As veias abertas de uma cidade

Por Ricardo Banana
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imagemO que se faz num lugar longínquo em que há a fartura do falta? Lugar esse do mundo onde, possível e provável, todos os paradoxos com outros apequena-o mais ainda. Saber isso e disso já bastaria para uma submissão, um medo, um friozinho na barriga, uma morte daquelas lentamente vivida. Lugar esse onde a globalização é uma metáfora da televisão, internet, shopping, mercadorias piegas de luxos etiquetais. E onde os verdadeiros valores humanos permanecem tal qual aquelas virgens inacessíveis. O que fazer , então? LUTAR! Bom saber que nesse longínquo lugar restam heróis guerrilheiros nesta árdua vocação ante o vácuo da entrega, abandono, escravidão. Mentes que vislumbram a esperança de um dia aquele bom viver virá.

O filósofo Nietzche aos ventos: Se se morre de viver. Para reviravoltar essa história, leitor, se imperativa que as lutas nunca cessem, nunca se deixem cortar as pernas das peregrinações socialistas, anti reacionaristas, igualitárias , fraternais. Não adianta, ditadores e opressores direitistas e de centro, a esperança de um povo sempre irá se fincar como um fênix. Cobrar a quem se não primeiro a si próprio? Gritar para si em silêncio? Cidade ou morte? CIDADE! A cidade vive, sim.Vai sempre viver.A perder ou não. Calma, curioso amante das letras, pé no chão. Pé na cidade. Pé em Juazeiro da Bahia. Eita, que cheguei…

Se eu perguntar: Leitor, como vai? Teria, leitor, coragem, de responder ‘’ Vou indo como índio vai ‘’ ? Frase sublime do poeta Manuquinha Almeida, estampada numa camisa amarela que me presenteou no começo dos anos 80, chegando de São Paulo. Juazeiro da Bahia somente alcançará índices humanistas e de desenvolvimento sadio ( será que os mandantes desse tempo querem realmente isso ? ) quando erradicar radicalmente as crateras cortesãs e burgueses que fizeram e fazem de cada pobre um não-médico, não-dentista, não-advogado, não-engenheiro, não-artista plástico, não-cientista, não-jornalista, não-empresário, não-escritor, não-executivo, nãos-não e a ter um não-salário, não-moradia, não-lazer, não-educação, não-saude, não-cobertor, não-livro, nãos-não,

Um amigo, Prof. Edi Santana, disse que escreveu um artigo chamando Juazeiro de ‘’ Uma pobre menina rica ‘’. Bonito, o título ? E é mesmo. Porém, de um surrealismo real e tristonho. Dava um excelente tema de redação num ENEM somente para juazeirenses. Uma cidade não sobrevive bem sem uma meta, um plano direcional, um projeto decente que encoraje o seu povo e alimente os seus sonhos pés-no-chão. Uma cidade não sobrevive bem teimando na covardia, acomodação, insatisfação, bullyng de chacotas da cidade vizinha, sendo sempre a anã na dicotomia do eu a outra. Petrolina, nada pessoal …

Tem uma coisa, sabe amável leitor, não me ache um chateado. Estou pior. Anos-luz pior. Sinto-me um revoltante revoltado. Primeiro comigo, depois com você, depois com o vizinho, depois com todos. E revoltas tornam-se ridículas se ficarem apenas no degrau revoltas. Tem que virar revolução. Che Guevara, Ghandi, Cristo, por aí. Porém, no entanto, entretanto, outrossim, como mudar uma Sodoma-Gomorra para uma Eldorado-Pásargada ? O primeiro passo, a primeira ideia, a primeira ação. Como, antípodas ópticos ? Exercendo soberanamente a cidadania política. Exigindo justiça social, gestão honesto (hum…machuquei ?), transparente e nobre, voltada aos anseios e murmúrios de toda a comunidade, não apenas abastecendo descaradamente de límpidos lagos e favos de mel os tanques insaciáveis de seus grupinhos políticos e dominantes. Afinal, Hemingway disse, ‘’ O sol nasce para todos ‘’ .

Que o povo de Juazeiro acorde acordando Juazeiro da Bahia e comece a viver cada página infeliz da sua história. Solto essa, com licença…posso?, a página agora é feliz ? Se não, vamos virá-la de cabeça para baixo. Depois, queimá-la.

Topa, leitor ?

Otoniel Gondim – Professor, escritor e compositor.

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47 comentários

Creuza Pereira 5 de novembro de 2013 - 12:17

Como tem gás esse escritor!

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Fabrício Oliveira Bastos, UNEB 5 de novembro de 2013 - 12:16

Juazeiro é ”Menina pobre rica”. Edi Santana está certo.

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Hortência Goes 5 de novembro de 2013 - 12:13

muitos equívocos e subtrações de lemas, fez do texto um grande blefe.Continua cético, professor.

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Jane Thomaz 5 de novembro de 2013 - 12:12

O sucesso dos escritos do professor Otoniel Gondim está na forma diferenciada de escrever( ninguém no país escreve como escreve) aliada a sinceridades no que diz. Sem medo . é suave e azedo ao mesmo tempo. Tem erudição e colóquios verbais à vontdae. O maior intelectual da Bahia e um dos melhores do Brasil. Vai , já está fazendo sua própria história. Felicidades , mestre.

