Com seca prolongada, cidades do Nordeste já sofrem com colapso no abastecimento de água

Por Ricardo Banana
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A seca que assola o semiárido nordestino está afetando não só o abastecimento de água aos moradores de sítios e distritos, como já atinge as zonas urbanas. Com as chuvas escassas há mais de um ano nos nove Estados da região, muitas cidades sofrem com a falta de água.

Levantamento feito pelo UOL esta semana com as companhias de saneamento aponta que pelo menos 127 municípios em sete dos noves Estados já estão com o abastecimento comprometido. Dez dessas cidades estão colapso total e nenhum moradores recebe água.

O problema está nos níveis de água dos mananciais, que secam cada vez mais por conta da estiagem, que já dura mais de um ano. Os racionamentos de água chegam a acontecer em cidades da zona da mata e até no litoral. Esta semana, Maceió foi a primeira capital nordestina a iniciar rodízio no abastecimento, que atinge cerca de 200 mil pessoas que moram na parte alta da cidade.

“Hoje o nível de armazenamento de águas de todo o sertão do Nordeste está no patamar de 38%. A capacidade da região é 20 bilhões/m³”, afirmou o meteorologista e coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens de Satélite da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), Humberto Barbosa.

Segundo Barbosa, as chuvas devem voltar a cair em níveis normais apenas no próximo ano, o que deve trazer dificuldades na recuperação dos sistemas. “Mesmo com as chuvas beirando a normalidade em 2013, o déficit hídrico acumulado exigirá um esforço conjunto por parte de todos os setores da sociedade”, disse.

Colapsos

Em Pernambuco, a situação é grave e seis municípios (três no agreste e três no sertão) já estão colapso, segundo a Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento): Jupi, Calçado, Alagoinha, São José do Egito, Betânia e Triunfo. A empresa disse que um levantamento está sendo feito para saber quantos municípios estão enfrentando racionamento ou rodízio de abastecimento no Estado.

Segundo boletim semanal da Apac (Agência Pernambucana de Águas e Clima), divulgado nesta sexta-feira (30), 20 dos 69 reservatórios de água do Estado estão em colapso. Grandes reservatórios como o Entremontes, em Parnamirim, com capacidade para 339 mil m³, está com apenas 4,6% do total de água.

A estiagem também causa problemas no Rio Grande do Norte, onde três cidades também enfrentam colapso por conta dos reservatórios vazios: Luís Gomes, João Dias e Antônio Martins.

“As três cidades que são abastecidas pela Caern [Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte], que ainda não são atendidas por adutora, estão em colapso de abastecimento porque seus reservatórios secaram. As cidades estão sendo abastecidas por carros-pipa com um custo mensal de R$ 180 mil por mês para a empresa estadual de saneamento. Estas cidades terão seu problema resolvido com a construção da adutora do Alto Oeste, atualmente em execução”, disse a empresa.

Ainda segundo a Caern, ainda não há registro de racionamento em outros municípios do Rio Grande do Norte.

Outro Estado que enfrenta colapso é a Paraíba. Segundo a Cagepa (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba), 15 cidades enfrentam racionamento de água. A situação mais crítica está no município de Triunfo, onde o manancial que atende a localidade secou, e o abastecimento está sendo feito por meio de carros-pipa pela Defesa Civil Estadual. João Pessoa e Campina Grande –as duas maiores cidades do Estado– estão livres da possibilidade de racionamento.

Racionamento ou rodízio

Na Bahia, dos 362 municípios atendidos pela Embasa (Empresa Baiana de Saneamento), 74 estão em racionamento de água. Ainda segundo a empresa, ainda não há racionamento de água em Salvador ou cidades litorâneas. A empresa não informou se existem cidades com colapso no abastecimento.

Em Alagoas, 15 cidades estão enfrentando racionamento ou rodízio, entre elas a capital Maceió. Segundo a Casal (Companhia de Saneamento de Alagoas), o problema deve se agravar com o prolongamento da estiagem, que deixa 36 municípios em emergência no Estado.

“A gente está começando a controlar a distribuição, mas se estiagem persistir, podemos chegar a ter racionamentos mais radicais. Com o atual nível de rios, acho que dá para chegar até março. Mas estamos perfurando poços e reativando outros. Tudo isso leva a um aumento do custo operacional. Somos uma empresa pública, que sobrevive com o serviço oferecido. E o custo tem aumentado muito”, disse Álvaro Menezes, presidente da Casal.

No Ceará, a Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará) informou que sete cidades estão enfrentando racionamento de água. “Em algumas cidades, uma determinada área pode ficar até quatro dias sem água”, informou. A empresa também disse que não há problema em Fortaleza, mas confirmou que uma cidade litorânea já está afetada: Fortim.

Em Sergipe, o diretor-presidente da Deso (Companhia de Saneamento de Sergipe), Antônio Sérgio Ferrari Vargas, informou que nenhuma cidade sergipana enfrenta racionamento de água. “O que está acontecendo é rodízio em sete cidades do Estado [Frei Paulo, Itabaianinha, Pinhão, Tomar do Geru, Lagarto, Riachão do Dantas e Simão Dias]. Não há problemas na capital, nem em cidades litorâneas”, disse.

Fonte: UOL

 

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