’ Vou indo como índio vai ‘’ ? Frase sublime do poeta Manuquinha Almeida, estampada numa camisa amarela que me presenteou no começo dos anos 80, chegando de São Paulo. Juazeiro da Bahia somente alcançará índices humanistas e de desenvolvimento sadio ( será que os mandantes desse tempo querem realmente isso ? ) quando erradicar radicalmente as crateras cortesãs e burgueses que fizeram e fazem de cada pobre um não-médico, não-dentista, não-advogado, não-engenheiro, não-artista plástico, não-cientista, não-jornalista, não-empresário, não-escritor, não-executivo, nãos-não e a ter um não-salário, não-moradia, não-lazer, não-educação, não-saude, não-cobertor, não-livro, nãos-não,
Um amigo, Prof. Edi Santana, disse que escreveu um artigo chamando Juazeiro de ‘’ Uma pobre menina rica ‘’. Bonito, o título ? E é mesmo. Porém, de um surrealismo real e tristonho. Dava um excelente tema de redação num ENEM somente para juazeirenses. Uma cidade não sobrevive bem sem uma meta, um plano direcional, um projeto decente que encoraje o seu povo e alimente os seus sonhos pés-no-chão. Uma cidade não sobrevive bem teimando na covardia, acomodação, insatisfação, bullyng de chacotas da cidade vizinha, sendo sempre a anã na dicotomia do eu a outra. Petrolina, nada pessoal …
Tem uma coisa, sabe amável leitor, não me ache um chateado. Estou pior. Anos-luz pior. Sinto-me um revoltante revoltado. Primeiro comigo, depois com você, depois com o vizinho, depois com todos. E revoltas tornam-se ridículas se ficarem apenas no degrau revoltas. Tem que virar revolução. Che Guevara, Ghandi, Cristo, por aí. Porém, no entanto, entretanto, outrossim, como mudar uma Sodoma-Gomorra para uma Eldorado-Pásargada ? O primeiro passo, a primeira ideia, a primeira ação. Como, antípodas ópticos ? Exercendo soberanamente a cidadania política. Exigindo justiça social, gestão honesto (hum…machuquei ?), transparente e nobre, voltada aos anseios e murmúrios de toda a comunidade, não apenas abastecendo descaradamente de límpidos lagos e favos de mel os tanques insaciáveis de seus grupinhos políticos e dominantes. Afinal, Hemingway disse, ‘’ O sol nasce para todos ‘’ .
Que o povo de Juazeiro acorde acordando Juazeiro da Bahia e comece a viver cada página infeliz da sua história. Solto essa, com licença…posso?, a página agora é feliz ? Se não, vamos virá-la de cabeça para baixo. Depois, queimá-la.
Topa, leitor ?
Otoniel Gondim – Professor, escritor e compositor.
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