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Jânio freire Possídio 5 de novembro de 2013 - 10:35

Otoniel Gondim é o maior filósofo, professor de Química e Física, e escritor que temos. V^-se pelo estupendo texto surrealista. Continue assim, mestre, e com o blog do banana.

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Celso Campos 5 de novembro de 2013 - 10:33

Otoniel Gondim, o que é antípoda óptico, um bicho feio, o cão? Nossa, cara!

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Betania Amorim 5 de novembro de 2013 - 10:31

Falar é bom, quero ver estar lá, tentando consertar muitos anos de roubalheiras. Isaac faz muito e vaai fazer mais ainda.

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Antonia Betim 5 de novembro de 2013 - 9:12

Tenho vontade de esgoelar Otoniel. Mas, ele está certo. Uma pena o texto ser tão lindamente escrito. Precisei de um dicionário. Dicotomia, afe!

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Pedro Sordeiro 5 de novembro de 2013 - 9:10

Otoniel Gondim, que tal uma análise sobre Petrolina atual? Afinal morou e trabalhou aqui tanto tempo, é conhece bem. Que tal? Adorável artigo, como sempre.

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Cristiano Silva 5 de novembro de 2013 - 9:08

Quer dizer, Ricardo Banana, que o mestre agora também é do blog? Pelo artigo, será maravilhosa a notícia. Otoniel, arrasa!

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Sueli Moraes 5 de novembro de 2013 - 9:06

Lindo. desnuda a tudo e a todos.

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Wellington Luiz 5 de novembro de 2013 - 9:04

Professor ainda bem que você saiu do PSOL. Hora de vôos mais contundentes. Targino Gondim também é o meu candidato a Deputado.

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Carol , UNEB 5 de novembro de 2013 - 9:02

Professor Otoniel Gondim, o seu texto está muito bom. Apenas, o acompanho em sua peregrinação árdua na cultura e na intelectualidade, deveria citar os iomes que encavernaram uma cidade linda como a minha e a sua

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Miro Teotônio 5 de novembro de 2013 - 8:59

Valeu,bicho.Bela idéia de não entreguismo. Luta topada desde já.

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Nívea Mariazinha 5 de novembro de 2013 - 8:44

O povo se sujeita por quer, por que vota errado, por que não cobra depois. Culpa do povo.

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Alice Medeiros 5 de novembro de 2013 - 8:42

Obra-prima, de primeira grandeza. Belíssimo escritor.

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Gilmar Mendonça 5 de novembro de 2013 - 8:41

O mais comovente é que o professor continua morando aqui em Juazeirensekkkkkkkkkk

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Verônica Cardoso 5 de novembro de 2013 - 8:39

Otoniel Gondim, estarei na primeira fila quando for o seu dia do Café Literário. Gostaria muito de conhecê-lo. O admiro muito.

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Luana de Souza Matias 5 de novembro de 2013 - 8:38

Topo demais entrar nessa. Não aguento mais tantos estrupícios nessa política juazeirense. Xô, Vaqueiro!

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Roneide Lima 5 de novembro de 2013 - 8:36

Otoniel, sua candidatura sai ou não?

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Edson Sardinha 5 de novembro de 2013 - 6:42

Estava na hora de Otoniel Gondim e suas peripécias literais e intelectuais no blog! Ainda bem…

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Roseli Gomes, Itamotinga 5 de novembro de 2013 - 6:40

Um grande artigo, sem dúvidas. Quem não topa essa luta, Otoniel Gondim?

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Tulio Almeida, UNIVASF 5 de novembro de 2013 - 6:39

Caramba, Otoinel, quanto pessimismo. Pensei que gostasse de Fernando Veloso, seu amigo.

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Arlindo Lopes 5 de novembro de 2013 - 6:37

Procure sempre, já que adoro ler os blogs, não apenas notícias. Procuro ler os artigo, crômicas, poesias, nesse meio democrático de comunicação. Os artigos são uma ferramenta muito útil ao blog . trazem coisas diferentes, tratam as palavras com a natureza literária, sem apegarem apenas ao teor informativo jornalístico. Isso ajuda em muito na qualidade do blog. Esse artigo( um realmente ensaio literário) é uma obra prima, muito bem escrito, flui na mente e discorre levemente pros raciocínios. Gostaria muito, me ajude blog, a conhecer esse senhor. Um verdadeiro mestre talentoso temos ( sabíamos?) Parabéns ao blog e ao professor Otoniel Gondim!

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Jose Raimundo Silva, o Silvão da COMPESA. 5 de novembro de 2013 - 6:31

Duas cidades que amargam a vergonha de verem seus prefeitos cassados por corrupção. Quem é melhor?

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Fábio 5 de novembro de 2013 - 7:55

Vergonha? Sabes bem, pois trabalhas na COMPESA!!!!!!!

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Lucimar Neguinha 5 de novembro de 2013 - 6:30

Ricardo Banana, precisamos sempre de colaboradores desse nível, mesmo que alguns torçam o nariz diante de tanto destemor e sinceridades. Mande ver mais, professor.

