Com tecnologia 100% nacional, parasitoide é capaz de controlar moscas-das-frutas

O parasitoide Doryctobracon areolatus recebeu especificação como produto fitossanitário junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária. A tecnologia ajuda a consolidar cada vez mais o controle biológico no contexto nacional

Por Ricardo Banana
A+A-
Reset
Uma vespa nativa capaz de parasitar as principais espécies de mosca-das-frutas de importância econômica foi registrada pela Embrapa. O parasitoide, denominado Doryctobracon areolatus, recebeu Especificação de Referência (ER 54). A conquista levou mais de 12 anos de pesquisa e abre portas para que empresas interessadas busquem o registro de uso em sistemas de produção orgânicos e convencionais, em todo o Brasil.
O parasitoide, segundo a pesquisa, pode ser liberado em praticamente qualquer região do país. O pesquisador Dori Nava informou que a comercialização pode ocorrer para controle da mosca-das-frutas em vários estados, incluindo diversas espécies de frutíferas: mangueiras, no Nordeste; laranjais, em São Paulo; e macieiras e pessegueiros, no Rio Grande do Sul, por exemplo.
Segundo o pesquisador, cerca de 90% da tecnologia está pronta, mas os estudos seguem em andamento para a qualificação das orientações de uso. As formas de liberação e a adequação aos sistemas de produção ainda necessitam ser validadas em escala comercial, segundo a Emprapa. “O que nós precisamos agora é ajustar alguns desses pontos para maximizar a liberação do parasitoide”, explicou o pesquisador.
A associação do uso do controle biológico a outros métodos de controle também ainda seguem sendo estudadas, considerando a seletividade de produtos químicos ao parasitoide, para eliminar as moscas e manter as vespas. “A ideia do uso do parasitoide é incorporá-lo dentro de um programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP)”, afirmou Dori.
A Partamon, startup de base tecnológica, parceira no desenvolvimento, busca parcerias para que o novo produto possa atender ao setor produtivo de frutas no Brasil. “Nos dias atuais, a função da Embrapa não é só fazer pesquisa. É desenvolver a tecnologia e fomentar que alguém produza para que ela possa ser disponibilizada no mercado”, disse o pesquisador.
 
Vespa pode parasitar 40% das larvas de moscas-das frutas
A vespa, classificada como inseticida biológico, apresentou uma taxa de parasitismo de 40% das larvas das moscas-das-frutas nas áreas analisadas. Os estudos realizados em pomar experimental recomendam a liberação de 10 mil parasitoides por hectare. Em áreas maiores, a expectativa é que esse número diminua pela metade nos pomares comerciais.
 
Liberação sem riscos para o meio ambiente
De acordo com Nava, não há riscos de a liberação desses parasitoides na natureza causar desequilíbrios. “Quando o parasitoide ultrapassa a curva de crescimento da praga, a população de ambos cai porque o parasitoide depende do hospedeiro para sobreviver”, afirmou.
Também não há possibilidade de danos à flora local, de acordo com a pesquisa, porque as vespas são entomófagas e não fitófagas – ou seja, se alimentam de néctar e de larvas de espécies de moscas-das-frutas e não de plantas. Além disso, o foco do parasitismo é apenas duas famílias de moscas (Tephritidae e Lonchaeidae), o que não coloca em risco outros insetos. Da mesma forma, as vespas não afetam ou competem com outros parasitoides nativos similares, que também se alimentam de moscas, porque cada um tem alvo de parasitismo diferente – atacam fases (estádios) diferentes do hospedeiro. “Não tem por que se preocupar”, tranquilizou o pesquisador.
Impacto da mosca-das-frutas
Os danos causados pela mosca-das-frutas ocorrem, principalmente, pela destruição da polpa pelas larvas, o que inviabiliza a utilização das frutas para consumo in natura ou para industrialização. Além disso, os ferimentos causados durante a postura dos ovos (oviposição) também favorecem a entrada de fungos, reforçou a Empraba.
Com informações da Embrapa Clima Temperado

Related Posts