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Fernanda Lins Almeida 5 de novembro de 2013 - 6:27

Topo,sim.

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Roberto Alcântara 5 de novembro de 2013 - 6:26

O Nordeste e as suas cidades tornam essa crônica limpa, certa, verídica. Fora Isaac e Lóssio!

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Carlos Sampaio Valverde 5 de novembro de 2013 - 6:24

Olhando o futuro, tenho medo de continuar e ver tantos desmazaelos com Juazeiro da Bahia.. Otoniel Gondim, topo essa luta com e por amor a princesa do São Francisco.Ainda que princesa pobre.

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Fernando Alves Salim, Advogado 4 de novembro de 2013 - 22:11

Magistral, Gondim.

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Rivaldo Nóbrega 4 de novembro de 2013 - 22:04

Apropriado demais, Otoniel Gondim. Todos devem ler isso e passar adiante. Exímio.

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Joana Brás 4 de novembro de 2013 - 22:02

Te adoro professor…lindas palavras, maravilhoso artigo!

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Dhebora Bacellar 4 de novembro de 2013 - 22:01

São duas cidades irmãs, coexistem pacificamente, tem prtaticamente o mesmo grande comércio e indústrias. mrecem que uma ajude a outra sempre, Um texto para baixo, Senti isso.

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Aline Matias Bacellar 4 de novembro de 2013 - 21:45

O bom é a lição que um artigo de tal importância nos dá. Otoniel nunca escreve em vão. É simples e erudito, leve e ácido…um mestre das palavras. Por isso é tão famosos e admirado por todos, até de quem não quer gostar dele. Otoniel, tenho orgulho de Lê-lo e de conhecê-lo. Que legal, Banana, o seu blog e , nós fãs, o tê-lo.

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Eduardo Limeira 4 de novembro de 2013 - 21:41

Todo o conteudo desse artigo demonstra a cidade que Juazeiro ficou. Petrolina deveria servir de exemplo, não de comparação. Otoniel, legal.

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AdrianaL Lopes 4 de novembro de 2013 - 21:20

Gondim, você é candidato a deputado ou é o seu irmão famoso Targino Gondim?

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Fernando Lima 4 de novembro de 2013 - 21:19

Fui a peça, muito boa e profunda, ”JOAQUIM, TEREZA E O JUMENTO”, de Otoniel. Saí maravilhado, não deve em nada a esses intelectuais do brasil. Os seus textos se superam a cada dia e criou, então, uma legião de fãs. Sou exemplo disso. Parabéns, professor.

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Nida Oliveira 4 de novembro de 2013 - 21:16

Um furacão de realidades, sem medo, espinhando ferozmente esses péssiomos gestores e políticos que fizeram e fazem dessa princesa que é Juazeiro, um caos de cidade. Topo a luta na hora, mestre Otoniel Gondim!!!

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Luiz Argemiro 4 de novembro de 2013 - 20:55

Crõnica realista, talentoso, um primor de artigo. Blog e autor de parabéns. Otoniel merece uma coluna, Banana, enriquece e muito.

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Dr. Pedro Queiroz 4 de novembro de 2013 - 20:53

Leio com muita atenção o que otoniel Gondim escreve. poe ele ser ateu e comunista tenho muito cuidado. Um texto que denigre uma cidade tão bonita não merece comentário.

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Carmem Silva 4 de novembro de 2013 - 20:50

As pessoas designadas nesse belo artigo de nãos-nãos são a maioria pobre. Os governos não dão a mínima, querem apenas enriquecerem a si próprio e aos seus amigos. Topo essa luta, Gondim…e como!

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Tadeu Lira 4 de novembro de 2013 - 19:47

Genial. Genial, de um gênio literário, como dizem de você, professor. Que beleza!

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Selma Duarte Mariano 4 de novembro de 2013 - 19:45

Escreve , Otoniel, muitíssimo bem. Sempre leio suas crônicas e cada vez mais o admiro. É de clareza ímpar, intelectual e mostra um conhecimento definitivo sobre os temas. O Vale do São São francisco o tem na mais alta conta e com razão. Belíssimo texto.

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Germano Coelho Jr. 4 de novembro de 2013 - 19:43

Professor Otoniel Gondim, se és tão contra juazeiro, e declarando am or a Petrolina, mude-se para lá, tá bom?

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Maria Suzana 4 de novembro de 2013 - 19:40

Mesmo que comece a melhorar em termos de diretrizes políticas, infelizmente, esta minha cidade democracia muito a atingir a o nível da vizinha cidade, Petrolina. Uma pena ter tido tantos prefeitos e políticos inertes e sem sentimentos a minha cidade.

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Gabriel Lima4 4 de novembro de 2013 - 19:37

O professor Otoniel Gondim de volta ao blog. E que volta. Um texto com verdades cruas, nuas, enfáticas. juazeiro tem, sim professor Gondim, que mudar radicalmente em muitas e muitas coisas. Os seus habitamtes não podem estar excluidos socialmente e, tamtas coisas. Um texto e uma lição. Nota dez.

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